O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como "insustentável" a atual política de saúde pública da China para conter a pandemia, comumente conhecida como "zero covid".
Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da organização internacional, afirmou ter manifestado a posição às autoridades do gigante asiático e acrescentou que acredita que "uma mudança seria muito importante".
- Pesquisa mostra como a pandemia de covid alterou nossa percepção do tempo
- A vida em Xangai em lockdown contra a covid: 'Paguei quase R$ 300 por carne podre'
"Quando falamos da estratégia zero covid, não achamos sustentável considerando o comportamento do vírus hoje e o que projetamos para o futuro", declarou o diretor-geral.
"Discutimos o assunto com especialistas chineses. E indicamos a eles que esse tipo de gestão não será sustentável... Acho que uma mudança seria muito importante", acrescentou.
Leia Mais
Acolhimento e individualização são novos aliados contra o câncerOMS: casos de COVID-19 aumentam em 50 paísesH1N1 pode ser descendente de vírus que causou pandemia de gripe em 1918Comprovante de vacinação agora pode ser acessado offlineMetade dos pacientes com COVID têm sequelas que podem passar de um ano
Ao contrário de muitos outros países, a China segue uma estratégia de zero covid, com o objetivo de erradicar completamente o vírus de seu território.
Entre as medidas utilizadas para atingir o objetivo de impedir a propagação do agente infeccioso, as autoridades mantêm os cidadãos em quarentenas muito restritas.
Quase 25 milhões de pessoas permanecem confinadas em suas casas na cidade de Xangai, por exemplo.
A extensão das medidas desencadeou alguns protestos da população da cidade, algo inusitado no rígido governo comunista chinês, segundo a agência Reuters.
Equilíbrio
O diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, também entende que as autoridades de saúde devem levar em conta o impacto que uma política de zero covid pode ter nos direitos humanos da população.
"Sempre dissemos, como OMS, que devemos equilibrar as medidas de controle com o impacto que elas têm na sociedade, na economia, e esse equilíbrio nem sempre é fácil de alcançar", afirmou.
Ele também salientou que o número total de óbitos reportados pela China desde o início da pandemia, que atualmente está em 15 mil, é "relativamente baixo" quando comparado aos quase 1 milhão de mortes nos Estados Unidos, 664 mil no Brasil e mais de 524 mil na Índia.
De acordo com Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para a resposta à covid, atualmente é impossível impedir completamente a transmissão do coronavírus.
"Nosso objetivo, globalmente, não é encontrar todos os casos e interromper todas as transmissões. Realmente isso não é possível agora. O que precisamos fazer é diminuir os níveis de transmissão, porque o vírus está circulando num nível intenso", acrescentou Van Kerkhove.
As medidas de zero covid da China foram criticadas por cientistas e cidadãos, em um momento em que a grande maioria das nações iniciou uma transição lenta para a vida pós-pandemia.
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!