Que bom seria se as pessoas não julgassem umas às outras. Infelizmente, a realidade é outra. Aparência física, roupas, atitude e tom da voz formam a primeira impressão, antes mesmo de começar uma conversa, e está amalgamada ao padrão mais forte e determinante de uma sociedade, de um tempo.
O julgamento ocorre até de forma inconsciente. A aparência é vista como cartão de visitas e, no século 21, o gordo ainda é vítima de preconceito por causa do peso e da forma física.
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Gordofobia: alerta sobre obesidade é mais que necessárioPandemia intensifica transtornos alimentaresA importância de criar hábitos saudáveisLivro faz um inventário sobre a pandemia no paísO julgamento, que é pessoal, subjetivo e que varia para cada pessoa de acordo com a cultura, países e momentos históricos, sobrevive na atual sociedade e o gordo na maioria das vezes é sacrificado e criticado.
Cada um, preservando a saúde e não sendo caso de doença, tem o direito de ter o corpo que se identifica e sente-se bem. Por que a gordofobia ainda é uma questão? Ela faz muitos sofrerem diante de mais um preconceito criado pela sociedade. A discriminação é geral e sobrecarrega todos os gordos, mais ainda a vida de quem lida com a obesidade, que é uma doença.
O obeso é portador de uma doença que envolve alterações genéticas, fisiológicas e metabólicas que podem levá-lo a ficar fora do peso, mesmo tendo hábitos alimentares não tão alterados, ou seja, sem ser um glutão.
“O chamado 'gordo', que não consegue controlar seu hábito alimentar, pode apresentar também distúrbios psicossociais que devem ser investigados e tratados”, alerta Cid Pitombo, médico-cirurgião, especialista em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, que há pouco tempo criou uma campanha contra a gordofobia com a hahstag #gordofobianãoépiada.
“O chamado 'gordo', que não consegue controlar seu hábito alimentar, pode apresentar também distúrbios psicossociais que devem ser investigados e tratados”, alerta Cid Pitombo, médico-cirurgião, especialista em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, que há pouco tempo criou uma campanha contra a gordofobia com a hahstag #gordofobianãoépiada.
“A proposta é tentar levantar uma voz de entendimento. Para que as pessoas tenham a percepção de como todos somos importantes em ajudar o obeso e não degradar mais ainda a condição de doença que ele tem. Ao encararmos o obeso sem preconceito, todos ajudaremos em muito o combate dessa terrível doença. Soubemos de relatos preconceituosos na campanha de vacinação da COVID-19 e resolvi fazer mais essa mobilização”, explica o médico. As menções ao termo gordofobia nas redes sociais cresceram 400% desde o início de maio, quando começou a vacinação.
DIFICULDADES
As consequências da gordofobia são sérias e graves. Cid Pitombo alerta que o obeso, principalmente o portador de obesidade mórbida, já enfrenta no dia a dia diversas dificuldades para conviver com o próprio corpo. Hábitos simples e diários de quem não é obeso se tornam de extrema dificuldade, como fazer a higiene pessoal, colocar um sapato, escolher uma roupa, pegar o transporte público.
E se somarmos a isso o preconceito, o olhar diferente para essas pessoas, será aprofundada ainda mais a dificuldade do obeso de enfrentar a doença. “O dano psicológico associado é silencioso, mas não é incomum que obesos, percebendo a rejeição dos olhares e comportamentos de reprovação, desistam de se tratar. E até cometam suicídio.”
Por isso, é fundamental enfrentar, coibir e se educar para banir esse preconceito da sociedade. Para tanto, Cid Pitombo afirma que a maneira de começar é entendendo que ele não está obeso porque quer, porque é preguiçoso, desleixado. Ele está obeso porque tem uma doença, que facilita a absorção de calorias e dificulta a queima, acumulando em gordura. “Hoje, não temos preconceito com o deficiente visual, o auditivo, não são mais objetos de piadas e preconceitos porque compreendemos que é uma condição que não depende dele, e que não o muda como pessoa, como ser humano.”
Cid Pitombo lembra que, com o advento das redes sociais, acrescentou-se um problema a mais para a vida do gordo, ainda que seja via de mão dupla e também seja uma ferramenta para combater a gordofobia. “O culto ao superficial está degradando a sociedade.
A ideia de riqueza, corpo perfeito, mudanças físicas com cirurgias e procedimentos cobrou uma conta impagável para o portador da doença obesidade: a do corpo perfeito para ser aceito na sociedade. Como que alguém com falhas metabólicas, genéticas e sociais pode se engajar na ideia da perfeição? Deveríamos explicar mais, falar mais de que não somos iguais, portanto, não podemos sempre achar que seremos o que vemos.”
A ideia de riqueza, corpo perfeito, mudanças físicas com cirurgias e procedimentos cobrou uma conta impagável para o portador da doença obesidade: a do corpo perfeito para ser aceito na sociedade. Como que alguém com falhas metabólicas, genéticas e sociais pode se engajar na ideia da perfeição? Deveríamos explicar mais, falar mais de que não somos iguais, portanto, não podemos sempre achar que seremos o que vemos.”
DOENÇAS GRAVES
Cid Pitombo alerta que quem acha que é portador de obesidade, independentemente de estar de bem com a vida e com o corpo, deve sempre buscar o monitoramento da saúde por médicos especializados. A obesidade, estatisticamente, aumenta a incidência de dezenas de doenças graves que, muitas das vezes, são silenciosas e aparecem com a idade mais avançada.
Muitos obesos chegam a um ponto que precisam ou decidem por uma intervenção cirúrgica. Especialista em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, o médico explica que, primeiramente, só devem ser operados portadores de obesidade mórbida. Para fazer esse diagnóstico, inicial o indivíduo deve pegar seu peso e dividir pela sua altura ao quadrado, para calcular o chamado índice de massa corporal (IMC).
Caso esteja acima de 35 e tenha doenças associadas, pode ser que seja um candidato. A decisão final só é dada depois de uma ampla avaliação médica, exames, avaliação nutricional e psicológica. Procurar um bom profissional é o mais importante, destaca Cid Pitombo.
Caso esteja acima de 35 e tenha doenças associadas, pode ser que seja um candidato. A decisão final só é dada depois de uma ampla avaliação médica, exames, avaliação nutricional e psicológica. Procurar um bom profissional é o mais importante, destaca Cid Pitombo.
A saúde é o bem mais precioso para o ser humano, ainda que muitos não cuidem bem dela. É preciso estar em alerta sempre, já que muitas vezes uma pessoa magra e dentro do “padrão” da atual sociedade não é tão saudável nem está com o quadro clínico em dia quanto um gordo.
“Estatisticamente, estar magro, ou seja, dentro da faixa de peso dita normal, diminui a chance de ter doenças, mas isso pode ser uma falsa realidade. Pessoas magras também devem ser avaliadas de acordo com sua faixa etária, dentro dos padrões de exames normais.”
“Estatisticamente, estar magro, ou seja, dentro da faixa de peso dita normal, diminui a chance de ter doenças, mas isso pode ser uma falsa realidade. Pessoas magras também devem ser avaliadas de acordo com sua faixa etária, dentro dos padrões de exames normais.”