Nesse mês de novembro, em que se celebra mundialmente a prevenção ao diabetes, é importante alertar sobre um tipo específico – o diabetes durante a gravidez. Sendo a condição metabólica mais comum na gestação, ela tem prevalência de 18% no Brasil, ou seja, um para cada seis nascidos vivos. Destes, 90% correspondem ao diabetes gestacional (excesso de glicose que surge na gravidez).
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Por isso é importante que, detectado precocemente o diabetes gestacional, a mulher faça uma dieta adequada e orientada por um especialista e, se possível, atividade física (desde que não haja contraindicações). Isso vai ajudar no tratamento do diabetes, não sendo necessário o uso da insulina.
“Se a mulher adotar essas medidas, ela não só previne, como trata a diabetes. Em países desenvolvidos, apenas 30% das mulheres com diagnóstico gestacional, necessitam de medicamento, por adotarem de forma adequada a dieta e a atividade física” assinala Suzana Rio.
“No Brasil, ao contrário, esse percentual é muito maior, e muitas mulheres necessitarão utilizar insulina, em função da dificuldade de aderência à dieta e à atividade física, o que acaba gerando a necessidade da medicação”, conclui.
Diagnóstico precoce
Desde 2013, o Brasil adotou os novos critérios para diagnóstico precoce do diabetes na gestação respaldados por organizações internacionais, como a OMS: hoje, além do diabetes gestacional, é possível estabelecer o diagnóstico de diabetes melitus de diagnóstico na gravidez e do diabetes pré-existente.
Nos dois primeiros casos, o diagnóstico de excesso de açúcar acima dos níveis considerados normais é feito logo no início do pré-natal, através do exame de glicemia de jejum. Se esse exame der normal, novo rastreamento será feito em torno de 24 a 28 semanas de gravidez, pelo teste oral de tolerância à glicose, que vai detectar se a gestante tem ou não hiperglicemia.
No terceiro caso, a mulher que engravidou, já é sabidamente diabética, e tem níveis de açúcar compatíveis com o do diabetes.
Fatores de risco
A história pessoal e familiar, além de histórico de gestações anteriores podem ser importantes para detectar se há ou não fatores de risco para o diabetes gestacional. Se a mulher tem parentes de primeiro grau com diabetes, principalmente do tipo 2, o risco é maior.
Antecedentes pessoais relacionados a alterações metabólicas também contam, assim como hipertensão, triglicérides elevadas, síndrome de ovários policísticos, caso anterior de hemoglobina glicada elevada.
A idade também pode ser um fator de risco - gestantes acima de 35, 40 anos, correm mais risco que as mais jovens. Outro fator é o excesso de peso - índice de massa corporal acima de 25, que já é considerado sobrepeso também aumentam o risco.
Quanto à gestação, pacientes que tiveram diabetes gestacional anterior, principalmente as que tiveram filhos acima de quatro quilos, são mais propensas, bem como as que tiveram fetos com morte súbita ou neonatal de causa não explicada.
Riscos para a mãe e o bebê
O diabetes gestacional pode trazer riscos tanto para a mãe, quanto para o bebê. No caso da mãe, pode ocorrer taxa aumentada de cesariana, associação de hipertensão e pré-eclâmpsia, além de parto difícil, com chance de traumatismo para o feto.
No caso do feto, se a mãe engravidar hiperglicêmica, sabidamente ou não, aumentam as chances de abortamento para o feto e, também, as chances de mal formação: anencefalia, do sistema nervoso central; cardíacas e renais.
“O diabetes gestacional – aquele que surge na segunda metade da gravidez – dificilmente tem associação com malformação fetal pelo diabetes, mas há possibilidade de o feto ser muito grande, pelo estímulo da glicose. Nesse caso, o parto pode ser difícil e é frequente que esses fetos tenham hipoglicemia neonatal. Sabemos que, de modo geral, existe um aumento da mortalidade dos filhos de mãe diabética, principalmente, se o controle foi inadequado”, ressalta a médica.
Importância da prevenção
Suzana explica que, embora existam fatores de risco – mulher mais velha, mais obesa, histórico familiar, dentre outros, muitas mulheres apresentam diabetes gestacional sem nenhum desses fatores de risco.
“Então, não existe uma medida específica para reduzir esta possibilidade. O que a gente sugere é isso: que a mulher tenha um estilo de vida saudável e peso adequado, com alimentação saudável e atividade física,” finaliza.