Em meio às comemorações dos 125 anos de Belo Horizonte, a cidade ganhou um presente emblemático. Na Barragem Santa Lúcia, localizada na região Centro-Sul, destaca-se a Casa da Fazendinha, o imóvel mais antigo da cidade, que após três anos de restauração, foi reaberto ao público no dia 17 de dezembro de 2022. Vamos conhecer mais sobre ela e como está hoje em dia.
O resgate das memórias
A Casa da Fazendinha não é apenas uma construção antiga; é uma verdadeira cápsula do tempo que guarda o passado vibrante de Belo Horizonte. Erguida em 1894, antes mesmo da fundação da cidade em 1897, esta construção preserva a memória da antiga Fazenda do Capão e da Colônia Agrícola Afonso Pena.
Antes de se tornar a grande cidade que conhecemos atualmente, o território de Belo Horizonte era dominado por fazendas e áreas de cultivo. A trajetória desta residência tem suas raízes na Fazenda do Capão, que em 1894 era propriedade de Ilídio Ferreira da Luz. Com a desapropriação da fazenda para a construção da nova capital, ela integrou a Colônia Agrícola Afonso Pena. Pesquisas indicam que a mansão foi construída entre 1900 e 1919.
Ao longo dos anos, o imóvel teve diversos proprietários, incluindo a matriarca Dona Izabel e sua família, que se dedicaram à sua conservação. O tombamento como patrimônio de Belo Horizonte ocorreu em 1992, um movimento impulsionado pelos moradores da Barragem Santa Lúcia.
A comunidade via o potencial do espaço e desejava transformá-lo em um centro cultural, com biblioteca e áreas para atividades educacionais.
Os desafios e o reconhecimento
A trajetória da Casa da Fazendinha não foi isenta de desafios. A prefeitura desapropriou o imóvel da família Gonçalves de Carvalho, uma ação que permanece em controvérsias judiciais. Porém, em meio às adversidades, a Casa da Fazendinha emergiu como símbolo de resistência e determinação.
Muitos moradores, incluindo Nil César, diretor e fundador da Casa do Beco, lutaram pela integridade do imóvel e pelo reconhecimento de sua importância cultural e histórica.
A nova era cultural
Após intensos trabalhos de restauração, iniciados em 2019 e concluídos em novembro de 2022, o casarão ressurgiu como um local dedicado à cultura e ao conhecimento. A cerimônia de abertura teve a participação do prefeito Fuad Noman e foi caracterizada pela mostra "Da fazenda ao casarão: caminhos de conservação", que enaltece a vasta trajetória histórica do lugar e enfatiza o procedimento de patrimônio e revitalização.
Sob a direção da Associação Cultural Casa do Beco, a Casa da Fazendinha tem o objetivo de se transformar em um centro cultural dinâmico. Contando com telecentros de última geração e um ambiente versátil para a realização de eventos, workshops e cursos, o casarão aspira a ser mais do que uma relíquia histórica; almeja ser um manancial de estímulo e desenvolvimento para as gerações futuras.
Além de abrigar eventos musicais, artísticos e performances, a Casa da Fazendinha também irá destacar a história da Casa do Beco e seu impacto na comunidade local. Esta organização, que nasceu do trabalho artístico do Grupo do Beco em 1995, é um reflexo da resiliência e da paixão dos moradores pela cultura e pela história.
Em síntese, a Casa da Fazendinha é mais do que um monumento. É um testamento da determinação de uma cidade e de sua gente, um espaço onde o passado se encontra com o presente e onde a cultura tem a oportunidade de florescer e inspirar.