O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) deu início, neste mês, à utilização de réplicas de ossos produzidas em impressão tridimensional (3D), como recurso para tornar as cirurgias ortopédicas mais precisas, rápidas e seguras.
Segundo informações da assessoria de imprensa da UFTM, réplicas em plástico estão sendo criadas a partir de tomografias do paciente, coincidindo em formato e tamanho com o osso a ser operado, permitindo à equipe médica testar previamente a efetividade da técnica pretendida.
O ortopedista Adriano Jander Ferreira, que teve a ideia de inserir essa tecnologia no HC-UFTM e buscou junto ao curso de Engenharia Mecânica da UFTM apoio para produção do material, explica que a peça retrata qual é a deformidade a ser corrigida.
“A programação da técnica cirúrgica é feita primeiro pelo computador, com simulação em modelo 3D gerado pelas tomografias, e depois na réplica, de modo a verificar se a intervenção planejada pode ser resolutiva para aquele caso”, explicou o médico que disse também que essa inovação já é adotada nos grandes centros nacionais de Ortopedia e que a programação das cirurgias ortopédicas em modelo 3D continuará acontecendo no Hospital de Clínicas, privilegiando casos mais complexos.
A primeira cirurgia do HC-UFTM utilizando a nova tecnologia
No dia 13 de dezembro, no HC-UFTM, foi realizada a primeira cirurgia ortopédica, a partir de programação em modelo 3D, em um adolescente de 16 anos, morador de Araxá (MG), para a correção de uma deformidade no seu fêmur esquerdo causada por uma displasia fibrosa (doença caracterizada pela substituição gradativa do osso normal por uma proliferação de tecido conjuntivo).
“A cirurgia foi bem-sucedida e o paciente se recupera positivamente, ainda sem previsão de alta", explica o médico.
Cada caso de displasia fibrosa é único. Não existe procedimento padronizado para esse tipo de intervenção. A simulação da técnica em uma peça idêntica ao osso original trouxe uma precisão enorme para a cirurgia, ficando mais rápida e diminuindo o desgaste do paciente durante o procedimento, o que também significa maior segurança”, avalia o ortopedista.
Custo baixo
Parceiro na iniciativa de produção do modelo em 3D, o professor do curso de engenharia da UFTM, Marco Massao Shimano, contou que o custo do material utilizado é baixo, sendo possível, com apenas um quilo de filamento de polímero, imprimir até vinte réplicas como a utilizada no planejamento dessa primeira cirurgia.
“O trabalho prévio à impressão, entretanto, levou três meses de estudos. Testamos diversos programas de computador para converter as imagens de maneira exata. Por fim, utilizamos dois softwares de licença livre”, detalha o pesquisador, estimando que a produção das próximas peças deva levar menos tempo: “em torno de um mês, uma vez que os programas adequados para a tarefa já foram escolhidos”, complementou.
“O trabalho prévio à impressão, entretanto, levou três meses de estudos. Testamos diversos programas de computador para converter as imagens de maneira exata. Por fim, utilizamos dois softwares de licença livre”, detalha o pesquisador, estimando que a produção das próximas peças deva levar menos tempo: “em torno de um mês, uma vez que os programas adequados para a tarefa já foram escolhidos”, complementou.
Para Shimano, a cooperação entre a área acadêmica de engenharia e o Hospital de Clínicas é interessante tanto para atender às necessidades da prática, melhorando o padrão das cirurgias e a segurança do paciente, quanto para oportunizar a construção de conhecimentos e estimular a inovação.
“Em um próximo passo, pensamos em imprimir também ligamentos e outros tecidos úteis para a programação de cirurgias ortopédicas, assim como órgãos diversos que possam servir a outras especialidades do hospital”, finalizou o professor.