Em 1969, as televisões ainda eram em preto e branco, e foi naqueles caixotes com imagens pouco nítidas que o mundo testemunhou um fato que, mais de meio século depois, ainda fascina a humanidade. Ao pousar na Lua, o homem mostrou que não há limites para a curiosidade científica.
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Nasa promete revolucionar o estudo do espaço com supertelescópioMulheres sofrem mais com o isolamento do que os homensCOVID-19: o que é verdade e o que é fake sobre as vacinas contra a doençaRinoceronte da Era do Gelo é recuperado com órgãos intactos na RússiaComo pensam os brasileiros na lista de cientistas mais influentes do mundoA última missão Apollo ocorreu nos anos 1970 e, durante muito tempo, ninguém mais falou em voltar à Lua. Até que, em 2019, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) anunciou os planos de retornar ao satélite em 2024, fazer experimentos mais sofisticados e erguer os alicerces de uma estação exploratória que será ponto de partida para futuras missões tripuladas a Marte. “Pela primeira vez desde a década de 1970, há um cronograma realista para as pessoas andarem novamente na Lua”, comemora Pat Noris, ex-funcionário da Nasa e autor do livro Returning people to the moon after Apollo: will it be another fifty years? (Levando pessoas de volta à Lua após Apollo: serão mais 50 anos?, sem tradução no Brasil).
Noris, que trabalhou em diversos projetos na Nasa, incluindo o Apollo, explica que, há meio século, os interesses em explorar o satélite eram bem menos científicos que hoje. “A decisão de maio de 1961 de enviar homens à Lua foi tomada por motivos políticos estratégicos da Guerra Fria. A motivação principal não era o avanço da ciência ou a exploração do universo”, diz.
Parcerias
Agora, as coisas parecem um pouco diferentes. Embora a própria Nasa informe, em seu site, que o retorno ao satélite é importante para demonstrar a superioridade da tecnologia espacial dos EUA, a missão Artemis — que leva esse nome em referência à deusa grega irmã de Apollo — tem diversos objetivos científicos, incluindo a pavimentação da futura exploração do Planeta Vermelho (leia mais nesta página) . “A Lua possui um vasto potencial científico e os astronautas vão nos ajudar a acessar essa ciência”, diz Thomas Zurbuchen, administrador do Diretório de Missão Científica da Nasa. Entre as prioridades da equipe está a investigação de recursos potenciais do pólo sul do satélite, onde a base lunar deverá ser montada até o fim da década.
Outra diferença da era Apollo é que não se trata mais de uma missão solitária. Embora Artemis seja liderada pela Nasa, parceiros internacionais, como Japão, Canadá e alguns países europeus, participam da nova empreitada. Companhias privadas, também: a multinacional finlandesa Nokia, por exemplo, anunciou recentemente que implantará um sistema de telecomunicações na Lua. Por fim, entre os 18 astronautas anunciados para a missão, nove são mulheres — nas viagens lunares anteriores, apenas homens foram escalados.
Seis dias para a exploração
A missão Artemis começa ainda em 2021, quando será testado o novo foguete pesado SLS, com a cápsula Orion, sem humanos a bordo. A Artemisa 2 levará astronautas para a órbita da Lua em 2023, mas sem pousar no satélite natural da Terra. Por fim, Artemisa 3 enviará dois astronautas ao solo lunar, incluindo a primeira mulher, em 2024.
A Nasa estabeleceu sete objetivos científicos para a Artemisa 3, como a compreensão dos processos planetários e a origem da matéria volátil dos polos da Lua. Para tanto, os dois astronautas que caminharem no satélite deverão trazer para a Terra 85kg de amostras de materiais diversos, extraídos da superfície e do subsolo, conforme a recomendação de um extenso relatório da Nasa, que enumera as operações científicas a serem realizadas, o que deverá ocorrer em 2024. Os tripulantes só terão seis dias e meio para a exploração.
Os autores do informe encomendado pela agência querem melhorar as condições de trabalho dos astronautas, com relação às missões Apolo, especialmente para ajudá-los a selecionar as amostras mais interessantes. Diferentemente da última viagem à Lua, em 1972, nenhum geólogo fará parte da tripulação.
Comunicação por vídeo
Portanto, os especialistas incentivam a Nasa a fornecer um link de comunicação de vídeo em alta velocidade para que os astronautas possam receber o apoio de uma equipe de cientistas na Terra. Também pedem à agência que desenvolva dispositivos científicos mais leves e capazes de realizar várias medições ao mesmo tempo, com a finalidade de que caibam no módulo de aterrissagem que está para ser construído. Há três projetos de empresas privadas em disputa e a Nasa ainda não selecionou o contrato.
Tudo isso servirá para a construção do campo base de Artemisa, previsto para o fim da década. Para isso, o próximo presidente americano, Joe Biden, e o Congresso terão de concordar em liberar as dezenas de bilhões de dólares necessárias para o projeto.