Em 2008 e 2021, a professora de filosofia da PUC-Minas e da Faculdade Jesuíta, Silvia Contaldo, passou por duas mastectomias, e no meio dessas atribulações, o trabalho, o amor, a dor, o medo, a amizade, a força e a cura serviram de repertório e exemplo para seu novo livro, "Mama Mia". Em 17 minicrônicas, que têm como características leveza e densidade, rapidez na leitura e profunda reflexão, Silvia diverte o leitor e mostra que o câncer de mama (doença que acometeu 66.280 mulheres no Brasil em 2021, segundo o Instituto Nacional do Câncer) é difícil sim, mas pode ser superado.
Ao ler o nome do livro, o leitor pode ser remetido a várias outras coisas, como o musical da Broadway, música da banda sueca Abba, expressão italiana ou o filme "Mamma Mia!". Mas no caso da publicação, a expressão tem um significado bem particular.
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Na maior parte de seus textos, Silvia recorreu à sua graduação como filósofa para explicar, entender e alentar sobre a doença. "Desde os antigos, a filosofia é remédio e nos ajuda ou nos ensina a perguntar. Não para que a gente encontre respostas prontas, mas para que possamos entender e ampliar a nossa visão sobre aquilo que nos acontece", explica.
O autoconhecimento é algo que pode ajudar cada indivíduo, e a filosofia, segundo Silvia, é um bom caminho. "Numa sociedade massacrada pela falta de informações, a filosofia tem o papel, não só informativo, mas formativo, que nos coloca no âmbito da pergunta mais do que da resposta para que a gente possa se conhecer", observa.
As minicrônicas de "Mama Mia" têm em comum um toque de esperança. Às vezes são somente uma observação da vida e de seus acontecimentos, mas, alguns textos surgem como uma oração. Para a autora, o livro é como um convite à reflexão para que se cultive o amor-próprio. "Alguns vão entender como superação, autoestima, mas gosto de amor-próprio, né? Porque a vida é processual então estamos sempre superando alguma coisa. Seja uma doença, a perda de um amor e de um trabalho, uma pandemia", enfatiza Silvia.
A escritora entende que a sua história, de duas mastectomias, é importante ser contada. Ao mesmo tempo, Silvia deseja que o livro afirme que os sofrimentos fazem parte da vida e deve-se tratá-los de forma natural, sem pesar. "Cada experiência é única e a minha se repetiu, mas muitas mulheres passam pela mesma situação. Então, seria isso: olha, vamos falar sobre câncer de mama? Podemos falar sobre isso, não com pena, não como sendo uma coitada, mas como um acontecimento da vida", ressalta.
Dia 4 de fevereiro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer e a escritora deseja que seu livro seja uma fonte de força e aprendizado para muitas mulheres que passam por essa doença. "Precisamos aprender a viver, mas não viver de qualquer maneira. Tem que aprender a viver bem, a nos conhecermos melhor. Aprender que a vida não é só alegria, mas também não é só tristeza, né? A vida é vai e vem, às vezes falta alguns pedacinhos, mas é isso mesmo, né? É por isso mesmo que vale a pena", conclui a escritora.
Serviço: Lançamento do livro "Mama Mia", de Silvia Contaldo
Data: 5 de fevereiro, sábado Hora: das 11h às 14h
Local: Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274 - Savassi)
Valor da obra: R$ 32
Editora: Fique Firme
Páginas: 45