Desgaste, dor aguda e muito incômodo. Com o passar dos anos, os problemas no tornozelo esquerdo do policial mineiro Geraldo Apolinário deram lugar a um sofrimento desigual e levaram à necessidade de passar por cirurgia inédita em Minas Gerais. O procedimento foi realizado nesta terça-feira (3/8), no Hospital Felicio Rocho, sendo coordenado pelos cirurgiões ortopédicos Tiago Soares Baumfeld e Daniel Soares Baumfeld.
A cirurgia de desartrodese do tornozelo é realizada em indivíduos que já foram submetidos a um tipo de fusão da articulação e que continuam ou passam a ter sintomas como dor e claudicação. A desartrodese trata-se de uma espécie de prótese de tornozelo que tem a finalidade de reestabelecer novamente o movimento da articulação. Desta forma, o procedimento realiza a fusão de uma articulação. No tornozelo, ocorre uma fusão entre o osso da tíbia ao tálus, um dos ossos do pé.
Depois de quase de quatro horas de cirurgia, os médicos implantaram uma prótese de tornozelo modelo infinity em Geraldo, que há cinco anos vinha sofrendo de dor aguda.
O paciente sofreu uma fratura do tornozelo em 2016. Por conta de uma complicação, o quadro evoluiu para uma artrose - desgaste do tecido de proteção nas extremidades dos ossos – e foi submetido inicialmente a uma artrodese do tornozelo, procedimento que visou corrigir esse desgaste.
Com o passar de alguns meses, o paciente tornou a sentir dor por conta de um novo desgaste na região acidentada. Dias antes a cirurgia, Geraldo encontrava-se com dores agudas no tornozelo e nas articulações adjacentes, tinha dificuldade para andar e para subir e descer escada, o que o impossibilitava de viver uma vida confortável.
O paciente se recupera bem e descansa no quarto. Com o sucesso da cirurgia, a previsão de alta é de 48 horas. Durante a internação, será tratado com antibióticos. Por se tratar de um procedimento ortopédico de implante, os médicos dizem que os riscos de complicações ou sequelas são remotos.
Método
“A desartrodese é um procedimento bastante inovador muito explorado nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil ocorreu somente uma vez, em São Paulo. Hoje, realizamos essa cirurgia pela primeira em Minas Gerais e é a segunda ocorrência no Brasil. Basicamente, o método é eficaz porque devolve o movimento ao tornozelo, melhora a dor, melhora a função, previne que as articulações adjacentes desenvolvam novas lesões e devolve a qualidade de vida ao paciente”, explica Tiago Baumfeld, médico do Hospital Felício Rocho, mestre em ortopedia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em medicina e cirurgia do pé e do tornozelo.
Foi a partir deste diagnóstico que surgiu a necessidade do novo procedimento. “A desartrodese ira tirar a dor do paciente e restaurar o movimento do tornozelo. Com isso, ele realizar atividades que hoje não realiza, como agachar, subir terrenos íngremes, andar em terrenos irregulares, melhorando assim a sua qualidade de vida”, completa o médico.
Sem a operação, o especialista esclarece que o paciente continuaria a sentir dor e a viver uma vida limitada. “Não existe outra opção no caso desse paciente. Ele até poderia seguir um tratamento paliativo, com medicação e fisioterapia, mas sem possibilidade curativa e com o risco de novo agravamento”, conta.