O aguardado relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos a respeito de óvnis (objetos voadores não identificados) tem decepcionado uma parcela da comunidade que acompanha esses fenômenos por não trazer respostas conclusivas.
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"É um relatório decepcionante. Muitos suspeitamos que há mais acontecendo do que estamos a par", disse à BBC Madhu Thangavelu, especialista em design de projetos espaciais da Escola de Arquitetura da Universidade do Sul da Califórnia. "Esses objetos não são alucinações de nossos pilotos profissionais, que são treinados para observar."
Embora ressalte que é muito difícil saber se esses objetos são, de fato, extraterrestres, o que chama a atenção dos cientistas é que eles se comportam de modo inexplicável segundo a física, da forma como nós, humanos, a entendemos e aplicamos.
"Eles (objetos) mostram dinâmicas de voo e física que não compreendemos, que não usamos em nossas tecnologias", afirma o especialista.
Além da compreensão
Um exemplo, diz ele, é o avistamento de corpos esféricos, de comprimento igual nas três dimensões (ou corpos rombudos) voando em alta velocidade.
"Nossas tecnologias não nos permitem fazer voar veículos de corpos rombudos, que não são aerodinâmicos em alta velocidade, em manobras rápidas ou em mudanças de velocidade", explica Thangavelu.
A ex-piloto Alex Dietrich é um dos profissionais americanos que dizem ter avistado um óvni durante um voo no Oceano Pacífico — e esse objeto também era de física incompreensível, segundo ela.
"Ele viajava de modo muito rápido e errático", contou à BBC. "Não conseguíamos prever para qual lado ele viraria, não entendíamos como ele conseguia manobrar do jeito que manobrava, nem seu sistema de propulsão, que não deixava rastros."
O objeto, segundo ela, se parecia a uma balinha tic-tac, com seu formato alongado. "Fiquei confusa, não conseguia classificá-lo ou explicar a física por trás dele", diz Dietrich.
Mudança cultural
A investigação do Pentágono foi exigida pelo Congresso dos Estados Unidos depois que, assim como Dietrich, militares relataram vários episódios de observação de óvnis se movendo de forma errática pelo céu. Também houve pressão do público em geral para que tais fenômenos fossem investigados.
O Pentágono criou uma força-tarefa com profissionais especializados em fenômenos aéreos em agosto do ano passado para examinar os registros das observações.
O trabalho do grupo era "detectar, analisar e catalogar" esses eventos, bem como "obter informações" sobre a "natureza e origens" dos óvnis, segundo o Pentágono.
A liberação dessas informações também está alinhada com uma mudança cultural, com militares e políticos passando do ceticismo para a curiosidade sobre esses objetos voadores.
'Faltam informações'
O relatório preliminar divulgado em junho diz que a maioria dos 144 casos relatados de "fenômenos aéreos não identificados" ocorreram nos últimos dois anos, depois que os militares implementaram um mecanismo de notificação padronizado.
Em 143 dos 144 casos notificados, faltam "informações suficientes para atribuir explicações específicas aos incidentes".
O relatório diz ainda que não há "indícios de que haja uma explicação extraterrestre" para os fenômenos, mas essa alternativa não é desconsiderada por completo. Os óvnis "provavelmente carecem de uma única explicação", diz o relatório.
Alguns podem ser aeronaves de outros países, como China ou Rússia. Outros podem ser fenômenos atmosféricos naturais, como cristais de gelo que os sistemas de radar detectaram. O relatório também sugere que alguns podem ser "atribuídos ao desenvolvimento secreto de projetos" de instituições governamentais americanas.
O único caso para o qual eles conseguiram encontrar uma explicação altamente confiável foi de "um grande balão vazio".
Desafio à segurança nacional
O relatório diz ainda que os óvnis representam "um claro problema de segurança de voo e podem representar um desafio para a segurança nacional dos Estados Unidos."
A força-tarefa está agora "procurando novas maneiras de aumentar a compilação" dos dados, acrescentando que um orçamento adicional poderia ser usado %u200B%u200Bpara "estudar mais as dúvidas levantadas pelo relatório".
Para Madhu Thangavelu, à medida que os telescópios se tornam mais sensíveis e elaborados, "vemos (mais) sinais de coisas vivas" na observação espacial.
Ele cita a previsão de cientistas da Nasa, a agência espacial americana, de que, nos próximos anos ou décadas, teremos conseguido encontrar vida em outras partes do Universo e sugere que os Estados Unidos colaborem com outros países, inclusive rivais como Rússia e China, nessa jornada, formando "comunidades globais" de estudo.
Em 2015, a então cientista-chefe da agência, Ellen Stofan, afirmou que "teremos fortes indicativos de vida além da Terra em uma década (ou seja, até 2025), e acho que teremos evidências definitivas dentro de 20 ou 30 anos".
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