Sem neura, mas com atenção, é necessário estar atento ao seu peso. Cid Pitombo, médico-cirurgião, especialista em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, conta que as classificações de peso normal se referem a quando a pessoa está com o IMC entre 19 e 25.
“Na verdade, isso é uma ideia estatística, ou seja, verificou-se que pessoas nessa faixa de peso, teoricamente, têm menor chance de doenças e têm uma harmonia melhor para que o corpo se movimente, trabalhe e tenha sua funcionalidade fisiológica mais equilibrada.”
Sim, a aceitação do corpo, cabelo, cor... deve ser individual, temos que estar bem. Mas o especialista explica que é fundamental que entendamos também que estar fora do peso aumenta estatisticamente a chance de termos vários tipos de doenças.
“Acho válida a decisão pessoal, mas como médico e conhecedor da doença, tenho a obrigação de alertar quem está fora do peso. Lutar contra o preconceito será sempre minha bandeira, mas sou um técnico e não posso estimular a obesidade”, avisa Cid Pitombo, que já tratou mais de 4 mil obesos no Brasil e no mundo. O médico destaca ainda que cerca de 60% da população brasileira já está acima do peso e 20% é considerada obesa.
ACIMA DO PESO
Pesquisa Nacional de Saúde divulgada em outubro de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais (96 milhões de pessoas) estavam acima do peso em 2019. Desse grupo, 41,2 milhões (25,9% da população) estavam obesos. Ou seja, uma a cada quatro pessoas. A pesquisa também identificou que 19,4% dos adolescentes entre 15 e 17 anos no Brasil estão acima do peso, sendo que 6,7% estão obesos.
Entre 2003 e 2019, os resultados de duas pesquisas do IBGE mostraram que a proporção de obesos na população com 20 anos ou mais de idade do país saltou de 12,2% para 26,8%. Já a proporção de pessoas com excesso de peso subiu de 43,3% para 61,7%. Ou seja, saúde em primeiro lugar sempre. Associada a ela, certamente, virá uma imagem construída com autoconfiança em todos os ambientes, fugindo das comparações e dos estereótipos.
Se precisar de mais incentivo para aceitação do peso e controle da obesidade, conheça também a campanha da plataforma #Saúde não se pesa . No site, você vai encontrar todas as informações sobre obesidade (e se está acima do peso) e como se cuidar, quebrar estigmas, cuidar da saúde, receitas com foco na alimentação saudável e até uma cartilha para se proteger da COVID-19, como grupo de risco, além de depoimentos inspiradores.
Fique atento
Conheça as 15 principais doenças que acometem mais os obesos do que indivíduos com peso normal:
- Acidente vascular cerebral: estar acima do peso pode aumentar muito o risco de um derrame cerebral, quando o sangue para de fluir para o cérebro.
- Depressão: a obesidade pode ter um efeito profundo na saúde mental. Isso inclui risco maior de depressão, baixa autoestima e problemas com a imagem corporal.
- Ataque cardíaco: a obesidade pode provocar colesterol alto, diabetes, pressão alta e todos esses problemas podem levar a problemas cardíacos, entre eles o infarto.
- Apneia do sono: a obesidade pode deixar as vias respiratórias obstruídas. O excesso de gordura corporal fica acumulado nos órgãos, como na parede da traqueia e nos músculos da língua, favorecendo a obstrução das vias aéreas. A apneia do sono é constatada em 70% dos obesos. Em obesos mórbidos, a prevalência pode chegar a 80%. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas está presente principalmente em homens obesos com idade de 40 e 60 anos.
- Doenças no fígado: a gordura visceral que se instala no fígado pode levar a problemas e até mesmo a uma falência do órgão.
- Refluxo gástrico: há alto risco do refluxo gástrico, quando ácidos do estômago voltam para o esôfago, ocorrerem em pessoas com obesidade.
- Câncer: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil são atribuídos ao sobrepeso e à obesidade. Os mais comuns que podem ser relacionados ao excesso de peso são de fígado, rins, colorretal e pâncreas. Mas até o câncer de mama pode ter relação.
- Problemas de pele: obesos costumam apresentar erupções ou dermatites, sobretudo em dobras ou vincos da pele.
- Problemas na vesícula: o excesso de peso pode provocar a formação de pedras na vesícula, que demandam uma cirurgia para retirar.
- Diabetes tipo 2: a obesidade pode tornar o seu corpo resistente à insulina e provocar o acúmulo de glicose (açúcar) no sangue, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes. A população obesa tem o dobro de incidência de diabetes do que os demais.
- Doença renal crônica: uma das possíveis evoluções da hipertensão e da diabetes é a falência renal, quando os rins param de funcionar e a pessoa precisa fazer hemodiálise para sobreviver.
- Fraqueza óssea e muscular: a obesidade e a falta de exercícios podem levar a um enfraquecimento e à perda de massa óssea e muscular. Os rins afetados também podem prejudicar a absorção de cálcio. As fraturas podem ocorrer.
- Infertilidade: a obesidade pode prejudicar a capacidade de ovular e engravidar, assim como pode levar a mais problemas de gestação, como a pressão alta que pode provocar pré-eclâmpsia ou eclâmpsia.
- Dor nas articulações: o excesso de peso aumenta a pressão nas articulações, podendo culminar em dor e rigidez.
- Hipertrofia ventricular: o coração é um órgão composto por músculos, sendo o responsável pelo bombeamento de sangue para todo o corpo. A hipertrofia ventricular acontece quando o músculo do coração aumenta muito de tamanho, o que pode resultar em parada cardíaca repentina.
Fonte: Cid Pitombo, médico-cirurgião, especialista em cirurgia bariátrica por videolaparoscopia
Mercado de trabalho
Preconceito
Pesquisa desenvolvida pelo Grupo Catho, em 2005, intitulada “A contratação, a demissão e a carreira dos executivos brasileiros”, feita com 31 mil executivos, identificou que 65% dos presidentes e diretores de empresas tinham alguma restrição na hora de contratar pessoas gordas. Dados do estudo mostrou ainda que o mercado pagava melhor os magros. Pelos cálculos, cada ponto a mais no Índice de Massa Corporal (IMC) – o medidor internacional de obesidade adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – de um funcionário significaria, para o gerente, a perda de R$ 92 por mês.