Mais uma pesquisa científica mostra que o uso de hidroxicloroquina não gera benefícios a pacientes com COVID-19. O trabalho foi feito por cientistas noruegueses, que avaliaram um grupo de mais de 100 pacientes hospitalizados com a enfermidade. Os especialistas observaram que a administração do medicamento antimalárico e da droga antiviral remdesivir não provocaram melhoras nos indivíduos tratados. Os dados foram apresentados na última edição da revista especializada Annals of Internal Medicine.
O trabalho faz parte do projeto Solidarity, que é liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem como foco a busca por medicamentos para combater a COVID-19. Na pesquisa, especialistas do Hospital Universitário de Oslo e alguns colaboradores designaram, aleatoriamente, 181 pacientes hospitalizados pelo novo coronavírus em 23 hospitais do país europeu. Parte do grupo recebeu o medicamento remdesivir (42 dos participantes), outra parcela hidroxicloroquina (52) e o restante (87) passou apenas pelo atendimento padrão, com medicamentos que controlam os sintomas da infecção pelo Sars-CoV-2.
Nas análises, os pesquisadores não encontraram diferenças significativas entre os grupos. "Resolvemos avaliar o grau de insuficiência respiratória e inflamação e também a depuração viral na orofaringe. Vimos que nenhum dos medicamentos causou alterações nos dois primeiros. Houve apenas uma diminuição significativa na carga de Sars-CoV-2 na orofaringe durante a primeira semana, mas isso foi registrado em todos os grupos", explicaram os autores do estudo, que foi liderado por Anders Bayer. A equipe observa que mais pesquisas podem ser feitas, a fim de avaliar outros dados ligados à COVID-19, como a mortalidade. Também indicam a realização da sondagem em outros países.
Para Luciano Lourenço, clínico geral e chefe da Emergência do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, os dados observados, em conjunto com os resultados de pesquisas anteriores, ajudam a provar que alguns medicamentos, como a cloroquina, não são a melhor opção para tratar pacientes com COVID-19. "Temos já mais de um ano de estudos sobre essa enfermidade, e as pesquisas caminham, agora, pelo mesmo rumo. Temos mais clareza de que drogas ainda podemos apostar e testar, enquanto outras precisam ser descartadas. E esse é um caminho que sempre temos que percorrer quando temos uma enfermidade nova. Testar até conseguir uma opção válida."
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