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Estado de Minas SAÚDE MENTAL

Brainspotting: habilidade natural do cérebro de se autoescanear

Terapia com base cerebral, brainspotting é o campo da saúde mental que mais cresce diante da sua capacidade de resolver questões mais rapidamente


06/03/2022 04:00 - atualizado 05/03/2022 22:31

Ilustração de uma escuta do cérebro/cabeça
É fundamental que todos cuidem da saúde mental (foto: Gerd Altmann/Pixabay)
 Esly Carvalho, Ph.D., presidente da TraumaClinic do Brasil e treinadora de brainspotting, vice-presidente da Asociación Ibero-Americana de PsicoTrauma (AIBAPT), destaca que a expressão cunhada por David Grand que define o brainspotting – “Onde você olha afeta o que você sente”, comprova como é surpreendente ver como olhar fixamente a um ponto determinado que está vinculado a uma lembrança difícil pode permitir que se faça um reprocessamento profundo.

“As pessoas podem resolver traumas e lembranças traumáticas de forma mais rápida e resolutiva do que terapias mais tradicionais que não incluem o reprocessamento cerebral das memórias.”
 
Ela recomenda a leitura do livro “Brainspotting: A nova terapia revolucionária para mudança rápida e efetiva”, de David Grand, editado pelaTraumaClinic Edições, com versão em português. Nele, o leitor terá acesso à história do brainspotting – como evoluiu da prática de EMDR para se tornar uma ferramenta versátil para uma abordagem terapêutica cerebral.

Estudos de caso e a evidência para a efetividade do brainspotting, com explanação das diferentes técnicas e como usá-las. A descrição de como o brainspotting pode ser usado para tratar trauma, ansiedade, depressão, adição, dor física, doenças crônicas, e muito mais.

E como disse Grand: “Brainspotting permite que possamos usar a capacidade natural do cérebro de se autoescanear, de forma que podemos ativar, localizar, e processar as origens do trauma e da perturbação no corpo.” 
 
Esly Carvalho
Esly Carvalho, presidente da TraumaClinic do Brasil, diz que quanto mais frágil o paciente ou severo o diagnóstico, mais se usa os pontos de recursos (foto: Arquivo Pessoal)
Esly Carvalho explica que o brainspotting funciona. Segundo ela, a pessoa encontra um ponto no seu campo visual, com a ajuda do terapeuta, que se conecta com uma lembrança. Quando um brainspot é ativado, a parte mais profunda do cérebro parece estar, reflexamente, alertando o terapeuta – para além da percepção do neocórtex do cliente – que uma área de relevância foi localizada. A hipótese é que um brainspot seja a atividade na região subcortical do cérebro em resposta à ativação focada e à posição ocular.
 
O brainspointg é, portanto, visto como uma abordagem fisiológica com consequências psicológicas, que promove coerência entre a ativação simpática e a parassimpática. E um brainspot é entendido como uma posição ocular, que se correlaciona com uma informação fisiológica, que guarda uma experiência traumática em forma de memória.
 
A treinadora enfatiza que, assim como o brainspotting trata temas difíceis, as pessoas podem encontrar pontos em seu cérebro por meio do olhar que correspondem a lembranças boas ou que servem de recursos quando se tem que enfrentar situações ou lembranças difíceis.

“Por isso que se pode tratar, praticamente, qualquer lembrança desde que o terapeuta de brainspotting saiba usar esta dinâmica de reprocessamento de lembranças difíceis com o uso de recursos. Quanto mais frágil o paciente ou severo o diagnóstico, mais se usam os pontos de recurso.”
 
Psicóloga e psicoterapeuta, Silvia Guz
A psicóloga e psicoterapeuta Silvia Guz é treinadora de brainspotting e também atua com a psicoterapia de reprocessamento EMDR (foto: Arquivo Pessoal)
Esly Carvalho destaca que há uma lista de profissionais capacitados no seu site , onde se podem encontrar terapeutas formados pela TraumaClinic. Ela, ao lado de Silvia Guz, psicóloga e psicoterapeuta atuando em clínica há mais de 20 anos e formação nas psicoterapias de reprocessamento como EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) e brainspotting, capacitam muitos profissionais.
 
Além da tomada de decisão, aspetos pessoais, emocionais, a terapia sempre enfrenta a barreira, para a maioria no país, do custo. Ainda que qualquer um com sofrimento psicológico ou emocional possa buscar atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS), as terapias mais inovadoras não estão presentes.

Esly Carvalho conta que o custo de cada sessão depende do terapeuta e de quanto cobra. Quando há situações de desastres, é possível fazer projetos de ajuda humanitária no qual os terapeutas doam os serviços durante a catástrofe. “E seria um sonho feito realidade se pudesse ser incorporado ao SUS.”

DEPOIMENTO PESSOAL

quadro
Quadro Inverno, da coleção Quatro Estações, de Esly Carvalho, treinadora de brainspotting (foto: Arquivo Pessoal)
Para confirmar o resultado e todo o benefício oferecido pelo brainspotting, Esly Carvalho faz questão de dar um depoimento pessoal: “Tinha ficado mais de 20 anos bloqueada no meu desenvolvimento artístico. Além de ser terapeuta e psicóloga, sempre gostei de pintar, tocar piano ou violão. Mas não conseguia mais pôr a mão num pincel. Num congresso nos EUA, David Grand perguntou se alguém queria trabalhar um tema ligado à criatividade, e eu me ofereci. Depois de fazer a sessão onde vimos as questões ligadas a esse bloqueio, voltei a pintar, afinei o piano e comprei um violão.”
 

AS VANTAGENS DO BRAINSPOTTING*

  • Mudança global: o acesso profundo e direto no corpo trabalha as regiões envolvidas no sintoma e sua causa.
  • Fisiologia: os recursos corporais são otimizados. Alguns pacientes relatam melhoras já nas primeiras sessões.
  • Percepção corporal: os pacientes frequentemente relatam melhora da percepção corporal.
  • Rastreamento: pode-se não saber conscientemente qual é o problema, mas o corpo sabe e procura as respostas.
  • Exposição reduzida: durante a aplicação do brainspotting o paciente não precisa falar sobre seus problemas, a não ser que queira.


PARA QUE O BRAINSPOTTING É INDICADO?*

  • Baixa autoestima
  • Bullying (humilhação, exclusão, difamação e agressão na escola)
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Dislexia
  • Gagueira
  • Pânico
  • Depressão
  • Fibromialgia
  • Fobias
  • Timidez
  • Problemas relacionados ao desempenho sexual
  • Dificuldades de relacionamento
  • Assédio moral
  • Somatizações
  • Excesso de ansiedade, ciúmes, culpa, tristeza, raiva, vergonha, medos
  • Excesso de dores, formigamentos, cheiros e gostos que não existem
  • Dor fantasma
  • Enxaqueca
  • Estresse pós-traumático
  • Memórias perturbadoras
  • Pesadelos recorrentes
  • TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)
  • Perda de entes queridos
  • Vítimas de catástrofes naturais, acidentes em geral e de violência – verbal, corporal, sexual.
*Fonte: Instituto Abathon Medicina e Saúde 


QUEM FAZ BRAINSPOTTING BUSCA...*

  • Melhoria de desempenho profissional nos negócios, artes e esportes
  • Melhoria de desempenho no aprendizado de idiomas
  • Redução/administração do estresse
  • Preparação para cirurgias e recuperação de procedimentos cirúrgicos hospitalares
  • Instalação de recursos positivos
*Fonte: Instituto Abathon Medicina e Saúde


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