Jornal Estado de Minas

VACINA E FAKE NEWS

Vacina da COVID não causou mal súbito em jornalista da Alterosa, diz médico

 

O episódio ocorrido com o jornalista Rafael Silva, de 36 anos, teve bastante repercussão após ser associado erroneamente como consequência da vacina contra a COVID-19. No início de janeiro deste ano, no dia 03/01, o apresentador da TV Alterosa teve uma parada cardíaca e desmaiou ao vivo. A morte súbita foi evitada graças à rapidez e eficiência do primeiro atendimento realizado no estúdio pela própria equipe da emissora.





 

Após acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), os primeiros socorros foram realizados. No caminho do hospital, ele ainda sofreu outras 4 paradas cardíacas.

 

Silva ficou internado na cidade em que trabalha, Varginha, no Sul de Minas, até o dia 6 de janeiro, quando foi transferido para o Instituto Orizonti, onde recebeu assistência do cardiologista e membro da equipe de arritmias Henrique Barroso Moreira. Em conversa com o profissional, ele explicou que ainda não foi possível obter um diagnóstico preciso, mas que o ocorrido nada teve a ver com a terceira dose do imunizante contra o COVID-19 que Rafael havia tomado duas semanas antes.

 

O pronunciamento do médico que procedeu o tratamento e realizou a cirurgia do apresentador é essencial para invalidar cientificamente as afirmações que tomaram conta da internet após o incidente. Deputados bolsonaristas e aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), insinuaram, sem nenhuma prova médica, que o mal súbito de Silva, foi, na verdade, uma reação a vacina da Pfizer.

 

No Twitter, a deputada federal Carla Zambelli emitiu a seguinte nota:

Deputada via twitter insinuando que paradas cardíacas sofridas pelo apresentador foram efeito colateral da vacina (foto: Twitter Carla Zambelli/Reprodução )
 

 

Outra deputada federal, Bia Kicks (PSL-DF), também compartilhou a notícia sobre o caso e disse: “Mais um mal súbito, dessa vez ao vivo. Mas é normal”.





 

Moreira explicou que, independentemente de posicionamento político, ele tem um compromisso com a ética da profissão e veracidade dos fatos, e, após realizar diversos exames, foi possível chegar à conclusão de que o caso de Rafael Silva, em específico, não foi consequência colateral do imunizante.

"Não encontramos nos exames todos que foram feitos no Instituto Orizonti nenhuma alteração que sugerisse que o episódio tenha relação com a vacina", disse o médico.

 

O médico enfatiza que não há por que mentir, e, se a relação fosse verídica, por questões de princípios e com o propósito de informar e alertar toda a população, ela seria noticiada da mesma maneira. “A intenção da vacina é reduzir os danos que a doença pode provocar no ser humano, vão existir pessoas numa porcentagem muito pequena que vão ter efeitos colaterais mais agressivos”, explica.

O profissional, responsável por realizar a cirurgia de implante do cardiodesfibrilador em Rafael Silva, salienta que em tudo na vida há uma certa relação dos benefícios versus os riscos, e isso não seria diferente com as vacinas. “Os benefícios analisados e estudados do imunizante, são incomparavelmente maiores do que seus riscos”, concluiu.





 

Defensor da vacina desde sempre, o jornalista diz ter ficado aliviado quando lhe informaram que o episódio não foi consequência da terceira dose e reforça que “se tivesse sido o imunizante, teria sido o primeiro a se pronunciar”. Rafael Silva explica que teve uma perda de seis dias de memória, sem se recordar do ocorrido ele até brinca: “Se morrer for assim, é melhor do que imaginava, eu realmente não lembro e, por isso, não sei o que senti”.  Ao tentar entender, os médicos explicaram à Rafael Silva que isso é um mecanismo de defesa do organismo.

 

Depois de acordar e receber as informações de tudo que ele havia passado, o jornalista pegou as redes sociais para ver a repercussão de todo o caso. “Eu fiquei chocado com o tanto de comentário maldoso. Nunca entraria nas redes sociais de uma pessoa para desejar a morte dela, o que aconteceu comigo, ainda mais considerando o momento de fragilidade que eu e minha família estávamos passando” conta.

Em contrapartida e felizmente, havia comentários desejando a melhora do jornalista e outros indagando se ele iria tomar a 4ª dose da vacina. Quando questionado, ele respondeu: “Eu continuo acreditando 100% nas vacinas. Agora eu tenho um problema de coração, então vou conversar com meu médico e só não irei tomar caso minha condição seja um problema.”

 

Bastante religioso, Rafael Silva acredita que o que aconteceu com ele foi por algum motivo e, com a cabeça erguida e otimismo, ele vai extrair um propósito. “Obviamente não gostaria de passar por isso, ninguém gostaria, mas já que aconteceu comigo, acredito ser fruto de um milagre com uma missão na terra e agradeço aos socorristas da emissora, pois sem eles, definitivamente não estaria aqui”, finalizou. Atualmente o apresentador já voltou, com cautela, as atividades normais.