O primeiro mês do ano já está acabando e, mesmo que você ainda esteja de férias, ao que tudo indica, 2022 vai seguir acelerado e com um ritmo de vida caótico como foi em 2021. Desafios e dificuldades na política, em economia e em saúde, principalmente, nos levam à insegurança, uma espécie de instabilidade social preocupante. Mas, para conseguir aguentar tudo com a disposição que nos faz seguir adiante, é fundamental que você cuide, primeiro, de seu bem-estar.
Leia Mais
Livro 'Os 4 distintos' discute a inclusão de pessoas com deficiênciaPele requer atenção redobrada durante o verãoO surpreendente lado positivo do mau humorEsquizofrenia: campanha 'Ouçam Nossas Vozes' combate o estigma BH lidera ranking com maior número de mulheres diagnosticadas com depressãoA batalha da psiquiatria: divergências e nova polarização Vacinação deve ser prioridade para iniciar o ano letivo, diz especialistaEspecialista explica como equilibrar corpo, mente e emoções Livro "Mama Mia": o câncer é difícil sim, mas pode ser superadoEspecialistas explicam riscos de suplementos para treinos em academiasÉ inevitável olhar para o ano que passou e não se perguntar sobre o que poderia ter sido feito de melhor. Esse pensamento paira na cabeça de grande parte da população, principalmente quando o assunto é saúde. Para começar bem um novo ciclo, muitos pensam em criar novos hábitos, como melhorar a alimentação, iniciar algum tipo de atividade física, parar de fumar, ter mais cuidados com a pele, entre outras metas.
A bióloga Beatriz Novais, de 39 anos, reconhece que estava adiando um retorno às atividades físicas nos últimos dois anos e brinca que esse ciclo foi encerrado na semana passada. “Desde o início da pandemia, não fazia mais nenhum tipo de exercício. Não é só por ter engordado uns oito quilos, creio que muita gente engordou muito mais até. Mas, paralelamente aos benefícios para o corpo, a mente também ganha e isso ajuda na questão hormonal, pele, cabelo e tantas outras coisas. É claro que é difícil iniciar ou retomar esses hábitos, mas, depois que se acostuma, é tão prazeroso que não dá para não fazer nada”, comenta.
EQUILÍBRIO
Daiana Ferraz, oncologista clínica da Cetus Oncologia (clínica especializada em tratamentos oncológicos, com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem), ressalta a importância da realização de atividades físicas como rotina diária para a melhora da saúde corporal, e auxiliando na prevenção de diversas doenças, inclusive o câncer. “A atividade física promove o equilíbrio dos níveis de hormônios, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado. Com isso, contribui para prevenir o câncer de intestino (cólon), endométrio (corpo do útero) e mama”, diz.
A médica acrescenta que não é preciso muito para mudar sua rotina. “Realizar atividades físicas como parte da rotina diária, começando por aquelas que lhe deem prazer, como caminhar, andar de bicicleta, dançar e nadar, contribuirão para a proteção contra o câncer. Aquelas modalidades sistematizadas ou que demandem a contratação de serviços como academias podem ser opções, mas não são as únicas. É importante limitar hábitos sedentários”, acrescenta.
“O mais difícil está sendo a retomada desses hábitos. Comecei caminhando alguns quarteirões e voltando pra casa todo dia de manhã. Mas sei que, quando não conseguir ir no horário de costume, vou ter que lutar para encaixar o exercício no resto do dia. Temos tantas outras coisas a fazer, agendas, rotina, preocupações, família e acabamos deixando isso de lado, às vezes até para ter alguma outra forma de prazer, seja comendo algo, vendo um filme, enfim. É preciso ter equilíbrio”, define Beatriz.
Daiana cita como é difícil estabelecer uma nova rotina, criando novos hábitos, mas mostra um exemplo de como fazê-lo, com a ajuda da teoria dos 21 dias. “O psicólogo e cirurgião plástico Maxwell Maltz relatou que seus pacientes notavam as mudanças nas cirurgias apenas após 21 dias da operação. De acordo com o especialista, 21 dias seria o tempo que o cérebro precisa para se adaptar a uma mudança. No livro “O poder do hábito”, Charles Duhhig também considera que são necessários 21 dias de repetição de uma ação para que ela se torne um hábito”, explica.
Ainda em relação ao câncer, a especialista acrescenta também sobre os cuidados que o paciente em tratamento oncológico deve tomar. “Esses pacientes devem ser orientados a se alimentar de forma saudável, dar atenção à hidratação, guardar energia para recuperação das sessões do tratamento e não realizar atividades extenuantes”, indica a especialista.
Os pedidos e planos envolvendo saúde são recorrentes há tempos na virada de ano. contudo, com a pandemia da COVID-19, tornaram-se prioridade para aqueles que traçam suas metas. “Acredito que com a pandemia as pessoas ficaram mais sensíveis e mais preocupadas em manter uma rotina mais saudável, dando atenção a hábitos que promovam a saúde mental, emocional e física”, finaliza Daiana.
METAS ALCANÇÁVEIS
A grande dificuldade de muitos, entretanto, para mudar esses hábitos é a criação de metas que sejam condizentes com a realidade de cada um e que possam de fato se concretizar. Nesse sentido, a psicóloga Adriane Pedrosa, que pertence à equipe multidisciplinar da Cetus Oncologia, acredita que o ideal é ajustar os planos e traçá-los de forma responsável. “Um dos primeiros pontos para se criar uma meta é fazer um planejamento e ajustá-lo à sua própria realidade. É importante ampliar o alcance das metas aos poucos, para que sejam realizadas mais facilmente e evitem a frustração”, diz.
Entre as técnicas mais conhecidas para esse planejamento, a psicóloga aposta nos clássicos e se diz fã da boa e velha agenda. Acrescenta ainda a necessidade de anotar as mudanças desejadas, as conquistas almejadas e programar os prazos, sejam eles financeiros ou não.
Adriane alerta sobre a dificuldade do período, mas ressalta a importância do autoconhecimento e da tentativa de encontrar saídas para os problemas. “Qualquer meta nesse sentido vai precisar passar pelo esforço de buscar esse encontro consigo mesmo. É importante também focar nas possibilidades, agradecendo por aquilo que conseguiu e realizou”, finaliza a psicóloga.
Efeito devastador
A saúde mental da população foi muito afetada por conta da pandemia e é alvo de preocupação de instituições mundiais. Segundo estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a pandemia teve efeito devastador no bem-estar e na saúde mental da população das Américas. Documentos da organização citam pioras significativas em muitos países, inclusive o Brasil.
Pesquisas indicam que casos de depressão e ansiedade aumentaram 61% e 44%, respectivamente, no Brasil, em 2021. Dados mostram que mais de quatro em cada 10 brasileiros tiveram problemas de ansiedade. Os estudos citados pela Opas ainda sugerem que a saúde mental piorou progressivamente em muitos países das Américas durante o primeiro ano da pandemia. Um estudo do Fórum Econômico Mundial descobriu que, um ano após o início da pandemia, uma média de 45% dos adultos de 30 países pesquisados relataram que sua saúde emocional e mental havia se deteriorado.
Entrevistados da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Peru e Estados Unidos relataram pior saúde mental em níveis superiores à média global. Na Semana do Bem-Estar de 2021, a Opas pediu aos governos que fortalecessem os mecanismos de apoio social para promover a equidade na saúde e ajudar as pessoas a enfrentarem os impactos da pandemia de COVID -19 e a recuperação.
Entrevistados da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Peru e Estados Unidos relataram pior saúde mental em níveis superiores à média global. Na Semana do Bem-Estar de 2021, a Opas pediu aos governos que fortalecessem os mecanismos de apoio social para promover a equidade na saúde e ajudar as pessoas a enfrentarem os impactos da pandemia de COVID -19 e a recuperação.