Prisão de ventre. Constipação intestinal. Intestino preso. Não importa o nome, todos significam a mesma coisa e trazem o mesmo transtorno: dificuldade de evacuar, mesmo sentindo vontade intensa de ir ao banheiro. Quadro que causa muito incômodo e tem diversas causas, desde alimentação pobre em fibras até o sedentarismo. Quem vive o problema está sempre à procura de uma solução. Se for natural, melhor ainda, caso a medicação não seja necessária.
O médico José Carlos Cardoso Júnior, gastro-hepatologista do Corpo Clínico do Biocor Instituto, antes de mais nada, explica que a constipação intestinal, ou prisão de ventre, como é conhecida, é uma condição em que a pessoa evacua menos de três vezes por semana ou tem dificuldade para evacuar, podendo apresentar fezes endurecidas, esforço excessivo no ato evacuatório e sensação de evacuação incompleta.
Acomete cerca de 20% da população mundial, sendo mais comum nas mulheres e idosos. É provocada, na maioria das vezes, pelo consumo insuficiente de fibras e água e também pela ausência da prática de atividade física, sendo denominada nesses casos de constipação funcional.
Acomete cerca de 20% da população mundial, sendo mais comum nas mulheres e idosos. É provocada, na maioria das vezes, pelo consumo insuficiente de fibras e água e também pela ausência da prática de atividade física, sendo denominada nesses casos de constipação funcional.
No entanto, José Carlos alerta que a constipação intestinal também pode ser causada por outras doenças ou medicamentos que afetam a função intestinal, o que chamam de constipação secundária. “Em relação aos medicamentos, as principais drogas que podem causar constipação são analgésicos, antidepressivos, anti-hipertensivos e drogas psiquiátricas. A constipação pode, ainda, ser um sintoma associado a doenças de gravidades variadas. Em combinação com outras manifestações como perda de peso, perda do apetite, dor abdominal intensa, sangramento nas fezes, anemia ou mudança brusca no funcionamento do intestino, é fundamental uma avaliação médica adequada”, alerta.
O gastro-hepatologista destaca que a pessoa que tem constipação geralmente apresenta desconforto abdominal e retal, empachamento, inchaço e dor no abdômen, muitas vezes com impacto importante em sua qualidade de vida. Devido ao esforço frequente para evacuar e aumento da pressão na região do reto, a constipação pode causar hemorroida, fissura anal e até mesmo fecaloma (impactação de fezes no reto ou intestino). Este último ocorre, principalmente, em pessoas idosas e com pouca mobilidade. Não há comprovação que a constipação possa levar ao câncer do reto e do intestino ou a outras doenças intestinais graves.
"Em combinação com outras manifestações como perda de peso, perda do apetite, dor abdominal intensa, sangramento nas fezes, anemia ou mudança brusca no funcionamento do intestino, é fundamental uma avaliação
médica adequada”
José Carlos Cardoso Júnior,
médico gastro-hepatologista
LAXANTES E O LADO EMOCIONAL
José Carlos enfatiza que os principais cuidados envolvem a necessidade de uma dieta rica em fibras, em especial vegetais, hidratação adequada, prática de atividade física frequente e tentar ir ao banheiro em um horário regular todos os dias. “É importante também que sejam excluídas causas secundárias de constipação, como doenças e medicamentos. A cura nem sempre é possível, embora dependa da causa, gravidade e duração da 'prisão de ventre'. Mas na maioria dos casos, mudanças nos hábitos de vida ajudam a aliviar significativamente os sintomas.”
Para o gastro-hepatologista, os laxantes podem ser úteis em alguns casos, mas seu uso deve ser considerado como terapêutica complementar, podendo ser associado às medidas dietéticas e comportamentais. Isoladamente, os laxantes não têm efeito curativo e alguns tipos podem até agravar o problema a longo prazo. O uso abusivo pode ser prejudicial ao paciente, devendo portanto, ser utilizados sob prescrição médica.
José Carlos confirma que a prisão de ventre tem relação com o estado emocional: “O aparelho digestivo é o que mais sofre interferência da parte emocional. Isso ocorre porque há uma conexão entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o entérico (localizado no intestino). Portanto, o estresse, a ansiedade e a depressão podem influenciar no funcionamento do intestino, e em parte, contribuir para a constipação”. Assim como tem relação com outras doenças como diabetes, hipotireoidismo, depressão e doenças neurológicas, como a doença de Parkinson.
Algumas causas da
prisão de ventre
» Alimentação pobre em fibras (grãos, frutas
frescas e vegetais folhosos em geral)
» Beber pouco líquido
» Não fazer atividade física, sedentarismo
» Não ir ao banheiro quando sentir vontade
Entre os sintomas,
pode-se destacar:
» Dificuldade de ir ao banheiro,
ligada a um forte esforço na
hora de eliminar fezes
» Vontade de fazer força ao eliminar fezes
» Sensação de fezes presas dentro do corpo
» Sensação de barriga pesada
» Distensão abdominal
» Gases
» Cólicas
» Desconforto abdominal e
eliminação de fezes pequenas e menores
do que o normal, além de terem a
aparência de estarem secas
e/ou endurecidas
Fonte: Rede D’Or São Luiz