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Estado de Minas 'POR CONTA PRÓPRIA'

O raro caso de argentina que se livrou do HIV sem tratamento e que anima cientistas

Células imunológicas de paciente parecem ter eliminado vírus sem medicamentos ou terapia


17/11/2021 08:03 - atualizado 17/11/2021 09:56


Amostras de sangue no laboratório
Células imunológicas de paciente parecem ter eliminado vírus sem medicamentos ou terapia (foto: Getty Images)

Uma mulher da Argentina parece ter se livrado do HIV sem drogas ou tratamento — o segundo caso documentado desse tipo no mundo.

Os médicos acreditam que o sistema imunológico da paciente eliminou o vírus por conta própria.

Testes em mais de 1 bilhão de suas células não encontraram nenhum traço viável da infecção, segundo a revista científica Archives of Internal Medicine.

Se esse processo fosse capaz de ser controlado, poderia oferecer uma maneira de eliminar ou curar efetivamente o HIV, dizem os especialistas.

Eliminando o HIV

As descobertas são mais uma prova de que algumas pessoas nascem com resistência natural ao HIV. Alguns têm genes que evitam a infecção.

Outros — incluindo "a paciente Esperanza", que deseja permanecer anônima — parecem contrair, mas depois erradicam o vírus.

Mas a maioria das pessoas com HIV precisa de terapia antirretroviral (TARV) para o restante da vida.

Se elas pararem de tomar essas drogas, o vírus dormente pode despertar e causar problemas novamente.

Nos últimos anos, entretanto, houve relatos de "controladores de elite" que podem suprimir o vírus, com ajuda, mas sem medicação para o HIV.

Essas pessoas continuam tendo o diagnóstico positivo para o vírus, mas não realizam tratamento para controlar sua carga viral, que é indetectável. Portanto, não podem infectar outras.

Adam Castillejo, de Londres, conseguiu parar de tomar seus comprimidos diários para o HIV depois de receber um tratamento com células-tronco de um doador para um câncer que ele também tinha.

Suas células infectadas pelo HIV foram eliminadas e substituídas durante a terapia do câncer.

E, felizmente, seu doador fazia parte do minúsculo grupo de 1% das pessoas que nasceram com genes que impedem o HIV de entrar e infectar as células.

Não está claro quanto tempo essa vantagem pode durar para Castillejo, no entanto.

'Cura esterilizante'

Mas a paciente Esperanza não teve HIV detectável por mais de oito anos.

Loreen Willenberg, de San Francisco, nos Estados Unidos, também parece estar funcionalmente curada do HIV por seu próprio sistema imunológico.

E isso oferece esperança de uma "cura esterilizante" para outros pacientes.

O responsável pelo estudo, Xu Yu, do Instituto Ragon do Hospital Geral de Massachusetts, ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e da Universidade de Harvard, nos EUA, disse: "Pode haver um caminho prático para uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria".

"Estamos agora observando a possibilidade de induzir este tipo de imunidade em pessoas em TARV (terapia antirretroviral), por meio da vacinação, com o objetivo de educar seus sistemas imunológicos para serem capazes de controlar o vírus sem TARV."

'Infecção abortiva'

O professor John Frater, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, disse à BBC News que embora seja quase impossível dizer se alguém foi realmente curado do HIV, os pesquisadores fizeram "tudo o que poderia ser pedido a eles com a tecnologia atual" para provar isso.

"A questão chave é se esta paciente realmente se curou ou, por outro lado, teve alguma forma de infecção abortiva, que tentou progredir, mas foi eliminada precocemente", disse ele.

"Seu sistema imunológico mostra claramente uma lembrança de ter sido infectado, então não parece haver dúvida de que ela contraiu o vírus."

"Apesar de tudo, pode haver pacientes semelhantes por aí, e ainda há muito a se aprender na busca pela cura do HIV."

A professora Sarah Fidler, especialista em medicina de HIV na Universidade Imperial College London, disse que o trabalho contribui com as terapias imunológicas atualmente em desenvolvimento.

Mas Andrew Freedman, da Escola de Medicina da Universidade de Cardiff, no País de Gales, disse que os medicamentos atuais para o HIV são extremamente eficazes e, embora olhar para os tratamentos futuros seja importante, melhorar o acesso à terapia antirretroviral em todo o mundo é uma prioridade urgente.

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