Durante o último ano, especialmente, a saúde tem recebido novos olhares. Se a COVID-19 alertou a população para o pacto coletivo do cuidado, também despertou para a importância do acompanhamento individual. Desde o início da pandemia, a diminuição da frequência com que as pessoas com diferentes doenças estão procurando os médicos chama a atenção para um cenário importante a ser considerado.
Entre os pacientes que precisam fazer exames periódicos para o enfrentamento de tantos outros problemas (afinal, o coronavírus não é o único mal que existe e não exclui as outras enfermidades), muitos adiaram a rotina de tratamento com medo da infecção pelo vírus. Checapes vêm sendo cancelados, e isso é um grande perigo.
Entre os pacientes que precisam fazer exames periódicos para o enfrentamento de tantos outros problemas (afinal, o coronavírus não é o único mal que existe e não exclui as outras enfermidades), muitos adiaram a rotina de tratamento com medo da infecção pelo vírus. Checapes vêm sendo cancelados, e isso é um grande perigo.
Com a pandemia logo no início, chegaram às instituições médicas pessoas com quadros mais graves de doenças já conhecidas, como infartos graves; casos de apendicite alarmantes; casos de infecções urinárias em condições mais agravadas, AVC, complicações do diabetes.
Quando se considera a saúde cardiovascular, a mensagem também é urgente. Durante a pandemia, as mortes por doenças cardiovasculares cresceram até 132% no Brasil. É o que aponta pesquisa desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), acompanhada de universidades federais, entre elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quando se considera a saúde cardiovascular, a mensagem também é urgente. Durante a pandemia, as mortes por doenças cardiovasculares cresceram até 132% no Brasil. É o que aponta pesquisa desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), acompanhada de universidades federais, entre elas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O médico de referência é sempre fundamental, para definir prioridades para o controle de doenças já existentes e a prevenção de agravos de saúde que possam ocorrer
Erickson Gontijo, clínico geral
O estudo comparou o intervalo entre março e maio de 2019 e o mesmo período em 2020. As seis capitais do Brasil mais afetadas pela COVID-19, essencialmente no início da proliferação do coronavírus, tiveram aumento no número de mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
As doenças do sistema cardiovascular já estavam entre as principais causas de mortes em todo o mundo. Em 2019, a hipertensão foi a enfermidade que causou o maior número de óbitos, com cerca de 10,8 milhões de vítimas.
As doenças do sistema cardiovascular já estavam entre as principais causas de mortes em todo o mundo. Em 2019, a hipertensão foi a enfermidade que causou o maior número de óbitos, com cerca de 10,8 milhões de vítimas.
"A prevenção é a melhor forma de tratamento. Muitos brasileiros são hipertensos e não sabem. Se não vamos ao médico para fazer esse acompanhamento, infelizmente, a primeira manifestação da doença pode ser um infarto fulminante ou um AVC hemorrágico. Por isso, é tão importante que toda a população, especialmente a terceira idade e os pacientes crônicos, realizem esse acompanhamento", defende.
Aos pacientes que já receberam o diagnóstico, o controle ajuda a evitar o desenvolvimento de fatores de risco. "A insuficiência cardíaca grave apresenta potencial alto de redução da expectativa de vida. Tanto nesses casos quanto em casos de insuficiência cardíaca leve, o monitoramento é indispensável. Pacientes hipertensos, por exemplo, podem controlar e conviver bem com esse quadro durante a vida inteira."
Ainda de acordo com Adriana, a frequência do período de acompanhamento depende do histórico de cada paciente. "Existem várias diretrizes para cada tipo de doença. O protocolo, por exemplo, para os pacientes que tiveram infarto é que o acompanhamento seja mais próximo e regular. O que temos visto é que o atendimento precisa ser cada vez mais individualizado, monitorando, inclusive o histórico familiar", explica.
Pra Entender sobre isso
VÍNCULOS
O clínico geral Erickson Gontijo reforça a importância de existir um vínculo em saúde, para um acompanhamento individualizado e humanizado - seja via convênios ou postos de saúde -, ter "um médico para chamar de seu", em suas palavras. "O médico de referência é sempre fundamental, para definir prioridades para o controle de doenças já existentes e a prevenção de agravos de saúde que possam ocorrer", diz.
E não há receita de bolo - qualquer decisão, continua o médico, varia conforme cada caso, cada paciente, e deve ser tomada em conjunto. "Ter uma lista de exames e orientações pré-prontos não funciona", pontua.
E não há receita de bolo - qualquer decisão, continua o médico, varia conforme cada caso, cada paciente, e deve ser tomada em conjunto. "Ter uma lista de exames e orientações pré-prontos não funciona", pontua.
Entre as doenças crônicas que precisam ser acompanhadas de perto, estão hipertensão, diabetes, doenças oncológicas e tireoide, obesidade, reumatismo. E Erickson realmente observa a debandada dos pacientes dos consultórios por causa da pandemia.
"Não é indicado postergar e abandonar os controles médicos. Mesmo porque, os serviços de saúde já se organizaram novamente para receber esses pacientes em controle, estão prontos para essa retomada", afirma. A ida ao médico, segundo Erickson, deve acontecer pelo menos uma vez ao ano, e isso é uma orientação para a população em geral. Variações nesse sentido vão conforme a necessidade de saúde para cada um.
"Não é indicado postergar e abandonar os controles médicos. Mesmo porque, os serviços de saúde já se organizaram novamente para receber esses pacientes em controle, estão prontos para essa retomada", afirma. A ida ao médico, segundo Erickson, deve acontecer pelo menos uma vez ao ano, e isso é uma orientação para a população em geral. Variações nesse sentido vão conforme a necessidade de saúde para cada um.
EXERCÍCIO CONSTANTE
Coordenador de saúde do Hermes Pardini, o médico Carlos Rodrigues de Alencar lembra que, nos primeiros meses da pandemia, os serviços de saúde cancelaram todos os procedimentos eletivos, como cirurgias adiáveis e exames de prevenção, com o intuito de manter os leitos hospitalares disponíveis para atender à pandemia.
"O cuidado com a saúde deve ser um exercício constante, e não um evento isolado. Isso é verdade para todas as pessoas, mas especialmente para aquelas com fatores de risco ou doenças crônicas", ensina. E, entre as pessoas saudáveis, seguir a rotina de acompanhamento significa descobrir qualquer doença que apareça, antes que ocorram danos maiores ao organismo.
"O cuidado com a saúde deve ser um exercício constante, e não um evento isolado. Isso é verdade para todas as pessoas, mas especialmente para aquelas com fatores de risco ou doenças crônicas", ensina. E, entre as pessoas saudáveis, seguir a rotina de acompanhamento significa descobrir qualquer doença que apareça, antes que ocorram danos maiores ao organismo.
Carlos Rodrigues alerta sobre a procura baixa por consultas e exames como mamografia, dosagem de colesterol, glicemia, entre outros, o que revela uma parcela da população que adiou os acompanhamentos necessários. "A boa notícia é que, nos últimos três meses, a situação vem dando sinais de volta ao normal. As pessoas estão retornando para os checapes."