Diagnosticada com doença na córnea aos 7 anos, Sílvia Maria Bara de Oliveira, de 52, não escondeu a emoção quando o médico retirou o curativo do seu olho direito: “Meu Deus, doutor! Eu estou vendo!”.
A dona de casa foi a primeira paciente submetida à cirurgia de transplante de córnea no Vale do Aço, realizada no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, no último dia 15.
“A cirurgia consiste na substituição de um disco corneano doente por outro sadio de um doador. Ela foi um sucesso. A paciente já está enxergando normalmente e precisa agora manter o acompanhamento médico”, comentou Silas Machado Franco Júnior, oftalmologista responsável pela cirurgia.
Silas explicou que o transplante de córnea é um dos últimos recursos e mais eficientes para tratar o ceratocone em estágio avançado, como no caso da paciente Sílvia.
“A córnea é a nossa primeira e mais externa lente natural, sendo responsável por 2/3 da tarefa de focalizar a imagem. O ceratocone é uma doença que afeta a córnea tornando-a mais pontiaguda e mais fina que o normal. A estrutura fica curvada para fora do olho, semelhante a um cone. Os tratamentos dependem da fase da doença. A Sílvia tinha um histórico longo de perda de visão, com menos de 10% da visão no olho direito. O transplante é o principal procedimento nestes casos", disse.
Para Silvia, o transplante de córnea foi um renascimento. “Eu nasci de novo, não consigo nem descrever direito a minha felicidade. Depois da cirurgia, eu queria ver tudo ao meu redor. Mas confesso, o que me deixou ainda mais feliz foi ver a alegria da minha família com o meu bem-estar”, disse.
Sílvia convive com o ceratocone desde criança e a doença foi progredindo com o tempo. “Aos 7 anos, fui diagnosticada. Minha mãe me levou a um médico no Rio e ele nos disse que eu ficaria cega. Cresci com muito temor disso”, disse.
Ela lembra que sofreu bullying quando criança e preconceito na fase adulta. “As pessoas não sabem a dificuldade que um deficiente visual tem para fazer as coisas. Consegui trabalho de doméstica, serviços gerais e babá, mas acabei sem emprego e com receio de sair de casa”.
Para corrigir o ceratocone, Sílvia começou usando óculos, daqueles de fundo de garrafa, dito popularmente. Aos 13 anos, ela passou a usar lentes de contato, mas com o tempo a lente começou a cair do olho e a visão foi piorando.
Ela lembra que sofreu bullying quando criança e preconceito na fase adulta. “As pessoas não sabem a dificuldade que um deficiente visual tem para fazer as coisas. Consegui trabalho de doméstica, serviços gerais e babá, mas acabei sem emprego e com receio de sair de casa”.
Para corrigir o ceratocone, Sílvia começou usando óculos, daqueles de fundo de garrafa, dito popularmente. Aos 13 anos, ela passou a usar lentes de contato, mas com o tempo a lente começou a cair do olho e a visão foi piorando.
“Eu me casei aos 18 anos e já estava com a visão bastante comprometida. O meu maior medo era não poder ver minhas filhas crescerem”, afirmou a paciente, que está enxergando normalmente.
A doença no Brasil
No Brasil, mais de 150 mil pessoas são diagnosticadas com ceratocone anualmente. A doença, de acordo com o dr. Silas, afeta mais adolescentes e indivíduos no início da fase adulta.“Quanto mais cedo o ceratocone se apresenta, mais agressivo ele é. Por isso, a importância de observamos as dificuldades visuais de nossos filhos e levá-los a consultas oftalmológicas regulares com acompanhamento anual. Em casos de suspeita da córnea com ceratocone, as visitas ao especialista devem ser semestrais para a realização de exames complementares”, orienta.