Pacientes acometidos por doenças neurodegenerativas que causam demência, como Alzheimer e Parkinson, têm até seis vezes mais riscos de sofrer agravamentos e morrer por COVID-19. O alto índice é relativo a pessoas acima de 80 anos, mas para os mais jovens, o novo coronavírus pode potencializar os riscos em três vezes. As conclusões fazem parte de um estudo brasileiro publicado na quarta-feira (21/4), no jornal acadêmico norte americano Alzheimer’s&Dementia.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan, em parceria com colegas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Os pesquisadores verificaram que as causas de demência, por si só, são fatores de risco, sobretudo em pacientes com doença de Alzheimer. Não só para a COVID-19, doenças neurodegenerativas também podem estar associadas à suscetibilidade de outras comorbidades, como doenças cardiovasculares e respiratórias, hipertensão, câncer e diabetes.
"Há algum fator, ainda não identificado, que aumenta a predisposição de pacientes nessa condição a evoluir para um quadro mais grave e falecer em decorrência da COVID-19", disse o professor do Instituto de Química da USP e coordenador do projeto, Sérgio Verjovski.
Para fazer as análises, os responsáveis usaram informações do banco de dados de teste positivo ou negativo para o coronavírus, cadastrados entre março e agosto de 2020 no UK Biobank, sistema que monitora britânicos desde 2006 e, por isso, possui o histórico clínico de mais de 500 mil pessoas, facilitando as comparações.
Por meio de análise estatística, os resultados apontaram que todas as causas de demência foram fatores de risco para gravidade e morte de pacientes hospitalizados, independentemente da idade. "Os resultados do nosso trabalho indicam que é necessário dar uma atenção especial a esses pacientes ao serem internados", afirmou Verjovski, à Fapesp. Aos pacientes com Alzheimer foi verificado um potencial de agravamento três vezes maior, após a internação, ao comparar com pacientes que não possuem a doença. Para pessoas acima de 80 anos, esse agravamento, no entanto, foi dobrado: até seis vezes maior.
Uma das sugestões apresentadas para explicar o resultado é o fato das doenças neurodegenerativas também impactaram no envelhecimento do sistema imunológico, dificultando à resposta contra a covid-19. Outra hipótese é a vulnerabilidade que o Alzheimer causa no sistema nervoso central e que pode estar facilitando que a covid-19 invada a região.
O estudo, agora, continua para tentar verificar estas hipóteses e entender de que forma esses riscos se dão. Para isso, o grupo vai analisar o genoma de pacientes com doenças neurodegenerativas. O objetivo, segundo Verjovski, é "identificar quais genes estão mutados e que podem estar implicados no aumento do risco de pessoas com doença de Alzheimer evoluírem para quadros graves e morrerem por COVID-19".
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O que é um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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