Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) apontaram um potencial preventivo e terapêutico de uma proteína contra a COVID-19. A alfa-1-antitripsina (A1AT) já é conhecida pela comunidade científica e por profissionais da saúde, sendo, inclusive, utilizada em pacientes HIV positivos ou como fator protetivo contra infecções virais. Os docentes agora identificaram resultados promissores também contra o novo coronavírus.
O estudo foi publicado na revista norte-americana Reviews in Medical Virology. “Quando surgiu a COVID-19, nos debruçamos no estudo dos possíveis mecanismos fisiopatológicos. Verificamos que duas das principais proteinases envolvidas tanto na entrada do vírus na célula como em mecanismos patogênicos desencadeados após infecção poderiam ser alvos da A1AT”, explicou Enrique Argañaraz, doutor em virologia molecular e professor do Departamento de Farmácia da UnB.
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Defensores da ciência: conheça quem foi destaque na área no ano da COVID-19Mochila que monitora o cérebro ajudará no estudo de males como a epilepsiaCOVID-19: o que é verdade e o que é fake sobre as vacinas contra a doençaCoautor do estudo, o professor Gustavo Argañaraz destaca que a alfa-1-antitripsina tem o potencial de beneficiar especialmente pacientes cujo quadro clínico tende a um desfecho pior da COVID-19.
“Em pacientes com desfecho clínico agravado, tem ocorrido a famosa tempestade de citocinas, que é uma resposta inflamatória exacerbada apontada como uma das causas da síndrome respiratória e da falência múltipla de órgãos. Nesse contexto, a A1AT é um elemento fundamental por estar relacionada à inibição das citocinas inflamatórias”, detalha.
O estudo foi elaborado com a ajuda de estudantes da universidade, a partir de revisão científica que engloba os resultados de pesquisa da UnB sobre a A1AT em trabalhos anteriores e as descobertas sobre o Sars-Cov2 publicadas pela comunidade científica internacional nos últimos meses.
“O desfecho clínico da COVID-19 foi melhor em pacientes cuja concentração de A1AT em relação à IL6 aumentava ao longo do quadro. Já nos casos em que a concentração de IL6 prevalecia, o desfecho clínico foi pior, inclusive com maior índice de mortalidade”, menciona Mariana de Loyola, graduanda em Farmácia e coautora da pesquisa.
*Com informações da UnB