Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

Transfusão de plasma convalescente é segura em pacientes graves da COVID-19


Cientistas deram mais um passo em direção à cura da COVID-19. Um estudo da Mayo Clinic, organização americana de pesquisas clínicas, aponta que o plasma convalescente é seguro para pacientes em estado grave da doença. Para chegar a essa conclusão, a clínica realizou transfusão de plasma convelescente em 5 mil hospitalizados.



O tratamento consiste em aplicar o plasma do sangue de pessoas que que testaram positivo e se curaram do novo coronavírus em pessoas que se encontram em estado grave da doença. A ideia levantada por cientistas é de que o sangue do doador tem a presença de anticorpos para a COVID-19 e, portanto, ao absorver esse sangue, o organismo do doente desenvolveria os mesmos agentes, combatendo o vírus.    

No entanto, ao levantar essa hipótese, os pesquisadores precisavam verificar se essa prática não apresentava risco aos pacientes. Foi justamente isso que o cientistas à frente da pesquisa da Mayo Clinic fizeram. 

O relatório avaliou os primeiros sete dias após o recebimento da transfusão em 5 mil pacientes hospitalizados com COVID-19 em estado grave ou risco de vida, ou aqueles considerados com alto risco de desenvolver o quadro grave da doença ou sofrer risco de morte. Desses, 66% cento dos pacientes estavam em uma UTI e quase 20% apresentavam o diagnóstico de disfunção ou falência múltipla de órgãos. Os pacientes receberam o plasma entre 3 de abril e 3 de maio e a incidência de mortalidade em sete dias foi de 14,9% 

Segundo os observadores, uma incidência de mortalidade de 14,9 por cento nessa quantidade de pacientes em sete dias indica “ausência de sinais de toxicidade além do esperado no uso do plasma em pacientes gravemente doentes”. A pesquisa ainda destaca que os relatos de eventos adversos graves relacionados à transfusão de plasma foram inferiores a 1%.

Agora, os próximos passos serão coletar e revisar mais dados de segurança e continuar os estudos para determinar a eficácia da intervenção. Nesse momento, o plasma convalescente é a única terapia baseada em anticorpos disponível para COVID-19.




Ressalvas

É importante destacar que a pesquisa apenas comprovou a segurança da transfusão de plasma convalescente e que o tratamento não gera risco aos pacientes. No entanto, isso não significa ainda que o tratamento seja realmente adequado para o combate à COVID-19.

A pesquisa não possui um braço de controle (por exemplo, um grupo de pacientes que não recebe intervenção médica) para comparação. No entanto, dada a natureza mortal da COVID-19 e a grande população de pacientes em estado crítico incluídos no estudo, a taxa de mortalidade não parece exagerada, afirmam os pesquisadores.

“Esse é apenas o começo do processo da elaboração do relatório”, disse Michael Joyner, M.D., líder do programa de acesso expandido da Mayo Clinic. “Estamos otimistas, mas devemos nos manter objetivos ao avaliar a quantidade cada vez maior de dados dos pacientes.”

Além da Mayo Clinic, participam da iniciativa outras 40 instituições. O programa de plasma convalescente na Mayo Clinic nasceu de uma iniciativa norte-americana de médicos e pesquisadores de 40 instituições, como a Johns Hopkins University, Washington University, Albert Einstein College of Medicine, Icahn School of Medicine do Mount Sinai Hospital e Michigan State University. 

*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa