A automedicação é um problema crônico enfrentado há muito tempo que também se agravou durante a pandemia de COVID-19. Tomar remédios por conta própria representa um risco muito grande, por conta de possíveis efeitos colaterais da medicação e dosagem errada. A médica endocrinologista Flávia Coimbra explica que um paciente com algum tipo de infecção, que tome um remédio sem acompanhamento médico, pode acabar tomando a medicação na quantidade errada e nas horas erradas, fazendo com que a bactéria crie uma resistência ao medicamento e, em sequência, agravando a situação.
Outro problema está na questão da interação medicamentosa, na qual, muitas vezes, o paciente já fazia uso de algum medicamento cronicamente e começa a usar um determinado tipo de remédio que não combina ou não interage bem com a medicação anterior.
Além disso, conforme Flávia Coimbra, há risco de mascarar os sintomas de alguma doença. Alguém que tome um remédio para dor abdominal, por exemplo, sem saber que é oriunda de uma apendicite, irá mascarar a dor – enquanto a inflamação do apêndice continua – e atrasar o diagnóstico, consequentemente, agravando o quadro.
SAÚDE DA PELE
Engana-se quem pensa que a automedicação só acontece em casos de dores ou desconfortos. Segundo o médico dermatologista Rafael Soares, o uso de produtos para a pele sem indicação ou orientação profissional também cresceu durante o isolamento social na pandemia de COVID-19 e pode causar sérios riscos à saúde da pele.
“A regra de não se automedicar também vale para a dermatologia. Às vezes, um sabonete que uma celebridade usa não é recomendado para o seu tipo de pele, assim como um produto para clareamento, tratamento de acne etc. Tudo deve ser indicado e acompanhado por um profissional”, comenta.
O termo skincare ganhou as redes sociais e tem virado moda entre as mais antenadas nos cuidados com a pele. A rotina de procedimentos estéticos envolve limpeza, hidratação, tonificação, entre outros, sendo quase todos feitos em casa. Mas é totalmente contraindicado cuidar da pele sozinha. “Nem tudo que faz bem para uma pessoa faz bem para outra, necessariamente. Além disso, produtos aparentemente inofensivos podem causar danos à saúde da pele”, afirma Rafael Soares.
"A regra de não se automedicar também vale
para a dermatologia. Às vezes, um sabonete que uma celebridade usa não é recomendado para o seu tipo de pele, assim como um produto para clareamento, tratamento
de acne etc.”
Rafael Soares, médico dermatologista
Diante disso, os especialistas enfatizam a importância de adotar hábitos saudáveis. Uma rotina corrida às vezes se torna um empecilho para quem está tentando levar uma vida mais saudável, por isso é necessário se reorganizar para conseguir encaixar tudo no seu dia. “Se você tem tempo de trabalhar, estudar, ler ou ver uma televisão, você precisa ter um tempo para cuidar da sua saúde, pois isso é um investimento no seu futuro e algo essencial para ajudá-lo a dar conta do dia a dia”, afirma Flávia Coimbra.
PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS
Enquanto o acompanhamento médico foi mais relegado durante a pandemia, os cuidados e procedimentos estéticos cresceram nesse período. O uso de máscara provocou alergias e escoriações na pele de muitas pessoas e fez com que elas notassem mais a área de cima do rosto, percebendo “pés de galinha” ou linhas na testa que não percebiam antes.
A dermatologista cooperada da Unimed-BH Soraya Santos explica que, no início, a maioria das pessoas relaxaram em relação aos cuidados com a pele, mas agora, principalmente com o avanço da vacinação, os consultórios dermatológicos estão sendo procurados cada vez mais. Ela, porém, alerta para os procedimentos estéticos caseiros sem acompanhamento profissional, ou os chamados skincare.
“No lockdown, sem poder sair de casa, muitas pessoas recorreram ao skincare seguindo dicas de influenciadores nas redes sociais ou amigas. Mas existe um risco muito grande em fazer uso desses produtos sem uma orientação médica e que pode até piorar a situação da pele, trazendo uma consequência inversa, de não benefício” pontua.
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram