No filantrópico Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, os pacientes em cuidados paliativos ganharam um novo espaço para reabilitação: a Varandinha da Plasticidade.
Localizada no segundo andar do prédio Baeta Vianna, com vista para a Mata da Baleia, que pega parte da Serra do Curral, a varanda foi revitalizada a partir de um projeto neuroarquitetonico – que trabalha a relação dos estímulos que o cérebro recebe com o espaço físico.
Localizada no segundo andar do prédio Baeta Vianna, com vista para a Mata da Baleia, que pega parte da Serra do Curral, a varanda foi revitalizada a partir de um projeto neuroarquitetonico – que trabalha a relação dos estímulos que o cérebro recebe com o espaço físico.
A designer de interiores e fisioterapeuta geriátrica Cristina Atheniense uniu o amor pela terceira idade com o desejo que o Hospital da Baleia tinha de reformar a varanda da ala dedicada aos Cuidados Paliativos.
“O projeto foi baseado na neuroarquitetura, ou seja, neurociência aplicada à arquitetura. Essa ciência entende como nosso cérebro reage ao ambiente, estimulando emoções, comportamentos e trazendo bem-estar. Em um contato telefônico para o hospital, ofereci ser voluntária para aplicar esses conhecimentos científicos sobre neuroarquitetura”, afirma.
“O projeto foi baseado na neuroarquitetura, ou seja, neurociência aplicada à arquitetura. Essa ciência entende como nosso cérebro reage ao ambiente, estimulando emoções, comportamentos e trazendo bem-estar. Em um contato telefônico para o hospital, ofereci ser voluntária para aplicar esses conhecimentos científicos sobre neuroarquitetura”, afirma.
A Varandinha da Plasticidade conta com cantinho de leitura, música ambiente, painel sensorial para estímulo cognitivo do paciente, mesas lúdicas, placas em braile, além de frases de estímulo e uma homenagem aos profissionais de saúde. A escolha dos materiais, formas, texturas e cores foi baseada no princípio da biofilia – que remete à natureza.
A iluminação diz respeito ao ciclo circadiano, que acompanha a intensidade da luz do Sol, fazendo com que os hormônios sejam produzidos de forma assertiva, influenciando no relógio biológico do paciente. Já as gotas projetadas nas portas indicam a natureza.
A iluminação diz respeito ao ciclo circadiano, que acompanha a intensidade da luz do Sol, fazendo com que os hormônios sejam produzidos de forma assertiva, influenciando no relógio biológico do paciente. Já as gotas projetadas nas portas indicam a natureza.
O destaque do projeto é o painel de fractal: as formas geométricas que repetem padrões em escalas menores encontradas na natureza como nas flores, conchas, folhas e cientificamente comprovadas pela Universidade de Oregon como efeito calmante.
De acordo com a coordenadora de cuidados paliativos do Hospital da Baleia, Cristiana Savoi, por ser um local próximo à grande área verde do Baleia, a equipe percebeu a infinidade de benefícios aos pacientes. “É a realização de um sonho antigo e de várias pessoas que, de alguma forma, foram essenciais para o projeto sair do papel”, afirma.
ESTÍMULOS Promovendo o estudo do sistema nervoso nos projetos de arquitetura, é possível entender como o cérebro reagirá a certo ambiente construído. Através dos estímulos dos cinco sentidos e da biofilia, Cristina afirma ser possível provocar comportamentos e emoções positivas, proporcionando bem-estar e estimulando o cognitivo do paciente.
O benefício dessa prática é justamente proporcionar um ambiente com mais aconchego, alegria e paz, acolhimento e, consequentemente, influenciando em uma melhor adesão e suporte ao tratamento. A designer reitera que a ala de convivência nos cuidados paliativos pode ser considerada um refúgio para pacientes, profissionais de saúde e acompanhantes, ou seja, um local de descompressão.
“Conseguimos também, por meio da arquitetura, estimular hormônios e melhorar a qualidade do sono através da inspiração no ciclo circadiano e com a automação da iluminação”, finaliza a profissional.
HOMENAGEM A paciente oncológica Delza Fátima de Santa Monica, de 54 anos, frequenta a Varandinha e já até escreveu um texto em homenagem ao local. “Temos que escrever sobre o que é belo e bom para o outro. Não só eu que uso este espaço, mas outros pacientes e familiares também”, afirma.
Delza está no hospital desde novembro de 2021. Ela fez uma cirurgia para retirada de tumor no cérebro e conta que, ao frequentar a Varandinha, ela se sente em casa. “É um espaço lindíssimo, inclusive com a natureza aos nossos olhos, como se estivéssemos em casa. É um espaço silencioso, reservado e bonito para receber os familiares”, conta.
Delza está no hospital desde novembro de 2021. Ela fez uma cirurgia para retirada de tumor no cérebro e conta que, ao frequentar a Varandinha, ela se sente em casa. “É um espaço lindíssimo, inclusive com a natureza aos nossos olhos, como se estivéssemos em casa. É um espaço silencioso, reservado e bonito para receber os familiares”, conta.
Ao responder sobre as atividades que são feitas no local, Delza é enfática e não deixa o bom humor de lado: “Eu caminho e, claro, tenho umas conversas particulares também, né? Então, faço exercícios fisioterapêuticos e converso sem interferências, já que tem cada mesinha maravilhosa, cada arquitetura linda. Olhe que espaço maravilhoso que temos perto do paciente e do familiar. Eu adorei este jardim, essas árvores lindas. Olhe que coisa mais linda!”, exclama a paciente enquanto olha para área verde do hospital.
De acordo com Cristiana Savoi, o projeto envolve as pessoas de forma global. “Mais do que o aspecto médico com tratamentos e medicamentos, quando temos um ambiente como esse os pacientes obtêm a sensação de cuidado amplo. Isso refletirá nos pacientes, familiares e até na satisfação da equipe. Círculos de boas energias e bons frutos – pacientes, familiares e colaboradores. Essa é a grande contribuição da Varandinha ao Baleia”, comemora.
Para a reforma da Varandinha foi utilizado o valor arrecadado durante campanha da Rede de Amigos junto aos Amigos do Baleia e contou com empresas parceiras. O Hospital da Baleia é referência em Minas Gerais no atendimento oncológico adulto e pediátrico. Atende a 88% dos municípios do estado, sendo 95% via Sistema Único de Saúde, o SUS. Além da oncologia adulta e pediátrica, há outros centros de referência, nefrologia (hemodiálise e transplante renal), ortopedia, pediatria, com destaque para o tratamento e reabilitação de fissuras labiopalatais e deformidades craniofaciais (Centrare), além de mais de outras 30 especialidades médicas.
* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram