O frio chegou mais cedo em Minas, com termômetros marcando pouco mais de 3ºC em Patrocínio, no Alto Paranaíba, na segunda quinzena de maio. A onda de frio levanta uma série de questões, sendo uma delas a relação entre as bebidas alcoólicas e as baixas temperaturas.
A reportagem ouviu o médico Kaue Kranholdt, nutrólogo do Espaço Volpi, em São Paulo, para entender essa combinação e saber os principais efeitos das bebidas no organismo.
O médico explica que existe um equívoco geral de que o álcool esquenta o corpo e que pode facilitar o organismo a regular a temperatura, mas isso não ocorre.
Segundo Kaue, nosso organismo tende a fazer uma vasoconstrição periférica — que é um desvio sanguíneo de órgãos não prioritários — para controlar a temperatura e preservar, principalmente, a temperatura nos órgãos e nas áreas nobres do corpo. "Quando o álcool estimula essas vasodilatações periféricas, ele está atrapalhando nossa regulação geral do organismo", pontua Kaue.
Isso, segundo o nutrólogo, pode ser um risco, principalmente numa exposição prolongada ao frio ou até se envolver esforço físico. "De uma maneira geral, o aumento do consumo de álcool no tempo frio é mais comprometedor para a saúde, ele não ajuda a regular a temperatura e ainda pode induzir à desidratação por conta da pressão do ADH (hormônio antidiurético) que ele faz e no frio as pessoas tendem a ingerir menos água, então ele pode piorar mesmo o contexto de desidratação", explica.
Além disso, o especialista alerta para outras consequências das bebidas no corpo. "O álcool também influencia numa dificuldade do organismo de como fazer o controle do distúrbio ácido-base, induzido, principalmente, por esforço físico", pontua. Ele também pode causar distúrbios nas vias inflamatórias de cistotina e prostaglandina, pode comprometer a glicose e pode, eventualmente, comprometer a função cardiovascular, segundo Kaue.
"Ele (o álcool) é altamente calórico, considerando outros nutrientes da alimentação. Então, ele também vai atrapalhar uma boa dieta e o controle da composição corporal, porque também suprime a oxidação lipídica, que é a produção de energia a partir das reservas de gordura que o organismo tem", ressalta também.
Outros problemas
causados pelo álcool
O álcool também pode afetar o ganho de massa muscular, de acordo com Murilo Pires, personal do Studio Foco.
O profissional explica que os músculos dependem do colesterol para a produção de testosterona e que sem ela, o corpo não consegue manter, nem muito menos produzir, massa muscular. "Dentro da molécula de colesterol há uma vitamina chamada B3 (responsável pela conversão do colesterol em testosterona) e o álcool age destruindo essa vitamina, impedindo o desenvolvimento do músculo, além de destruí-lo", afirma.