(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas COMPORTAMENTO

Hobby: atividade que ajuda a cuidar da mente, do coração e... do bolso

Ter a criação de joias como hobby? A ourivesaria é uma atividade mágica que, por ser meticulosa, pode ser um passatempo que ajuda no resgate da autoestima


13/02/2022 04:00 - atualizado 10/02/2022 10:44

 Luiza Hermeto e Fernanda Salomão e Camila Diniz
Sócias da Criadouro, Luiza Hermeto e Fernanda Salomão, com a aluna Camila Diniz (D), fisioterapeuta que busca na joalheria paz e criatividade (foto: Jair Amaral/EM/d.a press)
  Cultivar um hobby é tentar algo novo e isso torna a pessoa mais interessante. E fará bem a ela e aos outros um passatempo para colecionar experiências, histórias, para compartilhar, ensinar, estimular, aprender e ter um momento dedicado exclusivamente para si. Camilla Diniz, de 36 anos, fisioterapeuta, conta que desde a adolescência tem os trabalhos manuais como hobby.

Já fez de tudo um pouco: montagem de biju, chinelos decorados, ponto de cruz, shambalas e imagens sacras: “O trabalho manual me enche de alegria e, quando estou ali, criando, é o momento em que posso curtir minha solitude, praticamente uma meditação”.
 
Camila vem de uma família que sempre teve paixão por joias. E se encontrou em um espaço especial. Da união de duas criadoras e artistas mineiras em torno de uma paixão, as joias, Fernanda Salomão, arquiteta e designer de joias, e Luiza Hermeto, designer gráfica, de joias e ourives, nasceu a Criadouro, escola de joias que, conforme elas, mais do que joias criam significado, afeto, cuidado, atenção, oferecem experiências vivenciais.

“Minha tia-avó passou para minha mãe, que consequentemente passou pra mim. Quando criança, eu adorava pegar a caixa de joias da minha mãe e ficar admirando e escutando a história por detrás de cada peça. O meu fascínio pelas gemas e pérolas vem daí.”
 
Ela conta que seus hobbies sempre tiveram um propósito: pagar algum curso ou especialização internacional na área de fisioterapia neurológica. “Mas quando ingressei na Criadouro, o propósito foi alterado para ser uma segunda profissão. Inicialmente, era para aprender algo novo e ser um novo hobby. Mas a paixão por joias virou hobby e, agora, profissão. A joalheria me traz paz, aflora minha criatividade e é o meu projeto de aposentadoria.”
 
Na fisioterapia, Camila trabalha com adultos e idosos com diversas comorbidades. “A responsabilidade com eles é muito grande. Com isso, tem dois anos que não frequento bares e não vejo os amigos, para me proteger da contaminação por COVID-19. Foi o estudo e os ensinamentos que tive na joalheria que me ajudaram a enfrentar esse momento com mais leveza e não pirar, literalmente.”

Já tivemos aluno que parou com remédio de ansiedade e depressão só com o trabalho na banca, adolescente com TDAH, pois traz foco e calma para execução do trabalho, alunos que vêm apenas para ocupar a mente e se divertir, assim como aqueles que querem levar a joalheria para o profissional. E é nisso que a gente aposta, a joalheria pode ser 'remédio', pode ser diversão e também um trabalho sério e lucrativo

Fernanda Salomão, arquiteta e designer de joias, sócia da Criadouro

Na Criadouro, as sócias Fernanda e Luiza recebem quem quer mergulhar neste mundo como hobby ou negócio. “Normalmente, quem procura a joalheria como hobby é porque gosta muito de joias ou de pedras. Tem também as que estão em busca de peças diferentes do que encontram no mercado e querem aprender ourivesaria para construir as próprias peças, de acordo com sua personalidade. Quando estamos na banca resolvendo problemas de uma peça, uma dobra ou um pino, os outros problemas da vida parecem desaparecer e o tempo voa. Funciona, sim, como prazer e escape, com certeza”, destaca Luiza.
 

Vontade, paixão e dedicação

 
E Luiza garante que não precisa de algo especial: “Como tudo na vida, podemos aprender. Assim como andar e falar, acredito que temos capacidade para aprendermos a criar. Existem exercícios e técnicas de processo criativo que podem desengatilhar processos nesse sentido. Ou seja, se você tem vontade, paixão e dedicação vai dar certo. O importante é começar e praticar. Com o tempo, podemos construir o olhar; já o talento e a habilidade se revelam com a prática.”
 
A pandemia, enfatiza Luiza, foi um atropelamento, mas com a parceria de Fernanda, a Criadouro tem sido um bálsamo para elas e o público. “No início, pensei em desistir. Por isso valorizo tanto essa parceria com a Fernanda. Naquele momento incerto, ela pegou minha mão e me puxou pra cima. Foi preciso rever muita coisa, mas o principal não mudou. As pessoas precisam se relacionar, trocar, estar juntas. Esse é nosso ponto forte. A troca de conhecimento, o afeto com o outro, a boa vontade de contribuir, e, durante a pandemia, isso ficou ainda mais claro. De certa forma, reafirmou nosso propósito e nos trouxe a certeza de que estamos realizando o que nós nos propusemos. Tivemos muita procura de pessoas que queriam sair, se relacionar, aprender, trocar conhecimento, conviver, sem aglomerar, com cuidado e carinho, e estávamos lá pra recebê-las.”
 
Luiza conta que, para ela, hobby é um momento de fazer o que gosta e relaxar. “Sempre tive hobby, gosto muito de criar e já experimentei diferentes hobbies ao longo da vida. Tirar um tempo para fazer algo que gosto significa muito pra mim, além de ser uma forma de autoconhecimento, onde tenho a oportunidade de me olhar por outros ângulos, o que valorizo muito.”


Mão na massa


Já para Fernanda Salomão, hobby é poder fazer algo que lhe faz bem, que alivia a mente, preenche o coração e permite estar no “aqui e agora”. “Antes de ser joalheira, quando ainda exercia a arquitetura, tinha a ourivesaria como hobby e isso me preenchia. Sempre gostei desse universo e buscava diferentes formas de conhecimento, e isso, por fim, acabou mudando totalmente meu lado profissional. Hoje, posso dizer que meu trabalho também é minha diversão”, diz.

Fernanda garante que é mito pensar que joalheria é só para mestres do ofício, talentos natos. “Quando pensamos em criar a Criadouro, espaço colaborativo que eu e a Luiza construímos, foi justamente para desmistificar a joalheria, mostrar que é para todos, só precisa gostar de criar, pôr a mão na massa e se divertir. A ourivesaria é uma atividade mágica que ajuda na autoestima, traz foco, paciência e diminui a ansiedade.”
 
De repente, surge aqui uma janela para as apaixonadas por joias. É possível. Um hobby para lá de instigante. Fernanda destaca que os perfis são os mais variados: “O que torna tudo tão especial, e para todos. Já tivemos aluno que parou com remédio de ansiedade e depressão só com o trabalho na banca, adolescente com TDAH, pois traz foco e calma para execução do trabalho, alunos que vêm apenas para ocupar a mente e se divertir, assim como aqueles que querem levar a joalheria para o profissional. E é nisso que a gente aposta, a joalheria pode ser 'remédio', pode ser diversão e também um trabalho sério e lucrativo.”
 
Para Fernanda, a pandemia trouxe um “sacolejo” para a Criadouro, que quase teve as portas fechadas. Afinal, era uma atividade totalmente presencial: “Mas juntamos energia e tudo se transformou. Acho que a busca por novos ares, novos caminhos, atividades diferentes e que possam cuidar da mente e do coração mexeu com muita gente em tempos de COVID-19 e várias portas foram abertas, pessoas de diversas áreas, com ideias e perfis diferentes, acabaram se conectando aqui na Criadouro, e transformando o universo da joalheria de forma especial. O trabalho da joalheria se mostrou para todos e também é de cada um”.

 
O que a ciência diz sobre hobbies

Homem cuidando do jardim, com mudas de flores nas mãos
Plantar, regar e fazer trabalhos manuais também diminui em 30% o risco de doenças cardíacas e derrame (foto: planet_fox/Pixabay)

  1. Dançar: pé de valsa ou não, a atividade é ótima para a saúde cardiovascular, melhora o equilíbrio e faz bem ao cérebro. Segundo estudo publicado no New England Journal of Medicine, quem dança regularmente tem 76% menos risco de ter demência.
  2. Cuidar do jardim: outro estudo, publicado no periódico científico PLOS One, cuidar do jardim reduz a deficiência de vitamina D nos idosos. Sem contar que plantar, regar e fazer trabalhos manuais também diminui em 30% o risco de doenças cardíacas e derrame, segundo um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine.
  3. Escrever: reservar um tempo do dia para sentar e escrever sobre seus sentimentos é positivo para a saúde mental, principalmente para melhorar a memória e diminuir o estresse. Pesquisa publicada na Psychosomatic Medicine indica que escrever sobre traumas tem um papel fundamental em curar as feridas.
  4. Ouvir música: de acordo com um estudo publicado na Nature Neuroscience, a música influencia nos neuroquímicos e melhora o sistema imunológico, além de reduzir os níveis de ansiedade e depressão. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)