Um estudo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira (6/4), descreve processo de inflamação por contaminação do coronavírus, marca mais um ponto para a vacina e mostra que se imunizar pegando a doença é um risco.
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A fagocitose é o reconhecimento e destruição de organismos prejudiciais. Neste caso, o organismo elimina suas próprias células de defesa infectadas, os monócitos, para combater a disseminação do vírus. O vírus pode até ser neutralizado, mas o organismo também se prejudica no processo.
Ao fagocitar o Sars-CoV-2, os monócitos ativam seus inflamassomas, complexos de proteínas que causam a morte dos monócitos infectados. Esse processo, denominado piroptose, lança sinalizadores de perigo e o organismo começa a produzir novas células de defesa, causando uma inflamação em cadeia.
“Os monócitos em piroptose estouram e liberam componentes que dão sinais de perigo ao organismo. Com isso, o sistema de defesa recruta outras células e, quanto mais recruta, mais inflamação vai ocorrendo. Ou seja, os monócitos conseguem agir abortivamente, de forma a impedir a replicação do vírus, mas isso ocorre por meio do processo de piroptose, que causa uma imunopatologia, que é quando a defesa é prejudicial ao organismo hospedeiro. Isso porque as células que morreram causam uma tempestade de citocinas, gerando mais inflamação”, explica a pesquisadora Caroline Junqueira, coordenadora do estudo.
Importância da vacinação
Estudos anteriores já apontavam que a estrutura do anticorpo produzido pela vacina não era o mesma do anticorpo gerado pela contaminação. Agora, fica confirmado que o anticorpo afucosilado é gerado somente pela infecção e que nenhuma das vacinas contra a COVID-19 induz a sua produção.
O resultado da pesquisa, além de abrir a perspectivas para os tratamentos da COVID-19, marca mais um ponto a favor da vacinação.
“Muitas pessoas pensam que é bom pegar a COVID-19 para se tornar imune. A questão é que, nesse caso, a pessoa vai correr o risco de ter uma inflamação sistêmica. Com a vacina, não tem essa possibilidade. Ou seja, a infecção gera anticorpos maléficos, e a vacina produz anticorpos benéficos”, destaca a pesquisadora.