“Shareting” - share de compartilhar e parenting de paternidade - é um termo em inglês que parte do conceito de pais que expõem toda a vida de seus filhos na internet. Esse hábito crescente poder ter consequências indesejadas e impactos negativos de longo prazo da vida dessas crianças e bebês.
"A criança e o adolescente não devem ter vida pública nas redes sociais. Não sabemos quem está do outro lado da tela. O conteúdo compartilhado publicamente por falta de critérios de segurança e privacidade pode ser distorcido e adulterado por predadores em crimes de violência e abusos nas redes internacionais de pedofilia ou pornografia, por exemplo", explica a coordenadora do Grupo de Saúde Digital da SBP, Evelyn Eisenstein.
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Uma exposição exagerada da vida dos pequenos representa uma ameaça à intimidade, à vida privada e ao direito de imagem. Os interesses envolvendo os dados das crianças são os mais variados e podem ser utilizados para diferentes finalidades, desde o roubo de identidade, cyberbullying, uso indevido de imagens e vídeos por pedófilos, fins comerciais e outras ameaças à segurança.
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Um caso emblemático que marcou este fenômeno, que vem acontecendo desde os anos 1920, com o surgimento das estrelas mirins de Hollywood, é o do ator Jackie Coogan, que interpretou o garoto no filme The Kid (1921), dirigido por Charlie Chaplin.
Além de astro de cinema, o menino se tornou uma estrela da publicidade após ser explorado por pelo menos uma década pelos pais. Ao atingir a maturidade, abriu um processo judicial contra os familiares em decorrência de toda a exploração da sua imagem, na época amplamente comercializada.
A exposição indevida de informações de menores engloba múltiplos aspectos, como o interesse econômico e o narcisismo patológico. "Existe o ganho financeiro, que é evidente, o de ganhar dinheiro em cima da exploração dos filhos. Mas existe também uma questão de patologia do narcisismo. Isso significa que os pais realizam seus sonhos frustrados de sucesso, de projeção e de fama por meio dos filhos", ressalta o coordenador do Grupo de Saúde Mental, Roberto Santoro.
Pais que desejam compartilhar fotos e vídeos de seus filhos online podem tomar medidas protetivas para garantir que o conteúdo não seja usado para fins maliciosos. Por exemplo, é possível limitar o público de postagens para que apenas aqueles em quem você confia que possam ver o conteúdo. Lembre-se de nunca compartilhar dados de localização – como endereço e escola que frequenta – nome completo do menor, data de nascimento e fotos dos filhos sem estarem totalmente vestidos.
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Ellen Cristie.