Hoje, 7 de junho, é o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos (DMIA), que chega à sua quarta edição. Promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como objetivo chamar a atenção e inspirar ações para ajudar a prevenir, detectar e gerenciar riscos de origem alimentar, contribuindo para a segurança dos alimentos, saúde humana, prosperidade econômica, agricultura, acesso a mercados, turismo e desenvolvimento sustentável.
O tema deste ano é “Alimentação Segura, Melhor Saúde”. O acesso a alimentos seguros é essencial à saúde e para o bem-estar das pessoas, dos animais e do meio ambiente. E todos são responsáveis, já que há um papel para cada um do campo à mesa. E o tema está entre os 17 principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com dados da FAO, anualmente, uma em cada 10 pessoas no mundo adoece após consumir alimentos contaminados. A Fundação Ezequiel Dias (Funed) contribui para uma alimentação saudável por meio de várias práticas, dentre elas análises em alimentos e águas, que avaliam, por exemplo, o nível de contaminação por resíduos de agrotóxicos e até por metais pesados.
Comportamento da sociedade
A Funed também participa de um grupo de trabalho, coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que discute os contaminantes em alimentos.
Milton Cabral, analista e pesquisador do Serviço de Gerenciamento de Amostras da Funed, avisa que a responsabilidade para assegurar que a sociedade tenha acesso a alimentos seguros não é de uma pessoa ou instituição. "Cada pessoa tem um papel a desempenhar na cadeia de alimentos, seja cultivando, processando, transportando, armazenando, vendendo, comprando, preparando, ou servindo alimentos. Todos nós podemos assumir posturas para garantir a segurança na alimentação”.
O comportamento da sociedade e a forma como os sistemas alimentares e as cadeias de abastecimento de alimentos são construídas podem evitar que perigos químicos (contaminantes, toxinas, resíduos de medicamento veterinários, agrotóxicos), físico e biológicos (bactérias, vírus e parasitas), cheguem à mesa.
Leia também: Alimentação saudável: alimentos que parecem saudáveis, mas não são.
“A realização de mudanças sistemáticas, orientadas à melhorar a saúde, proporcionam alimentos mais seguros, que são considerados elementos essenciais para o desenvolvimento humano a longo prazo e pré-requisito para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, lembra Milton Cabral.
O comportamento da sociedade e a forma como os sistemas alimentares e as cadeias de abastecimento de alimentos são construídas podem evitar que perigos químicos (contaminantes, toxinas, resíduos de medicamento veterinários, agrotóxicos), físico e biológicos (bactérias, vírus e parasitas), cheguem à mesa.
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“A realização de mudanças sistemáticas, orientadas à melhorar a saúde, proporcionam alimentos mais seguros, que são considerados elementos essenciais para o desenvolvimento humano a longo prazo e pré-requisito para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, lembra Milton Cabral.
Cinco chaves para alimentos seguros
Individualmente, além de conhecer essa cadeia e exigir práticas mais seguras, os consumidores podem praticar a manipulação segura de alimentos em casam seguindo as cinco chaves para alimentos mais seguros, recomendadas pela OMS:
- Mantenha a limpeza.
- Separe alimentos crus dos cozidos.
- Cozinhe completamente os alimentos.
- Mantenha os alimentos a temperaturas seguras.
- Use água e matérias-primas seguras.
"Uma vez que a que a saúde é um bem coletivo, influenciada por diferentes culturas, é importante que ações de regulação (normas e orientações) sejam pensadas e trazidas à população com clareza”, ressalta Milton Cabral.
Mais de 200 doenças causadas pela ingestão de produtos contaminados
No Dia Mundial da Segurança dos Alimentos, também está em debate a urgência de mudança nos hábitos alimentares, priorizando vegetais, frutas e alimentos minimamente processados.
Levantamento da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) aponta que mais de 200 doenças são causadas pela ingestão de produtos contaminados com bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas (metais pesados).
Por esse motivo, os organizadores do evento, instituições ligadas à FAO, destacam em um guia orientativo, a responsabilidade de cada ente da sociedade, no sentido de promover uma alimentação segura para toda a sociedade, confira:
1 - Governos:
- Promovam a colaboração multissetorial.
- Programas de apoio público devem focar em alimentos saudáveis e seguros.
- Projetem políticas sólidas e pratiquem uma gestão adequada.
2 - Empresas de alimentos:
- Acompanhem os compromissos relacionados à segurança dos alimentos.
- Promovam a cultura de segurança dos alimentos.
- Cumpram as normas alimentares internacionais.
3 - Instituições de ensino e locais de trabalho:
- Apoiem a educação em segurança dos alimentos.
- Promovam a manipulação segura dos alimentos.
- Envolvam as famílias.
4 - Consumidores:
- Mantenham-se informados e promovam a segurança dos alimentos
- Pratiquem a manipulação segura de alimentos em casaE uma forma de se informar é buscar conhecimento em cursos como os do Senac EAD, onde profissionais do setor de alimentação têm a oportunidade de aperfeiçoarem os conhecimentos em cursos livres e de extensão universitária, além de especializações focadas na segurança dos alimentos.
Em outrubro, nova rotulagem dos alimentos
Uma outra ferramenta para buscar a segurança alimentar está em saber o que se come, principalmente quando se trata de produtos industrializados. Portanto, é preciso que estar em alerta porque a partir de outubro de 2022 o consumidor brasileiro irá se deparar com uma nova rotulagem na parte frontal das embalagens de alimentos. É quando entram em vigor a RDC 429/2020 e a IN 75/2020, ambas publicadas em 2020, mas que somente neste ano começam a valer em todo o país.
Uma das mudanças previstas nas legislações é o novo modelo de rotulagem nutricional frontal aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no qual estabelece a inserção de selo frontal com um símbolo de lupa informando sobre o alto teor de açúcares adicionados (maior ou igual a 15g), sódio (maior ou igual a 600 mg) e gorduras saturadas (maior ou igual a 6g) - valores de referência por nutriente (a cada 100g).
O principal objetivo da mudança é garantir mais transparência e informação para o consumidor sobre os alimentos consumidos. Mesmo depois de outubro, ainda vai ser possível encontrar no mercado produtos sem a nova rotulagem nutricional. Isso porque alimentos que já se encontram no mercado têm mais 12 meses para se adequarem. Além disso, produtos fabricados até o final do prazo de adequação poderão ser comercializados até o fim do seu prazo de validade.
O Brasil não estabelece obrigatoriedade de declaração de alto teor de calorias, nem das gorduras trans na parte frontal das embalagens, como em outros países. Mas, por outro lado, é o único país da América Latina que atrelou as informações do rótulo frontal com as normas de rotulagem nutricional. Alguns países vizinhos, como o Uruguai, Chile, Colômbia, Peru, México, e, recentemente, Argentina, também adotaram a rotulagem frontal.
Quanto consumir de açúcar, sal e gordura?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, no máximo, 10% das calorias diárias sejam derivadas de açúcares, ou seja, para uma dieta de 2.000 calorias, essa taxa equivale a 50 gramas de açúcares por dia (ou 10 colheres de chá).
Já para o sódio a recomendação é de até 2.000 mg/dia, o que equivale a até 5 gramas de sal. No caso das gorduras, o consumo diário de gorduras totais na dieta deve ser inferior a 30% do valor energético total (VET).
Já para o sódio a recomendação é de até 2.000 mg/dia, o que equivale a até 5 gramas de sal. No caso das gorduras, o consumo diário de gorduras totais na dieta deve ser inferior a 30% do valor energético total (VET).
De acordo com a Visanco, consultoria técnica em assuntos regulatórios, as novas normas de rotulagem vão exigir das empresas um planejamento estratégico para lidar com as diferentes mudanças dentro do prazo estabelecido para a adequação.
“As empresas fabricantes de ingredientes e aditivos destinados ao processamento industrial B2B (business to business) também precisarão se adequar no mesmo prazo dos produtos B2C (business to consumer) e isso representa um grande desafio, pois as informações nutricionais dos produtos B2B são essenciais para as empresas B2C compreenderem a contribuição nutricional dos ingredientes nos seus produtos. Portanto, mesmo que as normas entrem em vigor apenas em outubro deste ano, a adequação já deve ser planejada por todos os setores”, alerta Domênica Maioli, gerente técnica da área de alimentos da Visanco.