Em meio a pandemia da covid-19, com o foco total na prevenção do novo coronavírus, um terço dos brasileiros, 31%, consideram que a dengue "deixou de existir" no país durante esse período pandêmico. Os dados são de uma pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) em parceria com a Takeda sobre o panorama da doença no Brasil. Ao todo, 2 mil pessoas foram entrevistadas em outubro do ano passado, por telefone, e falaram das próprias percepções sobre a dengue.
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A maioria dos brasileiros, 70%, conhece alguém que já teve dengue, enquanto 30% declararam já ter tido a doença. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, os números refletem a situação da doença no país.
"A dengue foi uma doença nos últimos anos muito importante aqui no Brasil, em todo o país. Ela causa surtos aqui no Brasil e não é de se espantar que a maioria das pessoas conheçam pessoas que tenham tido dengue", pondera.
Mas ainda que a maioria conheça a doença, seja por ter tido ou por conviver com alguém que teve, uma parcela da sociedade brasileira, ainda que pequena, desconhece pontos básicos da doença. A forma exata de contágio, por exemplo, não é de total conhecimento da população, já que 8% afirmaram que não sabem ou não lembram de como se dá o contágio e 4% mencionaram o contato de pessoa para pessoa – o que é incorreto.
Além disso, a maioria dos brasileiros, 56%, não sabe a quantidade de vezes possíveis de pegar dengue. Apenas 2% responderam corretamente e informaram que uma pessoa pode pegar dengue até quatro vezes, já que existem quatro sorotipos do vírus.
A médica infectologista Rosana Richtmann ressalta que a segunda contaminação por dengue se torna mais perigosa pra o paciente. Além disso, muitos casos de dengue são assintomáticos, logo muitas pessoas não sabem que já pegaram uma vez a doença e estão suscetíveis ainda para pegar novas vezes e desenvolver uma forma mais grave da dengue.
"Quando você tem dengue você cria uma imunidade específica para esse tipo específico, mas ainda fica suscetível aos outros sorotipos da doença", ressalta.