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Estado de Minas PANDEMIA

Mortes por COVID-19 podem ser três vezes superiores a números oficiais

Estudo publicado na revista científica Lancet diz que números foram estimados na Índia, nos EUA, na Rússia, no México, no Brasil, na Indonésia e no Paquistão


11/03/2022 13:37 - atualizado 11/03/2022 13:48

Professora é testada para COVID-19 em cidade na Tailândia
Estudo mostrando discrepância nas estatísticas foi publicado nesta sexta-feira, na revista científica Lancet (foto: Tuwaedaniya MERINGING / AFP)
Desde que a COVID-19 foi identificada, em dezembro de 2019, mais de 18 milhões de pessoas morreram devido à doença. O número de vítimas da infecção provocada pelo SARS-CoV-2 é três vezes superior ao que indicam os números oficiais. A conclusão conta de estudo publicado nesta sexta-feira (11/3) na revista científica Lancet.

Até 31 de dezembro de 2021, a COVID-19 causou a morte a 18,2 milhões de pessoas em todo o mundo, mais que o triplo dos dados notificados pelos governos e as autoridades de saúde, diz a pesquisa.

"Embora o número de mortes por COVID-19 registradas entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 seja de 5,94 milhões em todo o mundo, estima-se que tenham morrido 18,2 milhões de pessoas (com intervalo de incerteza de 95% entre 17,1 e 19,6) nesse período", diz o artigo, feito em colaboração internacional entre 97 cientistas de 20 instituições. 



Segundo o texto, as taxas de mortes em excesso variaram amplamente entre regiões, embora o número de óbitos resultantes da pandemia tenha sido muito maior, particularmente no Sul da Ásia e na África Subsaariana. 

"Estima-se que o excesso de mortalidade seja de 120 mortes por 100 mil habitantes no mundo e que 21 países tenham taxas de mais de 300 mortes em excesso por 100 mil habitantes", adianta o estudo.

Em nível nacional, "os números mais altos de excesso de mortes cumulativas devido à COVID-19 foram estimados na Índia, nos Estados Unidos, na Rússia, no México, Brasil, na Indonésia e no Paquistão. Só esses sete países podem ter sido responsáveis por mais de metade das mortes em nível mundial durante esse período de 24 meses".

As maiores taxas estimadas de mortes foram registradas na América Latina (512 por 100 mil habitantes), Europa Oriental (345), Europa Central (316), África Subsaariana do Sul (309) e América Latina Central (274). Por outro lado, os dados publicados indicam que alguns países tiveram menos mortes do que o esperado, com base nas tendências em anos anteriores. São os casos da Islândia (48 mortes a menos por 100 mil), Austrália (38 mortes) e Singapura (16).

Morte por COVID-19 

A análise foi feita com base em dados de 191 países sobre "óbitos excedentes", ou seja, a quantidade de mortes que teriam ocorrido entre 2020 e 2021, comparada com o número previsto.

Para criar parâmetro de comparação, os cientistas estabeleceram como base os dados de mortalidade dos 11 anos anteriores à pandemia, sem contar com eventos como guerras e situações semelhantes.

"O impacto total da pandemia foi muito maior do que o indicado pelos registros de mortes devido apenas à COVID-19", afirmam os autores da pesquisa, acrescentando que os sistemas de notificação de mortes no mundo precisam melhorar. o que é "fundamental para uma estratégia global de saúde pública".

Para os pesquisadores, serão necessárias mais investigações para distinguir a proporção de excesso de mortalidade causada diretamente pela infecção pelo SARS-CoV-2 e as causas de mortes em consequência indireta da pandemia.

"Entender o verdadeiro número de mortes é vital para uma decisão eficaz em saúde pública. Estudos de vários países, incluindo a Suécia e os Países Baixos, sugerem que a COVID-19 foi a causa direta da maioria das mortes em excesso, mas atualmente não temos dados suficientes sobre a maioria dos locais", adiantou Haidong Wang, do Institute for Health Metrics and Evaluation e autor principal do estudo.

A COVID-19 provocou pelo menos 6, 011 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo balanço da agência France Presse.


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