O risco de sobrepeso é quase duas vezes maior em crianças de 5 anos de idade caso, aos 12 meses, elas tiverem consumido bebidas lácteas diariamente, segundo alerta estudo publicado na revista Acta Paediatrica. “As bebidas lácteas não são ruins, o problema é como são usadas. Isto é, quando não são consideradas uma refeição, mas uma forma de suplementar alimentos, como cereais”, diz Bernt Alm, professor de pediatria na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e autor do trabalho.
Alm já havia vinculado o consumo de bebidas lácteas com cereais aos 6 meses de idade a um índice de massa corporal (IMC) alto em crianças com 12 a 18 meses. O estudo, agora, focou no mesmo grupo de crianças, vários anos depois. A pesquisa acompanhou 1.870 meninos e meninas em Halland County, na Suécia, cujas informações foram retiradas do Halland Health and Growth Study, um estudo epidemiológico nacional. Os dados de altura e peso foram registrados pelos serviços de saúde infantil, enquanto as informações sobre a ingestão de alimentos e bebidas foram fornecidas pelos pais.
Entre as crianças de 5 anos, 11,6% estavam com sobrepeso e 2,3%, tinham obesidade. O risco dobrou caso elas tivessem consumido diariamente bebidas lácteas com cereais aos 12 meses de idade. Quando os pais tinham baixo nível educacional, fumavam e apresentavam histórico de obesidade na família, essa probabilidade aumentava. Na Suécia, as crianças geralmente tomam leite com cereal de uma a cinco vezes ao dia, a partir dos 6 meses de idade. No estudo de Alm, 85% delas eram consumidoras diárias aos 12 meses.
FATORES DE RISCO As bebidas feitas com leite e cereal são nutricionalmente semelhantes ao mingau e, geralmente, enriquecidas com vitaminas e minerais. “Bebidas lácteas são nutritivas e boas e são usadas há centenas de anos. Livrar-se delas não é a solução. Mas se, por exemplo, a criança tiver outros fatores de risco para o excesso de peso, como hereditariedade, talvez seja importante considerar cortá-las do cardápio”, orienta o pediatra.