No mês de janeiro, muitas famílias aproveitam para viajar e curtir não só as férias de verão, mas também as comemorações pelo começo de um novo ano. Mas nos lares com pets, surge uma dúvida. É melhor levar ou não o bichinho na aventura?
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A Guia de Transporte Animal (GTA) é o documento oficial para transporte animal no Brasil e contém as informações essenciais sobre a viagem e o pet. De onde está saindo, para onde vai, qual a espécie e quais vacinas já tomou. Serve como uma declaração do especialista responsável de que esse animal está saudável e pode entrar em contato, tanto com os seres humanos quanto com outros animais, sem transmitir nenhum tipo de doença perigosa. O modelo da GTA pode ser encontrado no site do Ministério da Agricultura e Pecuária.
A médica veterinária Clarissa Rocha relembra que a única vacina obrigatória no Brasil é a contra a raiva, aplicada bem cedo nos pets. De resto, as possíveis restrições são individuais. "A gente costuma ver muitos animais que ficam estressados durante o transporte, principalmente quando vão de avião. Então, eu recomendo levar o pet somente em casos realmente necessários, como, por exemplo, se os tutores estiverem se mudando ou se ficarão longe de casa por mais de dois meses", esclarece.
Parceira fiel
Uma alternativa pode ser o transporte terrestre, como faz Júlia Rodrigues, 32 anos. Ela viaja com Fiel, sua american staffordshire terrier, desde que ela é filhote. As viagens são sempre de carro, com a cachorrinha no banco de trás, com um cinto de segurança especial para cães de médio e grande portes. "Viajamos bastante com ela desde que era pequena, então, hoje, Fiel nem enjoa mais. Dorme o percurso inteiro. E a gente faz trajetos longos, com 12 horas de estrada, a leva para a praia, para a cachoeira, e a Fiel é sempre nossa parceira", conta.
Júlia ainda se certifica de andar sempre com toda a documentação da pet e se manter em contato com a veterinária. Além disso, a tutora explica que é importante estar atenta aos hotéis em que ficarão. Consultar se os animais de médio e grande portes podem se hospedar e se existe algum acréscimo na diária.
"Ao longo do trajeto, a gente vai parando a cada duas ou três horas para ela passear um pouco. Não damos comida para, justamente, evitar que ela enjoe. Damos um pouquinho em casa e, ao longo da viagem, oferecemos só água e, mesmo assim, pouco para não enjoar. De resto, é só curtir."
Em dezembro do ano passado, Márcia Cairo, 50 anos, levou sua yorkshire, Pepita, para passear pelas praias do Rio de Janeiro. A professora relata que, no trajeto de ida, apesar de estar medicada, a cachorrinha ficou muito agitada e não conseguiu relaxar dentro do carro. "Foi muito estressante para ela. Não deitava, não descansava, ficou fazendo barulhos o tempo inteiro. Mas o veterinário já tinha nos avisado que isso poderia acontecer. No trajeto de volta para casa ela, dormiu bastante, mesmo sem nenhuma medicação", explica Márcia.
Ela conta que os maiores problemas ficaram na estrada. Apesar de nem sempre encontrar facilmente restaurantes que aceitassem pets, os passeios nas cidades por que passaram foram tranquilos. Pepita se divertiu nas praias cariocas e foi com a família para todos os lugares.
Viagem internacional
Totti é o buldogue francês de Luciano Miranda, arquiteto de 34 anos. Recentemente, o cachorrinho fez a viagem de sua vida, saindo de Brasília para Miami, nos Estados Unidos, com parada em Cancún, no México. O tutor explica que, para fazer esse longo trajeto de mudança, foram precisos diversos documentos que atestaram o bom estado de saúde do pet, bem como a carteira de vacinação com as imunizações contra raiva e gripe canina atualizada.
"No caso do Totti, que é mais pesadinho e braquicefálico (com o focinho achatado, o que dificulta a respiração), não é permitido que vá no compartimento de carga de jeito nenhum. Então, a solução que nós encontramos foi conseguir um atestado psiquiátrico para que ele fosse definido como um animal de suporte emocional. Assim, pôde ir conosco dentro do avião", esclarece Luciano.
Luís Olívio, médico veterinário especializado em comportamento animal, explica que é essencial se programar com antecedência, para o caso de um imprevisto. "Pode acontecer de um representante da companhia aérea pensar que o pet não tem condição de embarcar e não permitir que você entre com ele na aeronave. Então, é importante já ter planos B e C. É sempre bom, por exemplo, ter um laudo do médico veterinário explicando que o animal tem treinamento de caixa de transporte."
Também é válido atentar-se ao tempo de viagem e aos horários de embarque e desembarque, pensando sempre no bem-estar do animal. Se seu destino for um lugar muito quente, não é ideal chegar no meio da tarde, pois o calor pode causar desidratação nos bichinhos.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte