Encarar o mundo de uma maneira nova. De certa forma, é o que faz cada geração na passagem de bastão. E o comando para os anos seguintes está nas mãos dos jovens, que sempre chegam com uma explosão de conceitos de acordo com o momento histórico e, assim, impõem marcas próprias. A geração Z logo tomará a frente e a educação é a principal ferramenta e instrumento para saber como ela se comportará em todas as instâncias da vida.
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Choque de gerações: qual é a sua turma?Choque de gerações: troca intergeracional entre baby boomers e geração Z“Tais traços nos trazem indicadores sobre como conduzir propostas de ensino que atendam às necessidades dessa geração, altamente tecnológica e imediatista. Sabe aquele estilo de aula em que o professor fala por horas diante de uma assembleia atenta? Pois bem, tal abordagem não funciona para os iGeneration, que lidam com uma incrível variedade de informações e redes de interação de forma concomitante e frenética.”
Flávia Alcântara enfatiza que, ao contrário de seus pais e avós, os “zapping” (Z) não tendem a se planejar em função de um diploma ou de uma capacitação profissional que lhes traga estabilidade e segurança no futuro, seu perfil está mais ligado à busca da felicidade e satisfação imediata nas tarefas executadas.
“Esses nativos digitais não temem em arriscar, recomeçar e buscar novas possibilidades que lhes tragam, antes de tudo, realização pessoal e prazer. Adepta do pensamento lógico, autodidata e multitarefa, a geração Z é questionadora e precisa ser constantemente estimulada e desafiada, sobretudo no ambiente escolar. Professores e gestores são frequentemente indagados sobre a utilidade e aplicabilidade dos conteúdos apresentados. Por que tenho que aprender sobre geologia? Qual a finalidade de decorar essa fórmula matemática? De que maneira esse conceito será aplicado em minha vida concretamente? O professor que deseja ganhar e manter a atenção de um zapping durante as aulas também precisa se reinventar, investir em uma formação continuada e em novas ferramentas e metodologias de ensino que o ajudem a mergulhar no universo não linear e altamente interativo dessa geração.”
“Esses nativos digitais não temem em arriscar, recomeçar e buscar novas possibilidades que lhes tragam, antes de tudo, realização pessoal e prazer. Adepta do pensamento lógico, autodidata e multitarefa, a geração Z é questionadora e precisa ser constantemente estimulada e desafiada, sobretudo no ambiente escolar. Professores e gestores são frequentemente indagados sobre a utilidade e aplicabilidade dos conteúdos apresentados. Por que tenho que aprender sobre geologia? Qual a finalidade de decorar essa fórmula matemática? De que maneira esse conceito será aplicado em minha vida concretamente? O professor que deseja ganhar e manter a atenção de um zapping durante as aulas também precisa se reinventar, investir em uma formação continuada e em novas ferramentas e metodologias de ensino que o ajudem a mergulhar no universo não linear e altamente interativo dessa geração.”
A doutora em educação afirma que a ideia de uma submissão hierárquica, na qual pais e professores ditam as ordens que serão acatadas voluntária e passivamente pelos filhos e alunos, não mais condiz com a realidade desses indivíduos plurais e questionadores. “Ações autoritárias não são bem recebidas, ao contrário, tendem a criar resistência e reatividade, falta de cooperação e rebeldia.”
Para Flávia Alcântara, a geração Z vive uma busca incessante pela autorrealização, normalmente não almeja fazer uma única coisa ao longo de toda a vida ou investir em uma carreira estruturada em uma só empresa. Encabeçam novas realidades trabalhistas mais fluidas, com tempos e espaços menos rígidos, apostando em serviços home office ou investindo profissionalmente no universo virtual por meio de blogs e mídias digitais, como o YouTube, Instagram, Tik Tok etc.
“Por outro lado, vemos manifestações de uma geração com maior senso de responsabilidade ambiental e social e, nesse sentido, mais conservadora do que as gerações anteriores.”
“Por outro lado, vemos manifestações de uma geração com maior senso de responsabilidade ambiental e social e, nesse sentido, mais conservadora do que as gerações anteriores.”
A professora conta que os iGeneration já nasceram imersos no mundo digital, e embora sejam criativos e tenham acesso quase irrestrito a diversas fontes de informação, “percebemos uma fragilidade em relação a interações sociais sem mediação de ferramentais virtuais, como celulares e computadores. O excesso de telas e headphones acabou criando uma geração mais introvertida, fechada em seu universo particular. Tal característica pode ser observada em diversos ambientes, como o familiar e o escolar”, explica.
Segundo ela, em geral, os “gen Z” se sentem pouco confortáveis na realização de atividades coletivas, visto que estão pouco familiarizados com contatos “face to face”. Não é raro observar esses jovens ilhados em seus smatphones durante os intervalos escolares, ou mesmo durante momentos de lazer, nos mais diversos ambientes. Há indivíduos que chegam a desenvolver transtornos comportamentais e psíquicos, como a síndrome Fomo (Fear of Missing Out), em português, “medo de estar perdendo algo", responsável por gerar angústia, ansiedade e até mesmo depressão em pessoas privadas do acesso à internet.
AVALANCHE DE CONTEÚDO
Flávia Alcântara explica que a escola tem buscado se adaptar às novas exigências desse público marcado pela instantaneidade, ansiedade e conectividade. A flexibilidade tem sido um ponto de atenção na busca por manter o interesse dos zapping. As práticas pedagógicas e conteúdos escolares têm sido constantemente repensados pelas instituições de ensino. A utilização de vídeos do YouTube, apps educacionais e games interativos tem sido constante nas escolas. “Embora esses recursos não substituam o papel do professor, dos livros e do ambiente escolar, um ensino pautado em aulas expositivas tradicionais, não se sustenta mais.”
Para Flávia Alcântara, o grande desafio da escola tem sido pensar na formação de gerações cada vez mais versáteis, submersas em uma avalanche de conteúdos freneticamente atualizados, e que apresentam dificuldades em se concentrar por um período prolongado em uma mesma atividade. “Um contexto que tende a gerar indivíduos desatentos, ansiosos e altamente estimulados pelo acesso e interação a uma imensidade de informações, mas com grande capacidade de aprender rapidamente, vivenciando múltiplas realidades, presenciais e digitais, concomitantemente.”
QUAIS PERSONAGENS OS REPRESENTAM?
1 – Miranda Priestly, a atriz Meryl Streep no filme “O diabo veste prada” (2006): é a representação da geração baby boomers, que são indivíduos que valorizam o trabalho duro acima de tudo. Foram criados em um contexto em que o curso do mundo estava sendo reescrito e, por isso, foram instruídos a buscar melhorias econômicas e oportunidade. Na foto com a atriz Anne Hathaway.
2 – Tyler Durden, personagem de Brad Pitt no filme “O clube da luta” (1999): representa a geração X. Tyler Durden se vê perdido existencialmente e à procura de valores reais que o façam sentir alguma coisa, depois de ter percebido que a busca pelo american dream não faz sentido. A dedicação dos membros da geração X para imitar o sucesso de seus pais pavimentou o caminho para a valorização do diploma e da capacitação profissional, à medida que o mercado se tornava cada dia mais competitivo. São indivíduos que pregam ponderação, empreendedorismo, dão valor à liberdade e aos direitos individuais, e procuram romper com os ideais e paradigmas das gerações anteriores.
3 – Protagonista da série “Fleabag” (2016-2019): sem ter o nome revelado, representa a geração Y ou millennials. Fleabag, que em tradução livre seria algo como “bagaceira”, com a atriz Phoebe Waller-Bridge, mostra uma jovem individualista, imatura, dona do próprio negócio, que tem dificuldades em se comprometer e usa do humor para mascarar a dor. A inconformidade é uma característica marcante dos millennials e talvez seja o principal alvo de críticas das gerações anteriores. A “geração selfie” é frequentemente criticada por ser preguiçosa, egoísta e insatisfeita. E essas características são aceitas por boa parte das pessoas que compõem a geração. Encarada como a chegada do futuro e o domínio da tecnologia, o principal motivo de se ouvir tanto falar nos millennials é o fato de eles serem tão diferentes das últimas gerações.
4 – Rue Bennett, personagem da série “Euphoria” (2019-): assim como o resto do elenco, são boas referências do que se pode esperar da geração Z que cresceu em um mundo pós-11 de Setembro. Se os millennials romperam com os principais paradigmas da sociedade, a geração Z está sendo a responsável por povoar esse terreno distópico. Estudo da agência de publicidade e tendências Sparks & Honey diz que a geração Z é um tsunami e os chama de “primeira tribo de nativos digitais”. Fala também que 60% dos Z querem causar algum impacto no mundo (em contraponto a 39% de millennials).
GERAÇÃO Z: VOCÊ É CRINGE?
Para a geração Z, ser cringe significa “algo cafona”. A gíria rendeu memes, testes e até discussões no mundo digital. E aí, se identifica?
- Gosta da Disney?
- Usa calça modelo skinny?
- É fã de Harry Potter?
- É fã de Friends?
- Usa emojis nas redes sociais, principalmente o de risada com choro?
- Ama café e falar sobre isso?
- Calça sapatilha de bico redondo?
- Não abre mão de uma cervejinha litrão?
- Usa unha postiça?
- Se diz mãe ou pais de gatos?
- Penteia o cabelo deixando-o repartido para o lado?
- Não me cansa de reclamar dos “boletos”?
- Ouve muito rock?
- Fica on-line no Facebook?
- Curte pagodes dos anos 1990, daqueles que tocavam em programas de auditório?