A pandemia daCOVID-19 aumentou a incidência de transtornos depressivos e distúrbios de ansiedade a nível mundial, sendo que mulheres e jovens são os mais afetados. A conclusão, feita por pesquisadores da Austrália, foi divulgada na revista The Lancet e tem como base dados de 204 países. Os cientistas observaram que os territórios com altas taxas de infecção pelo Sars-CoV-2 e grandes reduções no movimento de pessoas — uma consequência de medidas de isolamento social — são os que mais registram esse aumento das complicações. O Brasil faz parte desse grupo e, segundo os autores, está na lista das nações mais atingidas pelo fenômeno.
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Em relação à ansiedade, o estudo mostrou 298 milhões de casos de transtornos de ansiedade (3.825 por 100 mil habitantes) globalmente. Com a chegada da pandemia, esse número subiu para 374 milhões de casos (4.802 por 100 mil habitantes), um aumento de 26%. Dos 76 milhões casos adicionais, quase 52 milhões foram de mulheres.
O estudo mostrou, ainda, que os mais jovens foram os mais afetados pelos dois tipos de distúrbio. “A prevalência adicional desses transtornos atingiu o pico entre aqueles com idade entre 20 e 24 anos (1.118 casos adicionais de transtorno depressivo por 100 mil habitantes e 1.331 casos adicionais de transtornos de ansiedade por 100 mil habitantes)”, relatam os autores. A equipe também conseguiu especificar os países em que o fenômeno foi mais crítico: Estados Unidos, Brasil e Reino Unido.
Com base nos dados, os autores pedem uma ação urgente dos governantes para fortalecer os suportes psicológico e psiquiátrico nos próximos anos. “Mesmo antes do período pandêmico, os sistemas de saúde mental, na maioria dos países, apresentavam poucos recursos e eram desorganizados em sua prestação de serviços. Atender à procura adicional, requerida devido à covid-19, será um desafio. É preciso dar atenção a essa necessidade”, enfatiza, em comunicado, Damian Santomauro, pesquisador do Centro de Queensland de Pesquisa em Saúde Mental, na Austrália, e um dos autores do estudo.