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Estado de Minas OBESIDADE INFANTIL

No Brasil, uma a cada três crianças tem excesso de peso ou obesidade

No mundo, 158 milhões de crianças com até 5 anos estão acima do peso; instituições internacionais começam a propor formas de frear o aumento da doença


02/09/2021 18:18 - atualizado 02/09/2021 18:55

No mundo, 158 milhões de crianças apresentam quadro de sobrepeso ou obesidade
No mundo, 158 milhões de crianças apresentam quadro de sobrepeso ou obesidade (foto: IBO/Reprodução )
A obesidade infantil registra, ao longo dos últimos anos, um  crescimento expressivo ao redor do mundo . Atualmente, segundo a World Obesity Federation, associação internacional para estudo da obesidade, 158 milhões de crianças com menos de 5 anos estão acima do peso ou já estão obesas. 

Sem qualquer diminuição nos indicadores, instituições e pesquisadores começaram a propor iniciativas focadas na obesidade infantil, como forma de evitar a aceleração da doença a longo prazo.

Em julho, o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com instituições de saúde vinculadas à ONU e à Organização Mundial da Saúde (OMS), assinou um documento alertando para o aumento dos índices de insegurança alimentar e desnutrição apresentados em todo o mundo. 

O cenário se tornou ainda mais problemático com a pandemia da COVID-19. É o que afirma Doralice Ramos, especialista em obesidade do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO). 

“É um desafio gigantesco que estamos enfrentando. Fica claro o quanto a pandemia ainda é cruel com crianças, impossibilitando que elas pratiquem atividade física e construam hábitos saudáveis em um período tão importante da vida”, pontua. 

Frente ao problema potencializado pela pandemia, outras iniciativas surgiram. Em junho, o World Food Program (WFP) lançou um documento com estratégias para a prevenção da obesidade infantil no Brasil.

A Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN), do Ministério da Saúde, também assina o documento que elenca diversas ações sugeridas na prevenção e tratamento da condição, sobretudo em escala local e municipal. 
 

"Fica claro o quanto a pandemia ainda é cruel com crianças, impossibilitando que elas pratiquem atividade física e construam hábitos saudáveis em um período tão importante da vida"

Doralice Ramos, especialista em obesidade

 

Iniciativas em foco: o combate à obesidade infantil 


Ambos os documentos, tanto do Unicef quanto da WFP, têm como objetivo o trabalho em torno da conscientização contra a obesidade em crianças. Além da produção e divulgação de novos estudos, as instituições nacionais e internacionais envolvidas estão investindo em uma comunicação mais explicativa e didática em relação aos perigos da doença. 

“A ideia é levar as pessoas a refletirem sobre o impacto da obesidade nas crianças, em suas atividades cotidianas e seus reflexos na saúde quando adultos, tanto em relação ao peso quanto ao estigma que tenham sofrido”, explica Guilherme Nafalski, coordenador do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO). 

Guilherme defende que a comunicação alerta para os perigos da doença de uma forma similar ao que campanhas antitabagistas já fizeram um dia: “É uma força-tarefa mesmo”. 

No entanto, apesar do esforço proveniente de diferentes organizações, a desarticulação dos atores que trabalham diretamente com a obesidade ainda é um empecilho para adoção de medidas efetivas e integradas. 

“Atualmente, existe uma grande preocupação em relação à publicidade infantil e ao marketing de alimentos voltado para faixas etárias mais jovens. Sem propostas unificadas será complicado combater a doença em suas diversas frentes”, completa o coordenador. 

Onde estão os números brasileiros? 


Médicos, especialistas e pesquisadores brasileiros questionam a escassez de dados confiáveis sobre a obesidade infantil no país. Profissionais da área da saúde aguardam a publicação de outros documentos e dados para entender melhor o panorama da doença, sobretudo após o primeiro ano de pandemia. 

Em 2020, a principal pesquisa populacional anual que avalia o estado nutricional da população sobre obesidade, a Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), não foi realizada. 

“Sem pesquisas como a Vigitel, fica difícil entender por onde seguir e quais medidas devem ser prioritárias. A suspensão desse estudo é difícil de se entender, uma vez que se trata de uma pesquisa totalmente realizada por telefone”, lamenta Guilherme.
 
Em agosto deste ano foi lançada, pelo Ministério da Saúde, a Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil
Em agosto deste ano foi lançada, pelo Ministério da Saúde, a Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (foto: Agência Brasil/Reprodução )
Além da Vigitel, outras pesquisas estão paralisadas ou suspensas. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) ainda não publicou seus relatórios. O mesmo acontece com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), que tinha como meta publicar seus resultados no último ano, mas ainda não divulgou nenhum dado. 

Para o coordenador do PBO, sem articulação intersetorial e esforço em conjunto não há ação efetiva contra a obesidade. “Nesse momento vemos não apenas uma falta de consonância, mas também uma falta de informação que dificulta imensamente qualquer tipo de iniciativa eficiente. Se não existem dados, fica difícil escolher uma estratégia a ser tomada”, conclui. 

A expectativa, no momento, gira em torno da eficácia da Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (Proteja), lançada no mês passado, pelo Ministério da Saúde. 

A iniciativa do governo federal disponibilizará R$ 90 milhões em recursos a municípios para o desenvolvimento de ações de combate ao problema e promoção de hábitos saudáveis.  


*Estagiária sob supervisão


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