Uma mulher acostumada a beber um chá emagrecedor de 50 ervas, incluindo chá verde, carqueja e mata verde desenvolveu uma hepatite fulminante e agora aguarda por um transplante de fígado no Hospital das Clínicas de São Paulo. O alerta foi dado em uma rede social por uma médica gastroenterologista da unidade de saúde que assumiu o caso. Ela chama a atenção da sociedade sobre os riscos de ingerir chás emagrecedores.
Liliana Ducatti Lopes é médica cirurgiã com especialização em aparelho digestivo e realiza transplantes de fígado e outros órgãos. Conforme a doutora, a paciente desenvolveu a grave doença após beber os chás.
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Ainda conforme a médica, em casos semelhantes, a primeira coisa a se fazer é investigar a causa.
"Na grande maioria das vezes é medicamentosa. Alguns medicamentos, como anabolizantes e outras medicações usadas, por exemplo Roacutan. Mas normalmente se faz uso desses medicamentos com acompanhamento médico e exame de sangue para ver como está a saúde do fígado."
Ela ressaltou que no caso da paciente internada no HC, a família relatou que ela não usava medicamentos, mas levou ao consultório um frasco de chá emagrecedor com 50 ervas.
"Quando olhamos o rótulo dessa medicação já podemos identificar diversas ervas conhecidas por serem hepatotóxicas, por fazerem mal ao fígado. Dentre elas, a mais comum e mais conhecida é o chá verde. É muito bem descrito na literatura, há vários relatos e papers que mostram casos de hepatite fulminante causada por uso de chá verde."
Liliana Ducatti Lopes destacou que o chá verde, a carqueja e a mata verde são ervas conhecidas na literatura médica por serem prejudiciais ao fígado.
"Nós recomendamos não fazer o uso desse tipo de medicação: chá que desincha, chá detox, natural, erva... Não faça uso, desaconselhe as pessoas que você conhece. Isso tudo é charlatanismo e são descritos como hepatotóxicos, fazem mal para o fígado sim e podem levar à necessidade de um transplante de fígado".
Além de todo sofrimento, muitas vezes o paciente acaba falecendo à espera de um doador de fígado.
"O pior é que muitas vezes a pessoa não consegue nem chegar ao transplante do fígado. Nós estamos com essa paciente priorizada, mas infelizmente até agora não apareceu nenhum doador. Estamos contando as horas e os minutos torcendo para que apareça um doador e ela seja transplantada e sobreviva, mas ainda não temos essa certeza. E tudo isso por causa de uma medicação que poderia ter sido evitada, um falso remédio para emagrecer, uma falsa ilusão de que é natural e não tem problema. Tem problema sim. Na literatura médica está muito bem descrito, é só procurar", concluiu a médica cirugiã.