Jornal Estado de Minas

COVID-19

Pela primeira vez em Minas, SUS realiza terapia respiratória ECMO

 

Pela primeira vez em Minas Gerais, o SUS realizou a terapia intensiva conhecida como "pulmão artificial". A ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea, na sigla em inglês), que ficou conhecida no país após o uso pelo ator Paulo Gustavo, foi aplicada com sucesso em uma jovem de 14 anos, que estava internada com um quadro respiratório grave na Santa Casa de BH. 





 

Eloisy Cristina dos Santos, de 14 anos, passou nove dias sob o tratamento inovador, e teve alta nesta quarta-feira (8/9). Ela contou com uma rede de solidariedade de médicos e enfermeiros da rede privada. Segundo Josiany Francisca da Silva, irmã da paciente, o caso da estudante era extremamente grave, e a irmã teria poucas horas de vida: “Graças às doações de equipamentos e equipe médica, foi possível realizar um procedimento que, infelizmente, não pode ser feito no SUS.” 

 

A ECMO pode servir como suporte cardíaco, respiratório ou cardiorrespiratório. (foto: Divulgação ECMO Minas)
 

 

Diretora da ECMO Minas, empresa que possibilitou o procedimento, a cardiologista pediátrica Marina Fantini confirma que o equipamento foi fundamental para o sucesso do tratamento. “Sem a ECMO, era questão de horas até que ela morresse. O quadro era muito grave, e o ECMO passou a ser a única alternativa”, confirmou. 

 

 

 

Ela explica que a ECMO é recomendada quando o pulmão está comprometido por alguma doença e não é capaz de fazer as trocas gasosas. A terapia de substituição temporária atua enquanto se enfrenta a doença de base. "Enquanto o paciente está com uma doença pulmonar e incapaz de realizar as trocas gasosas, utiliza-se esse dispositivo até que o pulmão retorne às atividades vitais.”

 

Tratamento não está disponível no SUS 

A ECMO não é barata. O procedimento fica entre R$ 270 mil e R$ 280 mil reais por semana. A portaria nº 1.327/2021, publicada no último dia 23 de junho, pelo Ministério da Saúde, definiu que a terapia, que vem sendo usada para salvar pacientes graves acometidos pela COVID-19, não terá cobertura do SUS. Para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), que avaliou a proposta, a terapia tem custos muito altos e o sistema de saúde público brasileiro ainda não dispõe de unidades suficientes e com infraestrutura para a instalação da ECMO.





Para viabilizar o tratamento de Eloisy, houve o envolvimento de profissionais, empresas e instituições de saúde para salvar a vida da estudante. O procedimento contou com a ajuda de uma empresa que realizou a doação do equipamento, descartáveis e também medicamentos. A ECMO Minas e a sua equipe multidisciplinar de médicos, cirurgiões e enfermeiros intensivistas doaram as horas de trabalho dos plantões. 
 
Especializada na terapia de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), a empresa foi fundada em Belo Horizonte por três mulheres: a cardiologista pediátrica e intensivista Dra. Marina Pinheiro Rocha Fantini, a médica intensivista Dra. Ana Luiza Valle Martins e a enfermeira intensivista Izabela Cristina Fernandes Rodrigues. (foto: Divulgação ECMO Minas)
 

 Para a doutora Marina Fantini, a inclusão do tratamento no SUS seria fundamental. “É possível organizar um time, buscar apoio da indústria e mobilizar doações. Porém, uma organização sociopolítica e ética a respeito do tratamento ser disponibilizado pelo SUS precisa ser feita”, completou. 

 

 

 

 *Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria

 

 

 

audima