Em Belo Horizonte, o frio intenso bateu recorde e o mês de maio foi considerado o mais frio dos últimos 43 anos. As baixas temperaturas favorecem quadros de hipotermia, especialmente entre os mais expostos, como as pessoas em situação de rua.
Em entrevista ao Estado de Minas, o clínico geral Luciano Lourenço explica o que é hipotermia, sintomas e formas de evitar. “Nós somos seres humanos, temos que manter a temperatura estável. Essa temperatura varia, normalmente, de 36 a 37 graus”, explica. Para a medicina, a partir de 35,9º já é possível encontrar alguns sinais de hipotermia, abaixo de 33ºC já é necessário um suporte médico.
“Quando perdemos calor em qualquer ambiente, este calor deve ser substituído. Para isso o corpo tem mecanismos para que essa perda de calor não aconteça de forma intensa”, pontua. Além do mecanismo natural do corpo, o uso de proteção - roupas de frio - colaboram significativamente para a manutenção do calor.
Após longas exposições sem a proteção adequada, os mecanismos começam a falhar e o corpo passa a entrar, gradativamente, em estado de hipotermia, explica o médico. “É possível observar naquele paciente arrepios, tremores involuntários, extremidades frias e com menos coloração”, complementa. Além destes sintomas, nota-se que a pessoa fica mais lenta.
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“A intenção dos tremores é gerar calor, junto a isso a pele fica fria e mais esbranquiçada, porque o que o corpo tenta tirar os sangue da periferia, que está muito gelada, para transportá-lo para uma parte mais quente e central do corpo”, observa.
Como evitar a hipotermia?
Em caso de pessoas em situação de rua - o grupo mais exposto ao frio - tornam-se necessárias políticas públicas direcionadas. Para aqueles que podem procurar abrigo, a recomendação é que se mantenham aquecidos e em locais fechados, com pouca circulação de vento.
“Se a temperatura estiver abaixo de 33º já é um quadro que precisa de ambiente intra hospitalar para reverter, mas antes disso é considerada leve a moderada. A recomendação é buscar abrigo e sair do vento”, reitera o médico. No vento, o fluxo do ar gelado impacta a sensação térmica.
“Vale ressaltar que o álcool é contraindicado, porque o organismo precisa estar em pleno funcionamento nesses casos e a bebida alcóolica pode afetar os mecanismos internos”, enfatiza. O ideal, segundo Luciano, é beber bebidas quentes como chás e sopas.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.