Hoje, dia 31 de maio, é o Dia Mundial Sem Tabaco. A data serve de alerta, não só para quem fuma, mas também para os riscos do cigarro para quem não fuma, o chamado fumante passivo, que é de extrema relevância, já que é afetado pela escolha do outro.
O perfil da fumaça que se difunde no ambiente tem concentrações maiores de nicotina e monóxido de carbono. Essa fumaça tem mais de 7 mil compostos químicos, sendo que 69 deles estão associados ao risco direto de câncer
Bráulio Nunes, oncologista clínico da Cetus Oncologia
O oncologista clínico da Cetus Oncologia, Bráulio Nunes, destaca os reais riscos para o fumante passivo: "O tabagismo passivo se caracteriza pelo ato de inalar a fumaça dos derivados do tabaco, que podem ser provenientes do cigarro, charuto, cachimbo ou outras formas de inalação por indivíduos não fumantes. O perfil da fumaça que se difunde no ambiente tem concentrações maiores de nicotina, monóxido de carbono, (este último capaz de penetrar na hemoglobina, dificultando, com isso, o transporte de oxigênio aos órgãos do organismo). Essa fumaça tem mais de sete mil compostos químicos, sendo que 69 deles estão associados ao risco direto de câncer."
Bráulio Nunes avisa que o fumante passivo tem risco aumentado de desenvolver processos agudos, como doenças respiratórias. "As crianças, por exemplo, podem apresentar, inclusive, otite média, o que pode levar a risco de morte. Mulheres grávidas, por sua vez, expostas ao tabagismo passivo, têm maior risco de má formação do feto, complicações relacionadas ao desenvolvimento fetal e até risco de óbito fetal."
Nesse contexto, alerta o oncologista, pacientes expostos de forma crônica apresentam risco de doenças crônicas pulmonares e também "maior risco de desenvolvimento de cânceres, sejam eles da cavidade oral, vias respiratórias superiores (nariz, nasofaringe, faringe e laringe) e vias respiratórias inferiores, além dos tumores atrelados às vias urinárias, como os de bexiga e rim".
Como o não fumante pode se proteger?
Bráulio Nunes explica que a estratégia para evitar a exposição à fumaça envolve a conscientização da população e também a instituição de leis específicas no sentido de coibir a exposição das pessoas ao cigarro. "Em 2014, por sinal, foi aprovada no Brasil uma lei federal que proíbe o tabagismo em locais de uso coletivo, públicos ou privados. Desde então, essa é tida como a principal estratégia para evitar a exposição de outras pessoas ao cigarro e à fumaça distribuída ao ambiente."
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O oncologista destaca que não há há uma quantificação específica dessa exposição que seja considerada segura ou que proteja o tabagista passivo.
"Mesmo uma exposição discreta em ambientes fechados pode ser o gatilho para algum evento agudo relacionado à hipersensibilidade à fumaça do cigarro, além de desencadear doenças respiratórias. A estratégia mais eficaz que eles (os fumantes passivos) têm para se protegerem é evitar frequentar ambientes fechados em que haja o consumo de derivados do tabaco de forma deliberada", recomenda Bráulio Nunes.
"Mesmo uma exposição discreta em ambientes fechados pode ser o gatilho para algum evento agudo relacionado à hipersensibilidade à fumaça do cigarro, além de desencadear doenças respiratórias. A estratégia mais eficaz que eles (os fumantes passivos) têm para se protegerem é evitar frequentar ambientes fechados em que haja o consumo de derivados do tabaco de forma deliberada", recomenda Bráulio Nunes.
Quanto à febre do cigarro eletrônico, o vape, que já se espalha pelo Brasil, principalmente entre os jovens, Bráulio Nunes avisa: "Há dados que sugerem uma menor concentração de substâncias cancerígenas nas fumaças emitidas por cigarros eletrônicos, entretanto, não há nenhuma comprovação científica de que essa exposição seja realmente mais segura. Apesar das limitações dos conhecimentos atuais, a recomendação da comunidade médica é de que a exposição à fumaça dos cigarros eletrônicos também deve ser evitada".