Com o objetivo de combater o câncer de pênis, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza um mutirão de cirurgia de postectomia (circuncisão), no dia 4 de fevereiro, em estados do Norte e Nordeste, contemplando cerca de 150 homens atendidos pela rede pública de saúde. Esse tipo de tumor atinge milhares de homens anualmente no Brasil e como 4 de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer, a SBU aproveita a aproximação da data para alertar os homens com relação aos cuidados que podem evitar a doença.
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Segundo dados obtidos com exclusividade pela SBU no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/Datasus) do Ministério da Saúde, houve uma queda no número de registros entre 2020 e 2021. Pelas dificuldades de acesso, com o advento da pandemia, observou-se diminuição em torno de 20% dos casos notificados pelo Ministério da Saúde.
A maioria das capitais nordestinas apresentou índices alarmantes, como Fortaleza (41%), São Luís (48%) e Maceió (78%)
Canalini reitera que o objetivo da SBU, nessa campanha, é justamente divulgar essas informações, fazendo com que os homens se conscientizem da importância dos cuidados para evitar a doença, além de alertar sobre a necessidade de consultar um especialista assim que seja notada alguma alteração nesse órgão.
A região com maior número de casos nesses quatro anos foi o Sudeste (3.162 casos), seguido por Nordeste (2.574), Sul (1.186), Centro-Oeste (658) e Norte (645). Nesse mesmo período, a prevalência (número de casos por cada 100 mil habitantes) foi a seguinte: Nordeste (9,93); Centro-Oeste (9,42); Sul (8,82); Sudeste (8,09); Norte (8,05). Os estados com maior registro de tumor de pênis são: São Paulo (1.484), Minas Gerais (1.059), Bahia (609) e Paraná (565).
“O câncer de pênis é raro na população ocidental, porém representa uma doença destrutiva que tende a ser mais prevalente nos países em desenvolvimento. No Brasil, pode representar 17% de todas as neoplasias malignas em certas regiões. A incidência aumenta com a idade, atingindo o pico entre 50 e 70 anos de idade”, ressalta Ubirajara Ferreira, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.
Uma das consequências desse câncer é a amputação do órgão. De acordo com dados também obtidos pela SBU juntamente com o Ministério da Saúde, nos últimos 14 anos foram registradas 7.213 amputações, o que corresponde a um aumento de 1.604% no referido período e uma média de 515 procedimentos por ano.
Em números absolutos, a região com maior incidência de amputação é o Sudeste, com 2.872 casos no período, seguido por Nordeste (2.104), Sul (1.134), Norte (631) e Centro-Oeste (472). Os estados com maior número de caso são: São Paulo (1.227), Minas Gerais (1.067) e Paraná (582).
A diretora de Comunicação da SBU e uma das idealizadoras da campanha, Karin Anzolch, explica que muita gente sequer sabe que o pênis também pode ter câncer, e mais, que pode ser prevenível com medidas relativamente simples. Em 2021 a SBU assinou um termo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde e um dos focos é justamente o câncer de pênis.
“Essa doença já está há muito tempo na nossa mira e então resolvemos implantar esse dia de conscientização, que será no Dia Mundial de Combate ao Câncer, 04 de fevereiro. Assim, nessa data e ao longo de todo o mês, faremos várias ações para a conscientização e combate dessa devastadora doença”, esclarece a doutora.
Sinais de alerta
Quando se trata de câncer de pênis, qualquer mudança na genitália deve ser avaliada pelo urologista.
“O homem deve suspeitar de qualquer alteração no seu pênis, como ferida que não cicatriza, nódulos, secreções saindo do prepúcio, área vermelha endurecida, sangramentos vindos da glande (aquela que não é exposta), pruridos (coceiras). Dessa forma, é recomendável procurar um urologista se perceber qualquer lesão no pênis, pois ela pode ser ‘pré-maligna’, evitando, assim, a evolução para o câncer propriamente dito”, orienta José de Ribamar Rodrigues Calixto, supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU.
Fatores de risco e prevenção
Esse tipo de tumor está relacionado em sua grande maioria à higiene inadequada do pênis. É preciso afastar o prepúcio (pele que recobre a cabeça do pênis) para lavar. Podem contribuir ainda: excesso de prepúcio, fimose (quando a pele que recobre o pênis não deixa a glande ser exposta), contaminação pelo HPV e tabagismo.
“O Brasil é um dos campeões mundiais na incidência de câncer de pênis, o qual é facilmente evitável com a higiene íntima e tratamento da fimose. Infelizmente, a desinformação e a dificuldade de acesso à saúde fazem com que muitos homens tenham o órgão genital amputado e morram por câncer de pênis. A SBU tem um papel fundamental alertando governo e população para a existência desse mal, ajudando na elaboração de políticas de saúde e treinando urologistas para o tratamento do câncer de pênis”, finaliza Ubirajara Barroso Jr., diretor da Escola Superior de Urologia.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.