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Estado de Minas PANDEMIA

Os 9 novos sintomas da COVID-19: o que muda na prática?

Após mais de dois anos de pandemia, Reino Unido acrescentou novos sintomas à lista oficial do país. Especialistas analisam mudança e cenário no Brasil


05/04/2022 15:20 - atualizado 05/04/2022 17:47

Profissionais de saúde caminham em ponto de vacinação contra a COVID-19 no Reino Unido
Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido oficializa 9 novos sintomas da COVID-19 (foto: Paul ELLIS / AFP)

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido atualizou nessa segunda-feira (4/4) a lista oficial de sintomas da COVID-19 no país com 9 novos sinais da doença. Anteriormente, o país só listava oficialmente 3 indícios da infecção pelo coronavírus. A demora em ampliar o índice é um problema do ponto de vista clínico e epidemiológico, segundo especialistas ouvidos pelo Estado de Minas.

Mesmo após mais de dois anos de pandemia, a autoridade máxima da saúde no Reino Unido só listava oficialmente febre, tosse e perda de olfato ou paladar. Foram incluídos os seguintes sintomas: falta de ar; sensação de cansaço ou exaustão; dores no corpo; dores de cabeça; dor de garganta; congestão nasal ou coriza; perda de apetite; diarreia; e indisposição.

Na última semana, órgãos oficiais do Reino Unido registraram 4,9 milhões de casos de COVID no país, 600 mil a mais que na semana anterior.



No Brasil, a lista de sintomas reconhecidos pelo Ministério da Saúde já reconhecia as novidades britânicas, que faziam parte também das diretrizes utilizadas para definir as regras de afastamento do trabalho, por exemplo.

“O que aconteceu, na minha visão, é que com a chegada das variantes, os principais sinais e sintomas foram sendo acrescentados. A dor de garganta como primeiro sintoma não era comum nas outras variantes como foi na Ômicron, por exemplo. Em geral, as definições de agências visam o acompanhamento de casos passíveis de vigilância epidemiológica”, analisa o epidemiologista e mestre em infectologia, José Geraldo Leite Ribeiro.

Para Ribeiro, mudanças na listagem oficial de sintomas têm poucas afetações no sentido do tratamento individualizado, mas ajuda em medidas epidemiológicas de combate à doença. A visão é corroborada pela professora titular do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS-UERJ), Gulnar Azevedo e Silva.

Critérios bem definidos

“Quanto mais informação e mais critérios bem definidos forem estabelecidos, você está ampliando a possibilidade de conhecimento sobre a doença e seus efeitos. É muito importante que esses critérios sejam bem divulgados e aplicáveis em todos os contextos de um país”, avalia.

Para a médica, o Reino Unido ampliou a lista com atraso e o Brasil, que já tem um índice mais completo, poderia ter trabalhado melhor na divulgação desses sintomas. 

“É muito importante tornar isso público para ajudar na vigilância e na identificação pelas próprias pessoas. Acho que a gestão da doença seria melhor se as pessoas conhecessem melhor seus sinais”, pontua.
 
Na última semana, o Brasil superou a marca de 660 mil mortes em decorrência da COVID-19.

Mudança no tratamento médico

Embora não veja uma mudança no tratamento específico à COVID-19 causado pela inclusão oficial de sintomas, José Geraldo Ribeiro acredita que a pandemia pode provocar alterações na forma de trabalho dos médicos, que buscarão descobrir as causas específicas dos sintomas e não apenas tratá-los.

“Antes da pandemia, os médicos buscavam menos um diagnóstico etiológico. A partir da COVID-19 acredito que vai ser mais comum. Isso é positivo porque sem o diagnóstico etiológico, o seu conhecimento sobre a epidemiologia e o impacto na saúde não é tão claro”, afirma.

O epidemiologista explica que as viroses respiratórias costumam ter sintomas muito parecidos. Por isso, não havia um esforço em descobrir o agente causador da doença até a chegada do coronavírus, que estabeleceu uma nova política de rigor em testagens.

Ribeiro ressalta que para que, para que essa mudança no tratamento médico ocorra, é importante que a estrutura de testagem seja disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) e também pelos planos de saúde.

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