Em meados de março, quando o coronavírus ainda não havia chegado com força às Américas, duas variantes do Sars-CoV-2 estavam circulando. As mutações, chamadas G614 e D614, tinham apenas uma pequena diferença na proteína spike, a maquinaria viral que os coronavírus usam para entrar e se reproduzir nas células hospedeiras.
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Segundo estudo, novo coronavírus circula no Brasil desde novembroMacacos conseguem enfrentar segundo contato com o coronavírus, aponta pesquisaNúmero de pessoas com anticorpos contra coronavírus intriga cientistasA pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Duke, do Laboratório Nacional Los Alamos e do Instituto La Jolla (LJI), todos na Califórnia, foi publicada na revista Cell. “Estamos focados na resposta imune humana, porque a LJI é a sede do Consórcio de Imunoterapia com Coronavírus (CoVIC), uma colaboração global para entender e avançar os tratamentos de anticorpos contra o vírus”, diz a professora Erica Ollmann Saphire, que lidera o CoVIC.
A cientista explica que os vírus adquirem mutações regularmente para ajudá-los a “escapar” dos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico humano. Quando o micro-organismo adquire muitas dessas alterações individuais, afasta-se do vírus original. Os pesquisadores chamam esse fenômeno de desvio antigênico.
A deriva antigênica é parte do motivo pelo qual é preciso uma nova vacina contra a gripe a cada ano. Durante a pesquisa, Saphire colaborou com Bette Korber, pesquisadora do Laboratório Nacional Los Alamos (LANL), autora sênior do estudo. Korber e a equipe desenvolveram ferramentas para rastrear mutações do Sars-CoV-2 em todo o mundo.
O rastreamento mostrou que, embora os vírus G e D se espalhem amplamente pelo globo, o G foi a variante dominante em meados de março.
Resposta imune
Enquanto isso, Saphire e o coautor David Montefiore, Ph.D. do Duke University Medical Center, lideraram a pesquisa sobre a resposta imune a essas variantes. Eles determinaram que os vírus portadores de spike com a mutação G cresceram duas a três vezes mais eficientemente. Os cientistas usaram amostras de seis moradores de San Diego para testar como os anticorpos humanos neutralizavam as variantes D e G.
Os experimentos mostraram que a resposta imune humana pode neutralizar o novo vírus G tão ou melhor do que o D (versão original do micro-organismo). Isso significa que o sistema imunológico não precisa produzir mais anticorpos ou substâncias mais fortes contra a variante, embora ela tenha mais sucesso na disseminação.
A descoberta está de acordo com o que os médicos observaram em pacientes com COVID-19. “Os dados clínicos desse artigo da Universidade de Sheffield mostraram que, embora os pacientes com o novo vírus G tenham mais cópias virais do que os infectados com D, não houve um aumento correspondente na gravidade da doença”, diz Saphire.
Korber acrescenta: “Essas descobertas sugerem que a forma mais nova do vírus pode ser transmitida mais rapidamente do que a original — independentemente de essa conclusão ser ou não confirmada, ela destaca o valor do que já eram boas ideias: usar máscaras e manter o distanciamento social”.
A descoberta está de acordo com o que os médicos observaram em pacientes com COVID-19. “Os dados clínicos desse artigo da Universidade de Sheffield mostraram que, embora os pacientes com o novo vírus G tenham mais cópias virais do que os infectados com D, não houve um aumento correspondente na gravidade da doença”, diz Saphire.
Korber acrescenta: “Essas descobertas sugerem que a forma mais nova do vírus pode ser transmitida mais rapidamente do que a original — independentemente de essa conclusão ser ou não confirmada, ela destaca o valor do que já eram boas ideias: usar máscaras e manter o distanciamento social”.
Saphire diz que o novo coronavírus pode ser bem-sucedido em sua disseminação porque muitos pacientes foram infectados com uma versão branda do vírus e tiveram poucos ou nenhum sintoma. “O vírus não ‘quer’ ser mais letal. Ele ‘quer’ ser mais transmissível”, explica.
“Um vírus ‘quer’ que você o ajude a espalhar cópias de si mesmo. Ele ‘quer’ que você vá para o trabalho, reuniões escolares e sociais e o transmita a novos hospedeiros. Um vírus sobrevivente é aquele que se espalha mais e com mais eficiência. Um micro-organismo que mata seu hospedeiro rapidamente não chega tão longe — pense nos casos de ebola. Já aquele que deixa seu hospedeiro continuar a viver normalmente se disseminará melhor. É o caso do que causa o resfriado comum.”
“Um vírus ‘quer’ que você o ajude a espalhar cópias de si mesmo. Ele ‘quer’ que você vá para o trabalho, reuniões escolares e sociais e o transmita a novos hospedeiros. Um vírus sobrevivente é aquele que se espalha mais e com mais eficiência. Um micro-organismo que mata seu hospedeiro rapidamente não chega tão longe — pense nos casos de ebola. Já aquele que deixa seu hospedeiro continuar a viver normalmente se disseminará melhor. É o caso do que causa o resfriado comum.”