Diversas pesquisas realizadas no país e no mundo revelam que o brasileiro dorme mal. Uma delas, encomendada pela biofarmacêutica Takeda e realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 2020, mostra que 65% da população tem baixa qualidade de sono.
O estudo, denominado de Mapa do Sono, aponta ainda que somente 7% das pessoas nessa condição procuram profissionais médicos para tratar dos problemas.
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Atualmente, existem mais de 100 distúrbios do sono, sendo a insônia e a apneia obstrutiva – bloqueio da via aérea ao nível da garganta durante o sono – os mais comuns.
Esses problemas são frequentemente associados à hipertensão arterial, obesidade, refluxo, depressão, ansiedade, dificuldades de memória e aprendizado, ao maior risco de acidentes e muitos outros problemas.
Na tentativa de cumprir prazos cada vez mais curtos e atender as múltiplas demandas profissionais, familiares e sociais do século 21, manter uma rotina de sono regular acaba ficando para segundo plano, mas um dia a conta chega.
“A falta de sono pode afetar drasticamente a nossa qualidade de vida, pois ele é essencial para nossa saúde física e mental. Dormir bem é, de certa forma, o caminho para melhorar o aprendizado, o humor, os níveis de energia, regular os hormônios e prevenir doenças como o câncer, doenças cardíacas, Alzheimer e diabetes, além de retardar os efeitos do envelhecimento”, pontua Maria do Costa Garavini, dentista especialista em odontologia do sono.
Segundo a especialista, na primeira metade da noite, o indivíduo descansa o corpo – quando ocorre a secreção de anabólicos e a excreção de catabólicos – já na segunda metade da noite, ocorre a renovação da capacidade de atenção e aprendizado, mas quando há restrição do sono ou sono de má qualidade isso não ocorre.
“Por exemplo, se você ficar 24 horas sem dormir e depois dirige, é o equivalente a tomar 12 copos de cerveja ou 6 copos de vinho e pegar no volante. Então imaginem quantos acidentes automobilísticos são provocados por motoristas com privação de sono” reitera.
O sono é regulado por dois processos diferentes, o ciclo circadiano (C) e o controle homeostático (S).
Vasconcellos explica que o processo C é o período de 24 horas em que o relógio biológico interno mantém as atividades e os processos biológicos do corpo como metabolismo, sono e vigília, diretamente sincronizado com a exposição à diferentes tipos de luminosidade ao longo do dia.
Já o controle homeostático é que lhe dará a “pressão” do sono, ou seja, quanto maior o acúmulo de substâncias que promovem o sono, maior será sua vontade de dormir.
Durante o sono, essas substâncias são liberadas, fazendo com que você se sinta alerta novamente. Por isso, cochilar à tarde por muito tempo pode esgotar essas substâncias promotoras do sono e atrapalhá-lo durante a noite.
Dicas para um sono melhor
A coordenadora do Ambulatório de Neurologia do Comportamento da Santa Casa BH, Cintia Hatasa, dá algumas dicas para um repouso de qualidade.
- Ter horários regulares para se deitar e para despertar;
- Dormir em um ambiente confortável, escuro e sem ruídos;
- Ir para a cama somente na hora de dormir
- Não ingerir bebidas alcoólicas ou estimulantes, como café e refrigerantes, antes de dormir;
- Não levar dispositivos eletrônicos para a cama.
Hatasa reforça, no entanto, que é preciso se consultar com um médico, caso os problemas se agravem. “Não devemos fazer uso de medicamentos para distúrbios do sono sem orientação médica”, finaliza.
O ambulatório da Santa Casa BH funciona no Centro de Especialidades Médicas (CEM), que é 100% SUS, sendo destinado ao atendimento de distúrbios do sono de maneira geral, tanto de transtornos relacionados a doenças não neurológicas como de transtornos primários.