Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Médico mineiro é o primeiro a operar com 'óculos tecnológicos' no Brasil

Renato Sousa, otorrinolaringologista mineiro, foi o primeiro médico a operar com o uso de câmeras inteligentes nos óculos (foto: Canal/Divulgação)

Neste mês de julho, o otorrinolaringologista Renato Sousa se tornou o primeiro médico a realizar um procedimento cirúrgico usando câmera inteligente no Brasil. O especialista mineiro usou o método para realizar a técnica de rinoplastia. Mas, do que se trata esse método? E o que muda na cirurgia tradicional? Segundo o próprio médico, nada muda, nem no procedimento realizado e muito menos na técnica de operação. 





A única novidade fica por conta do registro das cirurgias. Trata-se de uma câmera que filma todo o processo, documentando o momento. “Diferente das câmeras tradicionais, que ficam fixas e suspensas em algum tripé, ou mesmo na mão de alguém, essas câmeras ficam na cabeça do cirurgião e reproduzem a nossa visão ao longo da cirurgia. A grande novidade se refere à maneira com que ela é acionada, que se dá por meio de comandos verbais, que ficam escritos em uma pequena tela próxima dos olhos, e que mostram o que está sendo filmado.” 

“É possível iniciar gravação, parar gravação, tirar fotos, visualizar o que foi gravado instantaneamente ou em qualquer momento depois, ajustar zoom, e vários outros detalhes, todos por comando de voz, em português. Assim, ficamos com as mãos livres, sem a necessidade de tocar na câmera em nenhum momento”, conta o pioneiro no uso dos óculos no Brasil. Porém, apesar de não haver interferência no modo de realizar a cirurgia ou mesmo nos resultados imediatos, engana-se quem pensa que não há motivo para usar esse método. 

Segundo Renato Sousa, ele sempre documentou as cirurgias com câmeras tradicionais, e o objetivo tem relação com vários aspectos, como o aprimoramento médico do especialista e de possíveis novos procedimentos. “Ao registrar novas técnicas, podemos rever detalhes nos filmes e fotos e padronizar para que possamos melhorar nossos resultados em situações semelhantes. Isso nos permite evoluir de maneira mais rápida, como cirurgião, com a nossa própria experiência, refletindo em melhores resultados e pacientes mais felizes.” 
 
 

“Por outro lado, quando temos que reabordar algum caso operado, o banco de imagens nos ajuda a identificar possíveis causas daquele evento adverso, e assim podemos ser mais assertivos na correção e, eventualmente, até modificar determinada técnica para que reduza o risco da ocorrência. Além disso, ministro palestras e cursos nacionais e internacionais, e essa tecnologia veio para melhorar ainda mais o ensino e o material didático, melhorando a qualidade do ensino e os entendimentos das técnicas usadas na rinoplastia.” 

O otorrinolaringologista mineiro destaca, ainda, que sempre se interessou por novidades em tudo o que envolve a rinoplastia e/ou pudesse melhorar os resultados. Segundo ele, a tecnologia é boa aliada desde a consulta médica, com programas de simulação computadorizada que permite conseguir a medida exata da mudança proposta, o que torna o resultado mais previsível, passando por equipamentos cirúrgicos modernos que traumatizam menos e melhoram o resultado, até as várias formas de documentação.   

“Esse equipamento foi desenvolvido para a área industrial, mas com possibilidades de uso na medicina. Eu vi o equipamento sendo usado num vídeo publicitário de um curso de ortopedia em São Paulo e vislumbrei a oportunidade de aplicar a tecnologia no meu dia a dia, filmando as minhas cirurgias”, conta Renato Sousa, que destaca, também, que “qualquer tipo de cirurgia aberta pode ser beneficiado deste recurso”, em razão da necessidade de um campo cirúrgico visível. “Não se aplica a cirurgias endoscópicas”, comenta. 

* Estagiária sob a supervisão da subeditora Ellen Cristie. 

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