O dia interminável do verão austral na Antártica profunda foi interrompido na madrugada de sábado (4/12) por um pouco mais de uma hora de escuridão causada por um eclipse total do sol.
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Às 04h00, no horário de Brasília, a Lua começou a esconder a esfera do Sol, para atingir a totalidade - o momento de ocultação absoluta da esfera da estrela - às 04h33, por um minuto e 54 segundos no ponto de duração máxima e a sombra da Lua projetada na Terra fez a noite no meio do continente congelado.
O eclipse terminou às 05h06 após uma hora e seis minutos do seu início.
O único ponto de visualização internacional nas profundezas da Antártica está localizado na base do Glaciar Union, 1.000 km ao norte do Polo Sul e 2.000 km ao sul das bases internacionais na Antártica - na Ilha Rei Jorge - e a 3.000 km de Punta Arenas, a cidade mais austral do Chile no continente.
Nesse local, apenas cientistas americanos, a NASA, pesquisadores chilenos e alguns turistas - que pagaram US$ 40 mil pela viagem a uma empresa de turismo de aventura - foram testemunhas em todo o planeta que observarão ao vivo o eclipse total, enquanto o tempo permitir.
"Está muito claro", disse à AFP Raúl Cordero, acadêmico da Universidade de Santiago do Chile (USACH). Nesse ponto, o eclipse total durou 46 segundos.
O cientista lembra que a base, inaugurada pelo Chile em 2014, apenas tem algumas tendas ou barracas no meio de um deserto gelado a -15 graus Celsius, cercado pelas montanhas Elsword que impedem a chegada dos ventos extremos que percorrem interior do território antártico.
A instalação - administrada pelas Forças Armadas do Chile - compartilha o local com o acampamento da empresa privada americana Antarctic Logistics & Expeditions LLC, que opera o campo de aviação onde os aviões da Força Aérea do Chile pousam para transporte logístico e de pessoal.
Os cientistas do USACH ali estacionados ainda vão analisar as mudanças abruptas que ocorrem em meio a este fenômeno astronômico.
Cordero afirma que vão medir como a escuridão absoluta ao longo da faixa de totalidade gera ou não mudanças nas proporções do ozônio, já que este composto químico é um parâmetro importante nesta área, onde o buraco na camada de ozônio é mais perceptível do que em qualquer outro lugar do planeta.
A escuridão ou a queda repentina das temperaturas são elementos desse "distúrbio" causado pela sombra da Lua projetada na superfície da Terra que só pode ser medida durante os eclipses.
O último eclipse que pôde ser visto da Antártica ocorreu em 23 de novembro de 2003 e não se poderá ver outro até 2039.
O Chile testemunhou um eclipse solar total em 14 de dezembro de 2020 e 2 de julho de 2019.