A sagrada refeição de todo dia. A hora do almoço é um momento de partilhar, reunir, ter prazer, saborear seja junto aos amigos do trabalho ou da faculdade, da academia. A pandemia freou este congraçamento, impôs o distanciamento, ainda que amenizado com o avanço da vacinação.
No entanto, as dúvidas e inseguranças pairam no ar, receio de ambientes fechados, mal ventilados, desconfiança quanto à higienização. Somado a esse cardápio, a inflação corrói salários, a alta nos preços dos alimentos tornou comer fora inviável para muitos, que estão retornando às atividades presenciais e são obrigados a se alimentar em restaurantes, bares, food truck, fast-food, padarias ou lanchonetes.
A palavra de ordem é economizar e, por tudo isso, a marmita está de volta à cena, como solução não só mais barata, mas também segura, saudável, prática e outros benefícios não só para o bolso.
No entanto, as dúvidas e inseguranças pairam no ar, receio de ambientes fechados, mal ventilados, desconfiança quanto à higienização. Somado a esse cardápio, a inflação corrói salários, a alta nos preços dos alimentos tornou comer fora inviável para muitos, que estão retornando às atividades presenciais e são obrigados a se alimentar em restaurantes, bares, food truck, fast-food, padarias ou lanchonetes.
A palavra de ordem é economizar e, por tudo isso, a marmita está de volta à cena, como solução não só mais barata, mas também segura, saudável, prática e outros benefícios não só para o bolso.
Mas o status da marmita mudou, virou moda, ficou descolada e teve de disputa do modelo com design mais bacana até qual refeição mais incrível que cada um comeria. Em 2021, no cenário da pandemia, ela retorna como questão de sobrevivência, necessidade, saúde e também sinônimo de qualidade de vida.
O estudo Preço Médio da Refeição Fora do Lar, feito pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), mostra que o trabalhador desembolsa, em média, R$ 34,62 por dia. No mês, são R$ 761,64. Em 22 dias de trabalho por mês, isso significa que o trabalhador gastaria 80% de um salário mínimo. Em 2021, certamente o custo aumentou. A ABBT deve soltar nova pesquisa em 2022, segundo a assessoria da entidade.
Além do alimento, a marmita carrega amor, cuidado, atenção, bem-estar e saúde. É muito mais do que uma simples refeição para aplacar a fome ou somente proteger as economias ou se tornar um negócio, uma fonte de renda.
É o que pensa Michelle Oliveira, mulher, mãe, dona de casa, professora e uma das novas empreendedoras do mercado, levada pela tragédia da pandemia da COVID-19. A relação dela com a marmita começou há tempos: “Quando solteira, na vida corrida de estudar e trabalhar, minha mãe já tinha o hábito de fazer minhas marmitas. Assim, quando me casei, continuei com esse costume, entendendo que existem diversos benefícios nesse simples ato: certeza da boa procedência, higiene no preparo, escolha do que realmente gosto de comer, além da economia e praticidade”.
É o que pensa Michelle Oliveira, mulher, mãe, dona de casa, professora e uma das novas empreendedoras do mercado, levada pela tragédia da pandemia da COVID-19. A relação dela com a marmita começou há tempos: “Quando solteira, na vida corrida de estudar e trabalhar, minha mãe já tinha o hábito de fazer minhas marmitas. Assim, quando me casei, continuei com esse costume, entendendo que existem diversos benefícios nesse simples ato: certeza da boa procedência, higiene no preparo, escolha do que realmente gosto de comer, além da economia e praticidade”.
Michelle afirma que é possível levar para o trabalho (ou qualquer lugar) uma comida boa, saudável e gostosa. “As marmitas fitness/saudáveis são revolucionárias para nossa sociedade moderna. Elas nos permitem ter à mão refeições prontas que vão direto do freezer ao micro-ondas, ficam prontas em quatro minutos em média, sem a louça para lavar depois.”
Já adepta da marmita, Michelle revela que o ano de 2020 a surpreendeu de diversas maneiras, inclusive por se descobrir empreendedora, coisa que jamais imaginou. Ela conta que sempre gostou (e ainda gosta) de ter “o pé no chão”, emprego fixo, carteira assinada.
Ao ser desligada de uma escola da rede privada em dezembro e, por estar bem cansada de todo o estresse que 2020 trouxe, resolveu não voltar a lecionar de imediato em 2021. “Por gostar de cozinhar e ouvir das pessoas que minhas preparações eram saborosas, 'nem parece ser fit ou saudável', diziam, acabei tendo a ideia de produzir e vender marmitas fit congeladas, mesmo temendo iniciar um negócio próprio.”
Ao ser desligada de uma escola da rede privada em dezembro e, por estar bem cansada de todo o estresse que 2020 trouxe, resolveu não voltar a lecionar de imediato em 2021. “Por gostar de cozinhar e ouvir das pessoas que minhas preparações eram saborosas, 'nem parece ser fit ou saudável', diziam, acabei tendo a ideia de produzir e vender marmitas fit congeladas, mesmo temendo iniciar um negócio próprio.”
Dostoiévski ou Rubem Alves?
Muitos ao redor de Michelle a incentivaram e apoiaram, em especial o marido, Jalon Heber, que é seu aliado incondicional: “Ele está à frente comigo nessa aventura. Mas quero colocar aqui uma frase que li em uma cafeteria de Belo Horizonte que me impulsionou nesse empreendimento: 'Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isto o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.' Há, inclusive, uma polêmica sobre a autoria dessas tão belas palavras – são atribuídas a Fiodor Dostoiévski, autor russo do século 19, em sua obra 'Os irmãos Karamazov', mas parece que foi um outro escritor, brasileiro, contemporâneo: Rubem Alves”.
Assim nasceu o À Mesa Fit Food, a princípio tendo como clientes parentes e amigos. De repente, Michelle conta que a coisa foi ficando séria e hoje entrega marmitas em várias regiões de BH. “Eu tinha razão, empreender é realmente muito difícil, mas tenho a meu favor o amor por cozinhar.” A professora destaca que não é profissional da nutrição, o que sabe veio por meio de leituras e estudos independentes.
Ela ressalta que se a pessoa necessita de um tipo de alimentação específica, deve procurar um profissional da área. “Nas minhas composições, procuro colocar em cada marmita carboidrato, proteína e fibras (legumes, sementes e verduras), unindo componentes que têm uma boa variação de cores (assim variam os nutrientes) e harmonia de sabores. Os vegetais devem ser os mais frescos possíveis e os temperos são 100% naturais. Uso também sal rosa do Himalaia, azeite ou manteiga”, diz.
Para Michelle, quem busca por uma alimentação saudável há de se pensar em refeições completas e não muito calóricas, inserir carboidratos integrais, proteínas pouco gorduro- sas. “No caso das marmitas congeladas, é necessário pensar também na técnica de cocção, uma vez que diversos alimentos e preparos não aceitam bem o congelamento. É o caso da alface, ovos, derivados do leite, batata cozida. Conforme me informei, congelar alimentos traz, sim, um prejuízo em termos de nutrientes (em torno de 5% a 15%, mas acredito que, apesar disso, vale a pena. Sem dúvida, é melhor do que comer fast-food e/ou alimentos industrializados que não oferecem quase nada de nutrientes e são prejudiciais à saúde.”
Hoje, Michelle voltou a lecionar, mas apenas meio período, porque o negócio da marmita agora faz parte da sua vida. Ela não leva marmita para o trabalho, mas o marido, que é o motoboy do À Mesa, não a deixa para trás.As marmitas fitness/saudáveis são revolucionárias para nossa sociedade moderna. Elas nos permitem ter à mão refeições prontas que vão direto do freezer ao micro-ondas, ficam prontas em quatro minutos em média, sem a louça para lavar depois
Michelle Oliveira, professora e fundadora do À Mesa Fit Food
Assim, a família se orgulha de ter adotado uma alimentação saudável: “A busca por conhecer as preparações saudáveis se deu por ele, por lutarmos juntos contra a obesidade que ele enfrenta. Ele trabalha na área de segurança dia sim, dia não, por 12 horas. Grande parte desse tempo é ocioso, o que nos leva a ter uma preocupação ainda maior com a sua alimentação. Ele não só leva marmita, mas frutas, pão ou bolo integral, castanhas...”
A vida caminha, não é fácil. Michelle lembra que se equilibra no papel de professora, empresária, mãe do Davi e do Bernardo, mulher, filha, esposa... mas diz que as mulheres do século 21 dão conta. “Somos fortes e capazes de muita coisa. Procuro também cuidar de mim fazendo coisas das quais gosto (ir à igreja, ler, tomar café com as amigas, assistir a séries...). E temos a pandemia, que mudou o mundo, e as pessoas certamente mudaram junto.”
Entrega de saúde e sabor
Uma consequência boa foi a maior consciência sobre hábitos alimentares saudáveis. “Sempre brinco que se eu não fizesse, compraria as refeições saudáveis prontas porque são muitos processos até a refeição chegar à mesa do cliente: escolher e comprar cada produto (local com ou sem estacionamento, custo do combustível), colocar as verduras e legumes de molho na água com sanitizante, higienizar os alimentos que vêm em pacotes ou embalagens fechadas, armazenar, montar o cardápio, cocção e preparo dos pratos, fazer as etiquetas (que já foram compradas na gráfica...), montar e etiquetar as marmitas, lavar as louças, limpar toda a cozinha. Ufa, ou seja, cozinhar é apenas uma tarefa entre tantas.”
Mesmo diante de tanto trabalho e jornada dupla, tripla, Michelle está feliz: “Digo que não vendo marmitas, entrego sabor, saúde, praticidade e tempo. É importante cada um pensar: qual o preço do seu tempo, o que você poderá fazer com esse tempo?”. As marmitas do À Mesa Fit Food têm diagramação que varia entre 300g e 350g, com preços entre R$ 16,50 e R$ 18,50. E Michelle também, a depender das preparações, faz refeições personalizadas a partir da dieta nutricional do cliente, com preços a serem combinados.