Jornal Estado de Minas

ALERTA

ONU alerta: temperatura média do planeta pode subir 2,7º neste século

A dois meses da COP26, a conferência sobre mudanças climáticas organizada pelas Nações Unidas, o mundo segue um curso "catastrófico, que provocará um aumento na temperatura média de 2,7º até o fim do século". O alerta foi do secretário-geral da ONU, António Guterres, diante da proximidade do evento, que começa em 1º de novembro, em Glasgow, no Reino Unido. Segundo um relatório recente elaborado por um painel de especialistas, a comunidade internacional se comprometeu a combater as emissões de gases de efeito estufa, porém o que está sendo feito "vai na direção errada".





"Embora haja uma clara tendência para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao longo do tempo, os países devem redobrar seus esforços com urgência", solicita o relatório, que avalia os compromissos dos 191 países que assinaram o Acordo de Paris sobre o Clima, em 2015. O conjunto é preocupante, diz o texto. Do total de nações signatárias, apenas 113, que representam 49% das emissões de GEE, atualizaram seus compromissos nacionais até 30 de julho, conforme estipulado nos prazos acordados.

O relatório prevê que as emissões desse grupo, que inclui Estados Unidos e União Europeia (UE), "diminuirão 12% até 2030, em comparação com 2010". "É uma luz de esperança", nas palavras da secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Patricia Espinosa. Ela ressalta, porém, que as contribuições de todos os 191 países, em seu conjunto, "implicam um aumento considerável das emissões globais de GEE em 2030, em comparação a 2010, de em torno de 16%". China e Rússia não atualizaram seus compromissos, criticou uma organização não governamental que analisou o relatório da ONU, a Climate Action Tracker.

Segundo o grupo de especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) citado pela ONU, "a menos que sejam tomadas medidas imediatas, (esse aumento nas emissões) pode provocar um aumento da temperatura em torno de 2,7ºC até o fim do século". Isso, lembrou Guterres, significa quebrar a promessa feita, há seis anos, na capital francesa, de buscar a meta de 1,5ºC preferencialmente e, no máximo, 2ºC, tendo em comparação o século 19. "O fracasso em cumprir essa meta resultará na perda em massa de vidas", alertou o secretário-geral.





Pandemia

A atual crise sanitária da COVID-19 desorganizou a agenda e os compromissos de todos os países. E criou confusão sobre as conclusões dos próprios especialistas. Após a primeira onda de restrições, que afetou bilhões de pessoas, eles asseguravam que as emissões de GEE haviam diminuído. Porém, não demorou para que elas aumentassem novamente.

"Precisamos que todas as nações contribuam", pediu Patricia Espinosa, em entrevista coletiva. "E os países em desenvolvimento precisam de ajuda, e urgente", insistiu. Em 2009, os países ricos se comprometeram que, até 2020, repassariam, anualmente, US$ 100 bilhões aos em desenvolvimento, para que estes se adaptassem ao impacto da mudança climática, reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa.

A promessa não cumprida tem sido motivo de críticas recorrentes dos países pobres, as primeiras vítimas dos impactos do aquecimento do planeta, e ameaça ser um tema polêmico na COP26. A ajuda pública e privada das nações da OCDE (38, no total) foi de US$ 79,6 bilhões em 2019, o último ano com dados disponíveis, em comparação a US$ 78,3 bilhões no ano anterior. Faltam, portanto, mais de US$ 20 bilhões para cumprir os compromissos de Copenhague. E a taxa de crescimento da ajuda, em termos anuais, continua diminuindo, reconhece a OCDE.

Os números para a suposta data-limite (2020) devem estar disponíveis somente em 2022. O impacto da pandemia da covid-19 deve ser significativo. Por região, a Ásia ficou com 43% do financiamento, seguida da África, com 26%. América Latina e o Caribe ficaram em terceiro lugar, com 17%. "Chegou a hora de cumprir as promessas, e a COP-26 é o lugar para conseguir isso", convocou Patricia Espinosa. "Podemos mudar o curso da história para melhor", afirmou o novo presidente da COP-26, Alok Sharma.




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