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Estado de Minas FUNCIONALIDADE DO FÍGADO

Tratamento para esteatose hepática requer atenção multidisciplinar

Doença atinge mais de 50% dos obesos e em torno de 35% dos pacientes diabéticos resistentes à insulina


20/04/2022 13:54 - atualizado 20/04/2022 14:37

Mulher com dor no lado direito do abdômen
Nem todos vão apresentar sintomas, mas algumas pessoas podem sentir uma dor no lado direito do abdômen (foto: Freepik/Divulgação )

O acúmulo de gordura no fígado, chamado de esteatose hepática (ES), é um problema extremamente comum nos dias de hoje e de fácil identificação. A incidência de esteatose hepática na população geral está entre 20% e 40%, sendo os principais fatores de risco a obesidade, o diabetes melitus tipo 2, as dislipidemias e a síndrome metabólica.

 

A  esteatose hepática atinge mais de 50% dos obesos e em torno de 35% dos pacientes diabéticos resistentes à insulina. A obesidade infantil também é um forte fator de risco e a ES está presente neste grupo de crianças em até 77%. Alguns produtos químicos, medicamentos e anabolizantes também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento da doença.

 

"A gordura no fígado é conhecida por vários nomes. A esteatose hepática é a mais comum e, no meio médico, é mais utilizado o termo doença hepática gordurosa não-alcóolica. Nada mais é que um acúmulo excessivo de triglicerídeos (conhecido popularmente como gordura) no fígado", explica o gastro/proctologista e cirurgião do aparelho digestivo, Henrique Perobolli.

 

Nem sempre os sintomas são perceptíveis, entretanto, é possível que algumas pessoas sintam dor no lado direito do abdômen, barriga inchada, enjoos, vômitos e mal-estar geral.

 

O depósito acentuado de gordura na célula do fígado pode levar à lesão na célula do fígado e, posteriormente, a uma inflamação, seguida por fibrose. A inflamação da célula do fígado é um problema mais grave, conhecido como esteato-hepatite. A partir daí, inicia-se um dano na célula do fígado, levando a alterações da função normal do fígado.

 

"Podemos avaliar o problema colhendo exames de sangue, as conhecidas enzimas hepáticas. Se este processo não parar por aí, existe uma evolução do fígado para fibrose e posterior cirrose hepática. Nesta fase, o risco de câncer é real, e o nome desta doença é hepatocarcinoma", esclarece o médico.

 

A detecção da ES é feita geralmente por ultrassonografia. Em casos de esteato-hepatite, a elastografia hepática (um exame específico, indolor, semelhante a um ultrassom normal) serve para avaliar o grau de fibrose e inflamação. Em alguns casos, também pode ser necessária a realização de uma biópsia hepática para uma melhor avaliação do grau de comprometimento do fígado.

 

Segundo o especialista, o melhor e mais eficaz tratamento da ES é a mudança nos hábitos alimentares e no estilo de vida. Dietas radicais, jejum, zero calorias e dietas retiradas da internet não resolvem o problema e podem até prejudicar.

 

O mais indicado é um programa de perda de peso gradual, onde se evite o consumo de alimentos e líquidos ricos em açúcares, gorduras saturadas/trans e muito calóricos. Exemplos de alimentos a serem evitados: carne vermelha, leite e laticínios integrais, pães gordurosos com recheios, bolachas, bolos, tortas, alimentos enlatados, frituras (fast foods) e bebidas alcoólicas.

 

"Sempre recomendo aos pacientes inserir em sua rotina a prática de exercícios físicos, em torno de 150-200 minutos por semana, em 3 a 4 sessões, atividades aeróbicas, de resistência e com pesos. Alguns alimentos, ainda, são mais propensos à melhoria do quadro, portanto, contribuem muito para o tratamento. São eles: alimentos ricos em Omega-3, como peixes e linhaça, frutas e verduras, cereais integrais, leguminosas, oleaginosas e carne branca (frango)", esclarece.

 

Vale frisar que é necessária uma assistência multidisciplinar para tratar esta doença. Por isso, ao identificar o problema, é fundamental buscar um hospital que possua uma equipe multidisciplinar composta por gastroenterologistas, nutricionistas, psicólogos, nutrólogos, hepatologistas cardiologistas e cirurgiões, que, juntos, irão compor o tratamento mais adequado e completo para cada paciente.


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