O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Só em 2020, o país registrou 65.840 novos casos da doença, conforme Pesquisa da Estimativa de Câncer no Brasil do Instituto Nacional de Câncer (INCA), ficando também em segundo lugar entre os cânceres que mais matam, na margem de 15.841 casos. As chances de cura do câncer de próstata são bem maiores quando detectado em seu estágio inicial, por isso a importância de uma avaliação periódica.
Entre as formas de tratamento, a cirurgia robótica é uma boa indicação para evitar sequelas como a impotência sexual e a incontinência urinária, preocupação de muitos homenas depois da cura. Segundo o urologista e oncologista Bruno Benigno, se o cirurgião consegue preservar os nervos que passam fora da próstata, consegue evitar a impotência sexual.
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Estudo indica que COVID-19 pode infectar pênis, próstata e testículoUFMG cria app para monitorar saúde de homens após cirurgia na próstataHospital oferece exames gratuitos de detecção do câncer de próstata 'Cabeleireiro viu mancha e me alertou para câncer'Estaturas mais altas são ligadas a maior ocorrência de 127 doençasNa área urológica o tratamento do câncer de próstata representa 70% de todas as cirurgias robóticas realizadas. Os outros 30% se dividem entre as cirurgias de doenças no rim e bexiga. Bruno Benigno conta que realiza em torno de 80 a 100 cirurgias por ano. Segundo ele, no Brasi, são aproximadamente 90 mil homens que descobrem o câncer de próstata todos os anos, sendo que 70% não apresentam qualquer sintoma. "Desses homens somente 25% têm acesso a convênios, o equivalente a 22,5 mil homens. Porém, somente 20% farão a cirurgia robótica, cerca de 4 a 5 mil cirurgias na área urológica por ano, no Brasil", explica.
A falta de popularidade da cirurgia robótica é resultado de diversos fatores. Um deles é a exigência da aptidão aos urologistas para realizar esse tipo de procedimento. É necessário treinamento e certificação, mas, mesmo com a capacitação, nem sempre os médicos possuem acesso à tecnologia. No Brasil são cerca de 85 plataformas robóticas instaladas atualmente, como informa a Strattner, empresa responsável pela comercialização dos robôs no país. Porém, a distribuição é desigual - a maioria está concentrada no Sudeste, enquanto o Norte e Nordeste são as regiões menos assistidas com a disponibilidade do equipamento robótico.
Outro fator que contribui para os números ainda baixos da realização desse tipo de cirurgia é o custo, que varia entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. No serviço público existem alguns locais que realizam a cirurgia robótica, mas o uso é limitado e a demanda não é suprida.
Em outros países a situação é diferente. "Nos EUA, 95% das cirurgias já são feitas por robótica há mais de 10 anos. O próprio robô começou nesse país com a primeira cirurgia no ano 2000. Os médicos já são treinados diretamente para a cirurgia robótica e não com a técnica tradicional", diz Bruno Benigno. O urologista ainda acrescenta que na Europa o cenário varia conforme cada país. A realidade na Alemanha, por exemplo, é muito parecida com a americana e na França os números de cirurgia robótica ficam em cerca de 60% do total.
Apesar da cirurgia robótica ter representado um avanço para o tratamento, para amenizar os riscos e efeitos colaterais após a prostatectomia, o Brasil ainda carece de acesso à informação sobre o tema, principalmente quando o foco é a prevenção - 35% dos pacientes descobrem a doença já no estágio avançado ou com metástase. Em nações desenvolvidas, esses índices ficam entre 5% e 10%.