Fósseis coletados este ano no ambiente marinho dos estados do Pará e do Tocantins foram depositados no início dessa semana no Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), bairro rural de Uberaba.
O geólogo do CCCP, Luiz Carlos Borges Ribeiro, contou que todos os fósseis resgatados estão inseridos no contexto geológico da Bacia Sedimentar do Parnaíba, em especial provenientes da Formação Pimenteiras, que retrata um paleoambiente marinho datado do período Devoniano, com idade aproximada de 400 milhões de anos.
“Os achados paleontológicos mais recorrentes nesta formação geológica são atribuídos a invertebrados, como trilobitas, ostracodes, braquiópodos, biválvios, gastrópodos, conulariídeos, tentaculídeos, hiolitídeos e escolecodontes, podendo ainda conter peixes e restos vegetais.
No empreendimento em questão, foram identificados braquiópodes diversos (animais com uma concha composta de duas valvas desiguais), biválvios (espécie de molusco) e icnofósseis; esses representam as atividades comportamentais dos organismos, como locomoção, alimentação e habitação”, informou Francisco Macedo Neto, paleontólogo da empresa Geopac.
Segundo informações da UFTM de Uberaba, todos esses fósseis deverão ser inseridos na coleção do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis CCCP/PROEXT/UFTM. Depois de tombados nesta coleção serão avaliados por especialistas para se ter uma melhor percepção de suas relevâncias científicas.
“Caso algo inédito apareça, poderá ser objeto de publicação científica e divulgação nas exposições do Museu dos Dinossauros do CCCP, promovendo o Geoturismo e, por conseguinte, implementando as ações de consolidação do Geossítio Peirópolis do Projeto Geopark Uberaba – terra de gigantes, no qual a UFTM está entre as quatro instituições gestoras”, complementou a nota.
Segundo a diretora do CCCP, Stela Mariana de Morais, o local recebeu os fósseis na última terça-feira (30/11) dentro do Programa de Resgate e Conservação do Patrimônio Paleontológico, provenientes das Linhas de Transmissão 500kv Xingu - Serra Pelada; Serra Pelada - Miracema; Serra Pelada - Itacaiúnas; Subestação Serra Pelada e ampliações das subestações Xingu, Miracema e Itacaiúnas, localizado nos estados do Pará e Tocantins, executado pela empresa de paleontologia GeoPac Consultoria Ambiental, por meio de técnicos em paleontologia, que foram coordenados pelo especialista Paulo César Silva Macedo, como parte de um processo legal previsto pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) para proteção do patrimônio paleontológico nacional.